Alguns economistas renomados, entre eles o vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2013, Robert Shiller, preveem uma
bolha imobiliária no Brasil em breve, o que, segundo eles, é algo extremamente preocupante. No entanto, Richard Rytenband, economista e especialista em investimentos e métodos quantitativos, enxerga isto como uma oportunidade para os investidores.
O especialista, ao contrário do Nobel, não vê a chance de que ocorra uma bolha no país, mas, de acordo com ele, se isso acontecer, não será uma catástrofe. “Se houver uma bolha, o investidor pode se aproveitar da situação para se dar bem. O estouro de uma bolha imobiliária é uma oportunidade para o investidor se alavancar muito”, afirmou.
O especialista, ao contrário do Nobel, não vê a chance de que ocorra uma bolha no país (Getty Images)
A maior oportunidade neste caso é para quem ainda não investe em imóveis , afinal, não irá sofrer perdas com as desvalorizações e ainda poderá se aproveitar da baixa dos preços para comprar imóveis que se valorizarão futuramente. Para isso, será necessário ter liquidez, ou seja, dinheiro disponível em caixa para aproveitar possíveis barganhas que possam surgir em uma situação como esta.
Quem já investe no setor logicamente perderia dinheiro em caso de uma bolha, mas poderia amenizar as perdas e também procurar oportunidades. "Se um grande investidor tem uma boa quantidade de imóveis, ocorrer uma bolha e metade dos locatários der o calote, a outra metade vai continuar pagando e, com a queda dos preços, o investidor pode usar o aluguel dos que ficaram para comprar mais imóveis. Os novos imóveis vão se valorizar em algum tempo e irão cobrir a perda anterior que houve com os inadimplentes”, explicou o economista.
É válido lembrar que essa estratégia é para o longo prazo, pois inicialmente o investidor que possui imóveis irá ser prejudicado com a bolha e precisará de um bom tempo para se recuperar. No entanto, se ele souber se aproveitar da queda dos preços, em alguns anos poderá sair da bolha com mais dinheiro do que entrou, mas isso levará tempo, paciência e exigirá um amplo conhecimento sobre o mercado.
Como nasce uma bolha De acordo com Shiller , uma bolha é algo contagiante, que nasce da percepção das pessoas que é fácil ganhar dinheiro com algo. “Este entusiasmo é alimentado pela mídia, que ajuda a inflar a bolha. Todo mundo penda sobre os tópicos da moda e ninguém quer saber sobre o que não está em foco”, explicou.
Ainda segundo ele, as pessoas reagem com emoções, não conseguem ficar de fora quando entendem que é fácil ganhar dinheiro de alguma forma. “Imagine se não houvesse psicologia nesse processo todo, se todo mundo tivesse expectativas racionais. “O problema é que isso não existe. As pessoas acham que as coisas são estáveis e não vão se dar conta de que os preços podem cair até eles caírem”, completou.
Estudo diz que não há evidências de bolha no Brasil Apesar de Shiller afirmar que os imóveis mais que dobraram de preço no Rio de Janeiro e em São Paulo nos últimos cinco anos, um estudo da Bain & Company , intitulado “Risco de bolha ou motor de crescimento?” chegou à conclusão de que não há evidências de bolha imobiliária no Brasil. O levantamento comparou o Brasil com sete países que sofreram com com uma crise imobiliário: Alemanha, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Irlanda, Portugal e Reino Unido. A constatação final do estudo, após a comparação, foi de que há pontos de atenção, mas não existe formação de bolha.
Ainda de acordo com a pesquisa, os principais pontos de atenção são o nível atual de comprometimento de renda, que vem se aproximando de uma zona mais crítica, e a valorização dos imóveis, cujos preços cresceram com o dobro da velocidade do crescimento da renda familiar. “Ainda assim, a dimensão de bolha que poderia se formar seria pequena, dado o peso relativamente baixo do preço dos imóveis quando comparado com a renda anual familiar e a baixa penetração de crédito imobiliário como percentual do PIB”, afirmou Rodolfo Spielmann, sócio da companhia e autor da pesquisa.
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