quinta-feira, 31 de outubro de 2013

A eutanásia de recém-nascidos na Holanda abre nova fase na luta contra o aborto (Valores Inegociáveis)


Mathias von Gersdorff 
Sem dúvida foi chocante e indignante a notícia sobre a planejada legalização da matança de recém-nascidos doentes na Holanda. A introdução da eutanásia para neonatos está abrindo uma fase completamente nova na luta pelo direito à vida.

A partir de agora será possível matar recém-nascidos, evidentemente sem a sua anuência.

A matança de neonatos não é nenhuma invenção dos tempos modernos. Já era praticada entre os povos pagãos. Somente com o advento do Cristianismo é que houve uma mudança de consciência e cessou essa prática tão inumana, injusta e cruel como o aborto.

Assim, a introdução legal da eutanásia para recém-nascidos documenta não apenas a decrescente influência que o cristianismo exerce em nossos dias, mas também para onde se dirige a nossa sociedade em razão do desaparecimento da influência cristã. Ela está voltando, em sua decadência, à barbárie e ao paganismo.

Essa notícia, por mais assustadora que seja, não surgiu de modo inesperado. Como já foi largamente descrito, o diagnóstico pré-natal (DPN) — isto é, a investigação médica da criança no útero materno — calcula a possibilidade da ocorrência de doenças genéticas ou outras quaisquer no nascituro.

Na prática, trata-se de verificar principalmente se existe no feto a ocorrência de trisonomia 13, 18 ou 21 (síndrome de Down ou mongolismo), portanto as derivações genéticas mais frequentes. Cerca de 90% das crianças com a síndrome de Down são abortadas depois de tais controles médicos.

Em via de regra o crime do aborto é a perspectiva mais iminente num diagnóstico pré-natal, uma vez que apenas numa parte cada vez menor dos casos é possível fazer operações ou empregar terapias efetivas. Assim, via de regra, o objetivo visado pelo diagnóstico pré-natal e pelos testes genéticos é claramente a seleção de crianças com defeitos físicos.

É importante saber que os diferentes processos de diagnósticos pré-natais (DPN) só podem fornecer uma probabilidade sobre a existência de doenças e de modo algum uma certeza absoluta. Deste modo são mortas até mesmo crianças sadias (e doentes sobrevivem).

Posto que muitos desses abortos são feitos tardiamente — sendo por isso chamados de abortos tardios —, muita gente apela pura e simplesmente para o infanticídio: “De fato seria melhor deixar que a criança viesse ao mundo de modo natural para então matá-la, se ela estiver realmente doente. Neste caso se teria absoluta segurança sobre o estado de sua saúde e os médicos evitariam o risco de serem responsabilizados”. 

Do aborto à eutanásia de recém-nascidos 

Na Alemanha, por ocasião da revisão do parágrafo 218 do Código Penal — que tratava da penalidade aplicável a uma mulher que praticasse o aborto — no início dos anos 90, sob o nome de “indicação embriopática”, foi introduzida na legislação a respeito do aborto a “indicação eugênica” (§ 218 a do Código Penal), que desembocou depois na indicação “medicinal” ampliada. Essa indicação médica permite abortos até pouco antes do nascimento caso haja perigo para a saúde da mãe. Porém, isso é mera teoria. 

Na prática, o simples risco de nascer uma criança seriamente defeituosa (os testes genéticos e o diagnóstico pré-natal não dão uma certeza de 100%) já é considerado como um peso psíquico de tal maneira grande para a mãe, que não se pode impedi-la de abortar. Isso, por sua vez, é o pressuposto legal que alimenta o grande desenvolvimento do diagnóstico pré-natal e dos testes genéticos. A medicina pré-natal é hoje em dia um segmento econômico com forte crescimento. A esse ponto chegamos!

Essas considerações não são novas. Iberto Giubilini e Francesca Minerva, dois acadêmicos que exercem suas atividades em Melbourne (Austrália), argumentam na revista especializada de medicina "Journal of Medical Ethics" que do ponto de vista lógico deveria ser permitido matar recém-nascidos cujo estado de saúde corporal ou mental justificasse um aborto do ponto de vista legal. É um reconhecimento de que aborto e infanticídio se equivalem.

Esta colaboração científica de ambos no "Journal of Medical Ethics" sobre a valoração moral do assassinato de crianças, tal como se faz com o feto no aborto, provocou uma onda de indignação no mundo inteiro. Os autores colocam no mesmo nível o “status” moral do assassinato de um recém-nascido e o de um feto. A ambos — ao feto e ao recém-nascido — faltariam, segundo Giubilini e Minerva, as capacidades que justificam o reconhecimento de um direito à vida.

Nossa preocupação não deve restringir-se à situação na Holanda, pois na Alemanha já foram também estabelecidas as condições prévias para a prática da eutanásia em recém-nascidos...

Também na Alemanha vai se colocar a pergunta: Para que fazer testes caríssimos e extremamente estressantes para a futura mãe? Se a criança pode ser morta um minuto antes de seu nascimento natural, por que então não poderia alguns minutos depois do nascimento, quando se pode constatar claramente seu estado de saúde?

Aqui fica evidente uma coisa: a legalização do aborto representou o rompimento de um dique que nos conduz de uma catástrofe moral a outra. As soluções de compromisso não conseguem sustar este processo. A propósito da vida é preciso manter o que o cristianismo ensinou desde o início: Não é possível fazer compromissos!

A completa proibição do aborto deve continuar a ser o objetivo da luta em prol do direito à vida.

Os médicos e os beagles (POR OLAVO DE CARVALHO)

Leilah e Cherry
Todo mundo tem alguma opinião sobre o caso do Instituto Royal. Eu não tenho nenhuma. Vejo nele, no entanto, uma amostra didaticamente clara do quanto os debates correntes na vida diária, hoje em dia, são ecos meio inconscientes de conflitos internos do movimento revolucionário mundial.
Entrar numa discussão sem saber qual a origem histórica das ideias que defendemos e atacamos é a melhor maneira de fortalecer ou debilitar correntes ideológico-políticas que desconhecemos. Assim ajudamos a produzir resultados  que, se deles tivéssemos antecipadamente alguma consciência, talvez nos parecessem horríveis.
Nesses confrontos de opinião, cada um acredita piamente falar em nome de puros valores universais, em si mesmos inquestionáveis. No caso em questão, é o  dever de piedade para com os animais contra o dever médico de salvar vidas humanas.
Acontece que, colocada assim, a questão só pode ser decidida pela adesão aos “direitos dos animais”, tal como formulados pelo filósofo Peter Singer, ou pela proclamação da prioridade absoluta da autoridade científica.
Os valores que legitimam os argumentos são, em si mesmos, universais e abstratos, mas as escolhas práticas incumbidas de traduzi-los em ações no mundo real não são nem abstratas nem universais: são propostas ideológicas nascidas dentro do movimento revolucionário em duas épocas distintas do seu desenvolvimento.
Você pode argumentar em nome de valores puros, mas, sem saber, está pondo lenha na fogueira em que a mentalidade revolucionária vem queimando o mundo há mais de dois séculos.
Até os tempos de Luís XIV pelo menos, os médicos eram funcionários subalternos como os cozinheiros, os adestradores de cavalos e os pintores (mesmo ilustres como Velásquez ou Michelangelo).
Foi a Revolução Francesa que, na esteira do Iluminismo, fez deles uma classe de sábios e como que sacerdotes, investidos de um papel de relevo no guiamento moral da espécie humana. 
O positivismo de Augusto Comte – cujos netos e bisnetos ainda andam pelo mundo, sob nomes diversos – completou o rito de sagração mediante a idéia da "política científica", segundo a qual o mundo só teria paz quando as decisões políticas fossem tomadas racionalmente por uma elite científica, eliminado todo direito às divergências subjetivas e às "razões do coração" (o melhor livro que conheço a respeito é Régénérer l’Espèce Humaine. Utopie Médicale et Lumières, do historiador Xavier Martin, Paris, 2008).
A partir de então, muitas questões de natureza filosófica e religiosa foram transferidas para a alçada da classe médico-científica, que, naturalmente, fazia abstração dos seus aspectos mais problemáticos e sutis, reduzindo tudo aos parâmetros do seu método especializado e, em última análise, à distinção do "normal" e do "patológico". 
Até hoje, no entanto, essa dupla de conceitos é alvo de dissensões ferozes, contrastando com a nitidez pacífica da antiga distinção religiosa entre vícios e virtudes, que, nominalmente, ela veio substituir pela racionalidade de conceitos "claros e distintos".
Por exemplo, o homossexualismo é normal ou é doença? O gayzismo tem hoje o prestígio de uma causa revolucionária, mas houve um tempo em que o profeta mesmo da "liberação sexual", o psiquiatra alemão Wilhelm Reich, via nas práticas homossexuais uma perversão típica da sociedade capitalista, destinada a desaparecer da face da Terra tão logo a energia sexual fosse liberada da repressão burguesa e todos fossem felizes para sempre no paraíso heterossexual socialista.
A transferência da autoridade moral para a classe científica resultou na dissolução de inúmeros conceitos científicos na massa amorfa de infindáveis debates ideológicos mais confusos e mais insolúveis do que qualquer disputa  teológica do século13.
O direito ao uso praticamente ilimitado de animais na experimentação científica é algo que teria escandalizado um escolástico da Idade Média – para não mencionar os franciscanos, que conversavam com passarinhos; mas, no século 19, isso pareceu inteiramente normal, porque era simplesmente um passo a mais na progressiva concentração revolucionária do poder nas mãos de uma elite iluminada, e incumbida de "regenerar a espécie humana".
Não demorou muito para que, corroída pelo debate científico, a antiga noção bíblica do homem como imagem de Deus cedesse lugar à concepção da humanidade como uma simples espécie animal entre outras, tornando portanto aceitável a idéia de usar os próprios seres humanos como cobaias de laboratório ou de tratá-los com eletrochoques caso divergissem "patologicamente" da ideologia governamental.
O movimento revolucionário evolui, ao mesmo tempo, por expansão e por autonegação. O horror totalitário que ele próprio criou cedeu lugar, assim, ao discurso dos "direitos das minorias". Mas foi daí mesmo que, na fase seguinte do debate revolucionário, o professor Peter Singer tirou a conclusão de que devia condenar como delito de "especismo" a prioridade dos direitos humanos sobre os "direitos dos animais" e proclamar que é mais justo, num experimento científico, sacrificar antes um bebê mongolóide do que um macaco-prego inteligente.
Eis aí o pano-de-fundo ideológico sobre o qual se desenrola, sem esperança de solução, o debate entre os advogados dos Beagles e os defensores do Instituto Royal.
O mandamento cristão da piedade, aplicado com critério e inteligência, seria suficiente para dirimir todas as dúvidas e orientar o procedimento em cada caso concreto. Mas quem quer voltar a essas velharias em pleno século 21?

Publicado no Diário do Comércio.

Nota de Olavo de Carvalho publicada na Facebook:
Os ensaios do Peter Singer são uma coleção de platitudes que preparam o leitor para engolir, anestesiado, conclusões práticas absurdas. Evitar sofrimentos para os animais é uma exigência moral da qual ninguém discorda, em teoria, mas é evidente que, se proibirmos completamente a matança de animais de todo gênero, estes se multiplicarão até o nível de uma ameaça catastrófica, e então teremos de aceitar passivamente a extinção da espécie humana ou então introduzir o controle da natalidade animal, esterilizando bichos a granel e fazendo-os, portanto, sofrer, seja por dor física, seja pela simples privação da possibilidade de seguir seu desenvolvimento natural normal. Bastou, por exemplo, proibir a matança de lobos em alguns Estados americanos durante uns poucos anos, para que eles proliferassem e voltassem a constituir ameaça para os seres humanos. Se não é justo fazer nenhum animal sofrer, não se pode negar aos lobos e leões o direito que se dá às galinhas. Abrir uma exceção para os animais perigosos é regular o direito à vida animal pelo critério do interesse humano, caindo portanto no pecado de 'especismo' que se queria evitar. Por onde quer que se examine, a filosofia de Singer consiste em chegar a conclusões absurdas pela via do puro consequencialismo lógico alheio à experiência prática da vida. É uma filosofia para adolescentes irresponsáveis. 'Pereat mundus, fiat philosophia.'

A Banânia precisa de capitalismo e de individualismo genuíno* (ERD)





*Hayek

Há dois anos e meio, Diogo Mainardi enxergou o embuste durante a entrevista com Eike Batista: ‘Essas empresas são uma espécie de corrente de Santo Antônio da Bolsa de Valores. As empresas existem?(Augusto Nunes)

Em março de 2011, Eike Batista irrompeu no programa Manhattan Connection fantasiado de Oitavo Mais Rico do Mundo no Ranking da Forbes. Vacinado contra vigarices ainda no berço, o jornalista Diogo Mainardi recusou-se embarcar na tapeação. Aos 1:45 do vídeo, por exemplo, Mainardi solta um direto no queixo do entrevistado. “A gente tem a sensação de que essas empresas são uma espécie de corrente de Santo Antônio da Bolsa de Valores”, compara. “Essas empresas existem?” Dois anos e meio depois, está claro que só existiram no mundo virtual. Reveja outro grande e profético desempenho de Diogo Mainardi.

Os embusteiros.Ou:"Lula e Eike Batista nasceram um para o outro: os dois são vendedores de nuvens"(Augusto Nunes)

Nenhuma farsa dura para sempre, avisou em 23 de abril o post abaixo reproduzido, inspirado nas semelhanças que transformaram Eike Batista e Lula numa dupla muito afinada. Nesta quarta-feira, o império imaginário de Eike sucumbiu ao peso de uma dívida sem garantias que soma U$ 5,1 bilhões. “Pedido de recuperação judicial”, como o formulado pela petroleira OGX, é o nome do velho e inconfundível calote quando praticado por gente fina. A tapeação chegou ao fim. O candidato a empresário mais rico do mundo faliu. O ex-presidente continua empinando seus malabares. Mas está condenado a descobrir, não importa quando, que acabou a freguesia dos camelôs de palanque. Lula é Eike amanhã, previne o texto que se segue:
Lula é o Eike Batista da política. Eike é o Lula do empresariado. Um inventou o Brasil Maravilha. Só existe na papelada que registrou em cartório. Outro ergueu o Império do X. No  caso, X é igual a nada.
O pernambucano falastrão que inaugurava uma proeza por dia se elogia de meia em meia hora por ter feito o que não fez. O mineiro gabola que ganhava uma tonelada de dólares por minuto se louvou o tempo todo pelo que disse que faria e não fez.
O presidente incomparável prometeu para 2010 a transposição das águas do São Francisco. O rio segue dormindo no mesmo leito. O empreendedor sem similares adora gerúndios e só conjuga verbos no futuro. Estava fazendo um buquê de portos. Iria fazer coisas de que até Deus duvida. Não concluiu nem a reforma do Hotel Glória.
Lula se apresenta como o maior dos governantes desde Tomé de Souza sem ter concluído uma única obra visível. Eike entrou e saiu do ranking dos bilionários da revista Forbes sem que alguém conseguisse enxergar a cor do dinheiro.
Lula berrou em 2007 que a Petrobras tornara autossuficiente em petróleo o país que, graças às jazidas do pré-sal, logo estaria dando as cartas na OPEP. A estatal agora coleciona prejuízos e o Brasil importa combustível. Eike vivia enchendo milhões de barris com o mundaréu de jazidas que continuam enterradas no fundo do Atlântico.
Político de nascença, Lula agora enriquece como camelô de empresas privadas. Filho de um empresário admirável, Eike adiou à falência graças a empréstimos fabulosos do BNDES (com juros de mãe e prestações a perder de vista), parcerias com estatais (sempre prontas para financiar aliados do PT com o dinheiro dos pagadores de impostos) e adjutórios obscenos do governo federal.
Lula só poderia chegar ao coração do poder num lugar onde tanta gente confia nos eikes batistas. Eike só poderia ter posado de gênio dos negócios num país que acredita em lulas.
É natural que tenham viajado tantas vezes no mesmo jatinho. É natural que se tenham entendido tão bem. Nasceram um para o outro. Os dois são vendedores de nuvens.

O Brasil para deixar de ser a Banânia precisa de um choque de capitalismo.(ERD)


Mundo Moderno?!Santo Deus!!!! Ou:Pedofilia: uma orientação sexual? (R.Constantino)

Leio que a pedofilia foi reconhecida oficialmente pela American Psychiatric Association (APA) no último DSM como uma “orientação sexual” ou uma “preferência”, e não mais uma desordem. Mais uma bizarrice do mundo atual, pós-moderno, relativista moral, onde “vale tudo” e nada é “errado”.
Falei disso no meu livro Esquerda Caviar, antecipando que os “progressistas” ainda vão conseguir suavizar esse absurdo com o tempo. Alguém ainda duvida? Então não sabe com quem está lidando! Eis o trecho do livro:
O jornal britânico de esquerda, The Guardian, publicou um artigo no começo de 2013 chamado Paedophilia: bringing dark desires to light, em que até mesmo a pedofilia é tratada como algo quase normal. O jornal deu espaço para Sarah Goode, da Universidade de Winchester, expor sua opinião de que um em cada cinco adultos são capazes, em certo grau, de ser sexualmente despertados por crianças.
Não satisfeita, Goode pensa que a compreensão é o caminho para lidar com a questão, e que permitir que pedófilos sejam tratados como cidadãos ordinários, com os mesmos padrões morais dos demais, respeitando e valorizando aqueles que conseguem escolher a restrição autoimposta, só traria ganhos à sociedade.
Os resultados dessa propaganda esquerdista começam a aparecer. Um rapaz foi preso no interior de São Paulo no começo de 2013 por abusar de seus próprios sobrinhos. No depoimento, apelou para a vitimização: era “vesgo e feio”, e era muita “tentação” trabalhar com aquelas crianças. No mais, ele mesmo fora abusado na infância, segundo alegava. Logo, queria “tratamento”, em vez de prisão.
Os intelectuais de esquerda infantilizaram tanto a humanidade, com a crença de que ninguém mais é responsável pelos seus atos, que chegaram ao limite de tolerar ou mesmo até respeitar os pedófilos! São infantis “inocentes” defendendo os infantis monstruosos. Será que a revolução cultural marxista não tem mesmo limites? Até onde vai na confusão entre liberdade e libertinagem?
Pois é, caros leitores. Melhor manter seus filhos e filhas bem longe dos progressistas moderninhos! A verdadeira desordem psiquiátrica é justamente esse esquerdismo doente, que relativiza tudo e não encontra mais parâmetro algum de comportamento decente

Dois tipos de individualismo (Friedrich A. Hayek)




6569.jpgHá dois tipos de individualismo: há o individualismo genuíno, que leva à liberdade e a uma ordem espontânea, e há o pseudo-individualismo, que leva ao coletivismo e às economias controladas e planejadas. Antes de explicar o que seria o individualismo genuíno, seria útil fornecer algumas indicações da tradição intelectual à qual ele pertence.  O individualismo genuíno começou a ser desenvolvido ainda no século XVII por John Locke.  Posteriormente, no século XVIII, Bernard Mandeville e David Hume ampliaram o pensamento, o qual alcançou uma envergadura completa pela primeira vez com as obras de Josiah Tucker, Adam Ferguson, Adam Smith, e daquele que foi o maior contemporâneo de Smith, Edmund Burke — o homem que, segundo Smith, foi a única pessoa que ele conheceu que abordava questões econômicas exatamente como ele, embora ambos nunca houvessem se comunicado de absolutamente nenhuma maneira.
No século XIX, tal pensamento foi representado à perfeição nas obras de dois de seus maiores historiadores e filósofos políticos: Alexis de Tocqueville e Lord Acton.  Estes dois homens desenvolveram com o mais pleno êxito tudo aquilo que havia de melhor na filosofia política de Burke, dos filósofos escoceses e dos Whigs ingleses. 
Por outro lado, os economistas clássicos do século XIX — ou pelo menos os discípulos de Jeremy Bentham ou os radicais entre eles — se mostraram crescentemente sob a influência de outro tipo de individualismo, um individualismo de origem distinta.
Esta segunda e completamente distinta linha de pensamento, também conhecida como individualismo, é representada predominantemente por escritores franceses e por outros pensadores do continente europeu — um fato que, creio eu, se deve ao papel dominante que o racionalismo cartesiano tem em sua composição.  Os principais representantes dessa tradição foram os enciclopedistas, Rousseau e os fisiocratas.  E, devido a alguns motivos que iremos aqui analisar, este individualismo racionalista sempre tende a se degenerar e a se transformar no exato oposto do próprio conceito de individualismo: isto é, descamba para o socialismo e o coletivismo. 
É justamente pelo fato de apenas o primeiro tipo de individualismo ser consistente, que eu lhe atribuo a denominação de individualismo genuíno, ao passo que este segundo tipo de individualismo deve ser considerado como uma fonte para o socialismo moderno tão importante quanto as próprias teorias coletivistas.
Não há melhor ilustração da atual confusão a respeito do significado de 'individualismo' do que o fato de aquele homem tido como um dos maiores expoentes do individualismo genuíno, Edmund Burke, ser comumente (e corretamente) acusado de ser o principal oponente do "individualismo de Rousseau" — cujas teorias ele dizia que iriam rapidamente dissolver a sociedade "na poeira e no pó da individualidade" —, e que o próprio termo "individualismo" tenha sido apresentado pela primeira vez no idioma inglês por meio da tradução de uma das obras de outro grande representante do individualismo genuíno, Alexis de Tocqueville, que utilizou o termo em sua obra Democracia na América para descrever uma atitude que ele deplora e rejeita.  No entanto, não há dúvidas de que tanto Burke quanto de Tocqueville estão, em toda a sua essência, próximos de Adam Smith — a quem ninguém negaria o título de individualista —, e que o "individualismo" ao qual eles se opõem é algo completamente diferente daquele de Smith.
O próximo passo na análise individualista da sociedade será dirigido àquele pseudo-individualismo racionalista que também leva ao coletivismo.  Trata-se da controvérsia de que, ao se investigar os efeitos combinados das ações individuais, descobrimos que várias das instituições responsáveis pelas conquistas e façanhas humanas surgiram e seguem funcionando sem a existência de uma mente planejadora e criadora.  Descobrimos que, como Adam Ferguson disse, "nações dependem de instituições, as quais realmente são resultado da ação humana, e não do planejamento humano"; e que a espontânea colaboração de indivíduos livres frequentemente leva a criações que são maiores do que suas mentes individuais são capazes de compreender.  Este é o grande tema por trás das obras de Josiah Tucker, Adam Smith, Adam Ferguson e Edmund Burke.
A diferença entre esta visão — que diz que toda a ordem que percebemos nas relações humanas é o resultado não-premeditado de ações individuais —, e a visão que atribui toda essa ordem perceptível a um planejamento deliberado é o primeiro grande contraste entre o individualismo genuíno dos pensadores britânicos do século XVIII e o suposto individualismo da Escola Cartesiana. 
Mas essa diferença é apenas um aspecto de uma diferença ainda mais ampla entre as duas visões.  De um lado, temos uma visão que, no geral, não endeusa o papel da razão nas relações humanas, afirma que o homem alcançou tudo o que já alcançou apesar do fato de ser guiado apenas parcialmente pela razão, e afirma que a razão individual é muito limitada e imperfeita.  De outro, temos uma visão que pressupõe que a Razão, com R maiúsculo, está sempre disponível de maneira plena e igualitária para todos os seres humanos, e que tudo que o homem alcança é resultado direto de estar submetido ao controle da razão de uma mente planejadora.
A abordagem anti-racionalista, a qual considera o homem não como um ser altamente racional e inteligente, mas sim um ser extremamente irracional e falível, cujos erros individuais serão corrigidos apenas no decorrer de um processo social, e que tem como objetivo tirar o melhor proveito possível de um material altamente imperfeito, é provavelmente a característica mais notável do individualismo inglês.
Portanto, para concluir, volto ao que foi dito no início: a atitude fundamental do individualismo genuíno é de humildade em relação aos processos pelos quais a humanidade alcançou vários feitos que não haviam sido planejados ou compreendidos por nenhum indivíduo sozinho, e que são, com efeito, maiores do que as mentes individuais.  A grande questão neste momento é se a mente humana poderá continuar crescendo como parte deste processo ou se ela deverá ser acorrentada aos grilhões que ela própria criou.  O que o individualismo nos ensina é que a sociedade será maior do que o indivíduo apenas se ela for genuinamente livre.  Se ela for controlada ou planejada, será totalmente limitada pelos poderes das mentes dos indivíduos que a controlam ou planejam. 
Se a presunção da mentalidade moderna — que não respeita nada que não seja conscientemente controlado por alguém — não entender a tempo suas limitações, poderemos, como nos alertou Edmund Burke, "estar seguros de que tudo a nosso respeito e à nossa volta irá definhar gradualmente, até que, no final, nossos objetivos serão encolhidos à insignificante dimensão de nossas mentes."

O artigo acima foi retirado de um trecho do livro Individualism and Economic Order.

Rosto de Chávez apareceu em túnel do metrô de Caracas, diz Maduro.

Realmente deve ser verdade, levando em consideração que o bolivariano estava indo para o inferno acertar as contas com o Chefe!!!!!!!!!

Leia aqui

Flávio Bolsonaro pergunta: cadê os direitos humanos? (Rodrigo Constantino)

O deputado Flávio Bolsonaro, que foi prestigiar o lançamento de Esquerda Caviar ontem no Rio, cita meu artigo “Anomia” na tribuna e pergunta: “Onde estão os direitos humanos?” Quando são policiais assassinados covardemente, a OAB e os artistas desaparecem. Só voltam a aparecer quando é bandido morto, quando algum vagabundo vai preso. Até quando vamos aturar isso? Até a esquerda destruir de vez nosso Brasil?

A sociologia do preto e branco (por Francisco Vianna)

O que é um ditador ou um déspota autoritário? Muita gente pensa que sabe, mas a maioria desconhece da novela a maior parte dos seus capítulos.
Não há dúvidas de que Adolf Hitler, Joseph Stalin e Mao Tsé Tung eram ditadores e dos mais sanguinários, assim como o foram e ainda são os irmãos Castro em Cuba, a vitrine da miséria socialista mantida com a ajuda dos americanos, no Caribe, para o mundo ver.
Assim eram também Saddam Hussein, Hafez Assad e é o seu filho Bashar al Assad. Todavia, em muitos casos, a situação não é tão simples e tão gritantemente explícita e, em muitos casos, a realidade – e a moralidade – dos regimes autoritários é muito mais complexa.
Todo mundo sabe que a China sempre viveu sob o tacão de ditaduras e de imperadores e que, desde a "revolução cultural" de Mao Tsé Tung, o país é uma ditadura comunista um tanto atípica em relação ao sovietismo russo e ao nazismo-fascismo deuto-italiano, por exemplo, todas elas manifestações diferentes da mesma sociopatia: o socialismo.
Sabe-se, também, que Deng Xiaoping era um ditador, certo? Certo. Afinal de contas, ele era o chefe do Partido Comunista da China de 1978 a 1992, partido único – a contrariar o próprio nome "partido", ou seja, "parte" e não o todo – típico dos regimes ditatoriais.
Como todo ditador, ele não foi eleito, correto? Errado. Às vezes, um líder é democraticamente eleito, mas, na primeira oportunidade, subverte a democracia que o elegeu e a torna uma ditadura dentro do viés ideológico que representa. Mas o oposto também às vezes acontece.
Xiaoping governou pelo medo e aprovou, entre outras medidas, o massacre de manifestantes na Praça de Tiananmen (ou da "Paz Celestial"), em Pequim, em 1989. Aconteceu, no entanto, que ele também levou a China na direção de uma "pseudoeconomia de mercado" elevando o capitalismo de estado chinês a níveis que nenhum outro governo amarelo o tinha feito antes, por permitir e incentivar a ida para o seu país de muitas empresas capitalistas privadas ocidentais atraídas pela mão de obra então extremamente barata e produzir o maior "boom" econômico da sua história.
Como não podia deixar de ser, o país, cautelosamente, sem fazer maiores concessões políticas à sua população, não teve alternativa senão a de permitir que empreendedores privados prosperassem, enriquecessem, e com isso começassem a gerar muito mais riqueza e trabalho (e, portanto, maior grau de liberdade pessoal) do que o estado chinês jamais fora capaz de fazê-lo.
Destarte, mesmo sendo um ditador, muitos consideram Deng Xiaoping um dos maiores homens do século XX, do nível de um Winston Churchill ou um Franklin D. Roosevelt.
Assim, cabe a pergunta: Seria justo colocar Deng Xiaoping na mesma categoria de Saddam Hussein, ou mesmo de Hosni Mubarak, o ditador egípcio cujo despotismo pouco fez para preparar seu povo para uma sociedade mais aberta e representativa? Afinal, nenhum desses três homens foi eleito por suas populações, mas nomeados por seus grupelhos burgueses dos politiburos dominantes e todos eles governaram com a mão de ferro e o tacão do medo. Então, por que não juntá-los todos na mesma categoria?
Ou o que dizer de Lee Kuan Yew e Zine El Abidine Ben Ali? Durante as fases iniciais do governo de Lee, em Cingapura, esse líder, com certeza, se comportou como um autêntico déspota, como também fez Ben Ali, durante todo o seu governo na Tunísia.
Assim, então, não merecem eles serem rotulados como ditadores? Isso porque, afinal de contas, Lee elevou extraordinariamente o padrão de vida e a qualidade de vida em Cingapura do nível equivalente a alguns dos países mais pobres de África na década de 1960 para o dos países mais ricos do Ocidente, no início dos anos 1990. Ele também instituiu a meritocracia, a boa governança, estimulou intensamente a escolaridade da sua cidadania, o planejamento urbano humanizado e de classe mundial. A autobiografia, em dois volumes, de Lee nos faz lembrar as páginas da obra de Plutarco "As Vidas dos Nobres Gregos e Romanos".
Ben Ali, contrastadamente, era tão somente um bandido a serviço da segurança tunisina que combinou a brutalidade com níveis extremos de corrupção, e cuja regra era praticamente a ausência de reformas. Como Mubarak, no Egito, ou Lula da Silva, no Brasil, que ofereceram não mais do que mera estabilidade política a seus países.
O ponto a ser considerado é o seguinte: quando se divide o mundo entre ditadores e democratas, como se só existissem duas cores, preto e branco, no espectro da complexidade política e moral vigente pelos governos, essas duas categorias de líderes e de regimes passam a ter um sentido por demais amplo para que possam ser adequadamente compreendidos pela maioria de seus povos e respectivos governantes – e, portanto, para uma adequada compreensão da geopolítica num determinado período da História.
Há certamente alguma virtude no pensamento contundente dos pronunciamentos simplistas de todos esses líderes, uma vez que simplificar padrões complexos é o que permite que eles e as pessoas dos povos que governam vejam algumas verdades fundamentais subjacentes que eles podem, a um preço variável pago com liberdade individual e distribuição quase sempre igualitária da pobreza, garantir de um modo ou de outro. Mesmo porque a realidade é, pela sua própria natureza, complexa e muita simplificação leva a uma visão não sofisticada, simplista e, por isso mesmo, distorcida do mundo.
Um dos fortes argumentos dos melhores intelectuais e geopolíticos é essa tendência para recompensar o pensamento complexo e a sua capacidade de entendimento para estabelecer distinções mais refinadas. Aliás, distinções refinadas devem, em conjunto, ser o objetivo central da ciência política e da geopolítica. Isso significa que há os que reconhecem no mundo a existência de maus democratas e também de bons ditadores.
Os líderes mundiais em muitos casos, não devem ser classificados por tais padrões dicotômicos como se apresentassem em preto e branco, mas em vários tons de cinza, do mais profundo negro ao branco mais alvar.
Na verdade, o autoritarismo e sua variante exagerada, o despotismo absoluto, surge em decorrência da qualidade da cidadania que a eles se deixa subjugar. Assim, as ditaduras dependem mais dos povos do que dos seus agentes despóticos. Quanto menos escolarizado e politizado é um povo, mais necessita de um estado que os dirija em tudo, de um governo "big brother", que diga a essa cidadania de má qualidade o que deve fazer com relação a praticamente tudo. Daí, ser a democracia um regime dos países mais adiantados, de maior escolaridade, de maior civilidade. É ainda um regime muito difícil e até incompreensível para muitos povos atrasados do planeta, que na grande maioria das vezes jamais viveu de forma representativa. Tudo isso explica porque os regimes populistas, demagogos e autocráticos tratam seus povos como se estivessem lidando com crianças ou débeis mentais.
Foi assim que Hugo Chávez Frías, um coronel do exército venezuelano, com um currículo de tentativas de golpes de estado, acabou sendo eleito pelo povo e manteve-se no poder até a morte, por câncer, em 2012. Era, pois, teoricamente, um democrata. Mas seu comportamento era tão despótico quanto o seu grito: "Venezuela, socialismo o muerte!". Acabou morrendo antes de tornar o país totalmente socialista, mas entregando-o praticamente ao controle dos irmãos Castros de Cuba. Foi um mau democrata e um pior ainda caudilho autoritário que arrasou a economia de seu país com suas medidas socialistas inspiradas por seus tutores cubanos.
Podemos considerar, por exemplo, o caso da Rússia. Na década de 1990, a Rússia foi governada por Boris Yeltsin, um homem elogiado no Ocidente por ser um democrata. Mas seu governo, indisciplinado, levou o país a um considerável caos social (político e econômico). Vladimir Putin, por outro lado, está muito mais para um ditador – e a cada dia mais se comporta como tal – e tem sido consequentemente desprezado no Ocidente. Mas, ajudado pelos preços da energia, ele recuperou a Rússia com algumas medidas que trouxeram inicialmente estabilidade e, a seguir, melhoraram drasticamente a qualidade de vida da média dos russos. E ele fez isso sem recorrer a um nível de autoritarismo dos tempos bolchevistas – com os desaparecimentos em massa em de campos de trabalhos forçados na Sibéria – ou dos czares com seus agentes a arregimentar infanto-juvenis para o serviço militar.
Finalmente, há os casos mais moralmente chocantes de todos: o do falecido ditador chileno Augusto Pinochet e o da chamada ditadura militar brasileira. Nos anos de 1970 e 1980, Pinochet criou mais de um milhão de novos postos de trabalho no Chile, reduziu a taxa de pobreza de um terço para menos de um décimo, e a taxa de mortalidade infantil de 78 por mil para 18 por mil habitantes. O Chile de Pinochet foi um dos poucos países não asiáticos no mundo a experimentar níveis asiáticos de dois dígitos de crescimento econômico na época. Pinochet preparou o seu país muito bem para uma eventual democracia, assim como sua política econômica tornou-se um modelo para o mundo em desenvolvimento pós-comunista. Mas Pinochet também é justamente o objeto de ódio intenso entre os liberais e "humanitários" de todo o mundo, por perpetrar anos de tortura sistemática contra dezenas de milhares de vítimas. Nada comparável é claro com a execução sumária de mais de setenta mil pessoas em Cuba por Fidel Castro e sua trupe de facínoras, tendo a testa o 'médico' argentino e carniceiro-mor Ernesto Guevara, o "Che". Então onde é que Pinochet fica no espectro em preto e branco da classificação de líderes? No Chile, tal ódio ao general é confrontado com o sentimento de muitos que o consideram como o maior dos patriotas heróis da nação andina de todos os tempos.
Sem comparação, em termos de número de vítimas, vem a ditadura militar, que muitos consideram uma "ditamole", implantada no Brasil em 31 de março de 1964, como um contragolpe ao regime do presidente João Goulart, cuja cúpula socialista se preparava para instaurar no país uma ditadura nos moldes – e financiada – da então União Soviética, que tinha em Havana o seu entreposto de exportação de sua revolução marxista.
Os sucessivos governos militares que se sucederam por duas décadas restringiram a democracia a um nível de atividade apenas local, mas, em compensação, imprimiram ao país uma série de medidas que possibilitaram estabelecer as bases que tornaram o Brasil de hoje a sétima economia do mundo e uma potência emergente. Mas, os militares acabaram também criando um estado agigantado que em muitos aspectos inibiu o crescimento do capitalismo privado, dando origens às condições que facilitaram a tomada do poder pela esquerda socialista e marxista, que está subvertendo a própria estrutura institucional democrática e impedindo a formação de uma cidadania de melhor qualidade.
Longe de desenvolverem uma meritocracia, os militares brasileiros não foram sensíveis ou prudentes o suficiente para melhorar as condições de escolaridade daqueles que se diziam cidadãos e que teriam o dever de contribuir, quer com seu bolso quer com sua atividade política, na manutenção e aperfeiçoamento do país. Isso não só deixou de ocorrer como no Chile, mas manteve a cegueira política da maioria da população que não está preparada para votar com consciência e racionalidade.
Nesse aspecto, pode-se considerar sem muito medo de errar, que a ditadura Pinochet, muito mais cruel e implacável com seus inimigos que a ditadura militar brasileira, foi uma ditadura muito melhor para o seu país do que a dos militares foi para o Brasil, onde o diferencial prático foi justamente o preparo da sociedade para a democracia que mais cedo ou mais tarde aconteceria em ambos os países.
O resultado é que, hoje, o Chile – uma economia muitíssimo menor que a brasileira – se tornou um país desenvolvido e de primeiro mundo, ao passo que o gigante Brasil continua a patinar num subdesenvolvimento autossustentado pelo socialismo imposto, em grande parte pela falta de preparo da sociedade, ao longo de duas décadas de regime militar, sem que a cidadania fosse diretamente melhorada para uma "abertura democrática" realmente autêntica. Isso permitiu uma abertura farsesca e a ascensão de uma esquerda "sucialista" – um socialismo de súcia, de quadrilheiros, de ladrões do erário – que age no sentido de transformar o país numa versão agigantada da ilha caribenha dos Castros.
Assim, no mundo, os governos adquirem muitos tons de cinza no espectro político monocromático que muitos querem simplificar reduzindo-o ao maniqueísmo do preto e branco. Às vezes também é penoso tentar situar qual o tom de cinza corresponde a um determinado líder ou regime e a questão de saber se os fins justificam os meios não deve ser respondida apenas de forma doutrinária, filosófica e metafísica, mas também pela observação prática dos resultados que apresenta.
Às vezes, os meios não estão ligados às extremidades e o líder é, pois, condenado, como é o caso do Chile. Em outros casos, apesar dos resultados extraordinários conseguidos, falta aos líderes a necessária visão de como será a democracia de amanhã, como foi o caso do Brasil.
Tal é a complexidade do universo político e moral que as distinções sutis e refinadas quando aplicadas aos regimes políticos, são os fatores básicos do progresso de um povo. Caso contrário, tanto a geopolítica quanto a ciência política em si e as disciplinas relacionadas podem distorcer mais do que iluminar líderes e cidadãos.

Banânia, ops Brasil = Grécia (Contas Nacionais/macro) + Espanha (Imovél) + Venezuela (Política). Ou:Contas do governo central têm pior resultado para setembro desde 1997

Economia feita para pagar juros somou R$ 10,473 bi no nono mês e R$ 27,943 bi no acumulado do ano, resultado 49% menor do que em 2012
Déficit da Previdência no mês de maio atingiu R$ 2,589 bilhões
Déficit da Previdência no mês atingiu 11,763 bilhões de reais (Agência Estado)
Influenciado pelo elevado rombo nas contas da Previdência Social, o governo central, formado pelo governo federal, Banco Central e Previdência Social, registrou déficit primário de 10,473 bilhões de reais no mês passado, o pior resultado para setembro em 17 anos, indicando risco ainda maior de descumprimento da meta para o ano.
Nos nove primeiros meses de 2013, a economia feita para o pagamento de juros acumula superávit de 27,943 bilhões de reais, informou o Tesouro Nacional nesta quinta-feira. O número é 49% menor do que o montante economizado em igual período do ano anterior.
Com o péssimo resultado, o governo chega aos últimos meses de 2013 com risco iminente de descumprimento da meta ajustada de superávit primário, de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB).
Leia mais: Brasil não precisa cumprir meta de superávit para reduzir dívida, diz Mantega
O principal dado ruim no mês veio da Previdência Social, que apresentou déficit de 11,763 bilhões de reais. O rombo foi provocado, entre outros fatores, pelo pagamento da segunda parcela do 13º salário aos aposentados e pensionistas do INSS.
O Tesouro informou ainda que os gastos com investimentos públicos em setembro somaram de 4,4 bilhões de reais, acima dos 3,3 bilhões de reais no mês anterior, acumulando no ano 46,5 bilhões de reais, com alta de 2,9% sobre o mesmo período do ano passado.
Os gastos com custeio da máquina pública ficaram em 15,5 bilhões de reais em setembro, 12,3% a mais do que em agosto. Nos nove primeiros meses do ano, os gastos chegam a 134,4 bilhões de reais, 21,1% a mais do que igual período de 2012.

Mário Couto (PSDB-PA), a coragem que lhe sobra falta em Aécio. (Lauro Jardim)

Sabe por que?

Mario Couto versus Jader: é guerra
Couto: atirando para todos os lados
Conhecido pelo seu temperamento explosivo, o senador tucano Mário Couto estava com a corda toda na sessão de hoje. Depois de chamar Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante de mentirosos, sobrou para outra dupla: Rosemary Noronha e Lula. Gritava o senador agora há pouco:
- Sabe por que a Rose nunca vai ser presa? Porque Rose ama Lula e Lula ama Rose.

O Golpe na Democracia (Por Luiz Sérgio Silveira Costa)


“O episódio do jornal Clarin, na Argentina, é um golpe na liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia É o exemplo cabal de que, hoje, os esquerdistas/comunistas/bolivarianos não fazem mais revoluções com armas, à la Fidel e Che, seus ídolos, mas cooptando o Congresso e o Judiciário, com cargos, benesses e dinheiro, e aparelhando a máquina pública com sua gente. Aqui, esse processo já teve início, há muito tempo.

Os dóceis e domesticados imaginam que, alimentando o jacaré, ele não os atacará. Mas, a História, esse imenso sistema de alarme, mostra que  o jacaré os acabará comendo. É da natureza dele. Lembra a fábula do escorpião que queria atravessar o rio e pediu ao sapo para ir nas suas costas, pois não sabia nadar. –

 Mas, ao chegar na outra margem você vai me picar!- argumentou o sapo.

– Claro que não, como vou picar quem me ajudou?- respondeu o aracnídeo.

O sapo concordou e, ao chegar à outra margem, o escorpião o ferroou.

– Mas você não disse que não ia me picar? – gritou o sapo, já estrebuchando.

– É a minha natureza - replicou, secamente, o escorpião, correndo para o mato seco.

Moral da história: conhecendo a natureza deles, é preciso reagir logo, matando o jacaré!

Antes que seja tarde!!!”


O Demiurgo.Ou:Lula, o Rei de Banânia, resolve patrulhar Sheherazade (Reinaldo Azevedo)

Vejam um vídeo com um comentário da jornalista Rachel Sheherazade, do SBT. Volto em seguida.

Na terça-feira, o ex-presidente Lula almoçou com a bancada do PTB. Com aquele seu estilo muito característico, disse que vai reeleger Dilma em 2014. O homem toma o lugar do eleitorado sem nenhuma cerimônia. E avisou que está se preparando para 2018 se for preciso. Em novo almoço nesta quarta, no Senado, embora em certo tom de pilhéria, repetiu que se apresentará, sim, daqui a cinco anos caso encham o seu saco. Que se entenda: para “encher o saco” do Apedeuta, basta existir alguém que lhe faça oposição. Mas voltemos àquele encontro com o PTB. A parte mais significativa foi outra.
Segundo informou Lauro Jardim no “Radar”, Lula fez outras considerações. Transcrevo em vermelho:Na conversa, dedicou-se também a um dos seus esportes favoritos, descer a borduna na imprensa, a qual chamou de despreparada e parcial em relação aos políticos. Contou que recentemente assistia TV e, ao zapear, parou no SBT. Sem dar nomes, diz que viu uma jornalista de “vinte e poucos anos” criticar pesadamente o governo e os políticos. Em sua avaliação, as críticas não tinham embasamento algum.
Retomo
Todo mundo entendeu. Lula só poderia estar se referindo a Rachel Sheherazade, âncora do SBT Brasil. Este senhor sabe que suas opiniões, diatribes e acusações acabam vazando. Não satisfeitos em manter com dinheiro público uma rede de difamação na Internet, parece que os petistas agora decidiram que é chegada a hora de apontar o dedo contra os profissionais. Sei bem do que estou falando, hehe…
Sheherazade não se ajoelha no altar do politicamente correto nem recita a cartilha do “partido” em seus comentários. É dona de suas opiniões. Não é uma legião que fala em seu lugar. E isso, definitivamente, a muitos parece insuportável.  O homem mais poderoso do Brasil — sim, é Lula — resolve se insurgir contra a âncora de um programa jornalístico. Trata-se de um absoluto despropósito. Mais um vídeo:
“Opiniões polêmicas”Aqui e ali, sites e blogs que reproduziram a nota de Lauro Jardim aproveitaram para classificar as opiniões de Sheherazade de “polêmicas”. Soubessem a origem da palavra, poderiam estar dizendo a verdade. Ocorre que se empresta à dita-cuja o sentido de “coisa exótica”, que está fora dos parâmetros, dos cânones ou do decoro.
E, nesse caso, não há nada de polêmico no que diz a jornalista. Ela só não segue a manada. Celerados invadem um laboratório de pesquisas para resgatar animais? Em vez de fazer média, ela diz na TV que isso é inaceitável. Baderneiros saem quebrando tudo por aí, ela afirma que assim não pode ser. O assunto é Bolsa Família? Ela pensa que um país cresce mesmo é com trabalho.
Afinal de contas, o que há de tão “polêmico” nisso? Parece que o seu pecado é se negar a endossar falsos consensos.
Absurdo!
As TVs, no Brasil, não é segredo pra ninguém, são, no geral, governistas — pouco importando o regime ou o governo. Há razões para ser assim, mas não entro nelas agora. As opiniões de Sheherazade, com a clareza com que as emite (e ninguém precisa gostar delas), são um das poucas exceções dentro da regra. E notem: não é que ela seja antigovernista. O que andei vendo na Internet revela apenas alguém que não pede licença a milicianos do politicamente correto.
Mas Lula já resolveu se comportar como uma espécie de dedo-duro. Espero que Sheherazade não se intimide e continue a dizer o que pensa. E torço para que o SBT não se deixe patrulhar por Lula. Encerro com mais um vídeo.
Por Reinaldo Azevedo

Afinal, há ou não uma bolha imobiliária no Brasil? – Fabio Portela

Tenho falado que o Brasil está criando as condições para uma bolha imobiliária desde o fim de 2009. De lá pra cá, me acostumei com as críticas que venho sofrendo, e que consistem em vários tipos de acusação. Já me acusaram de querer aparecer, de desejar estimular o pânico no mercado ou (pasmem!) de estar com inveja de quem lucrou nesse mercado. Alguns disseram que errei feio, pois estou falando do assunto desde 2009 e até agora “nada aconteceu”. Outros dizem que minhas previsões se mostraram acertadas. Acredito que muitas das acusações (e até alguns dos elogios) derivam de uma compreensão equivocada do que tenho chamado de bolha imobiliária durante todo esse tempo.

Recapitulando: o que é uma bolha?

A maior parte das pessoas acredita que uma bolha ocorre quando há uma queda generalizada nos preços. Mas isso não é necessário: é perfeitamente possível viver anos a fio com uma bolha que não “estoura”.  É possível viver o crescimento e o estouro de uma bolha em menos de 6 meses – às vezes, até mesmo em algumas semanas.
Repetindo o que já disse em outro post há algum tempo, uma bolha não é definida pela queda nos preços. Ela é definida pelo deslocamento entre o preço de mercado de um ativo e a sua rentabilidade. Quando falo em rentabilidade, estou me referindo à relação entre a renda gerada pelo ativo e o seu preço de mercado. Quando um apartamento pode ser alugado por R$ 2.000 por mês e custa R$ 200.000, sua rentabilidade bruta é de 1% ao mês, ou 12% ao ano (R$ 2.000 x 12 = R$ 24.000,00 por ano de aluguel). Quando o preço dele sobe para R$ 800.000,00 e o aluguel para R$ 3.000,00, a rentabilidade bruta mensal passa a ser de 0,375% ao mês, ou 4,5% ao ano.
Em um cenário de taxa de juros de 9,50% ao ano, 12% é excelente. As pessoas passam a ter muito incentivo para comprar imóveis, porque a taxa de retorno é muito melhor do que qualquer outra aplicação no mercado. Mas 4,5% é ridículo. A não ser que os preços subam, não haverá qualquer incentivo financeiro para ter um imóvel. Se as pessoas forem racionais, venderão os imóveis para investir em aplicações financeiras.
A grande questão, aqui, é o pressuposto de racionalidade. “Se as pessoas forem racionais” e os preços estiverem muito acima do razoável, é plausível afirmar que a tendência é alta de os preços despencarem até o ponto de equilíbrio em que ter um imóvel garante uma renda compatível com o nível geral da taxa de juros. Mas a grande questão é que normalmente as pessoas não são tão racionais assim. Muitas querem ter um imóvel para dizer que não dependem de aluguel, para dizer que têm um cantinho só seu, ou para tirar onda. Cada um tem seus motivos. E acabam tomando decisões financeiramente ruins porque levam em conta fatores outros que não apenas o estritamente financeiro.
Isso é errado? Não. É por conta desses fatores que bolhas podem persistir por anos a fio, inabaladas. Mas nem por isso não significa dizer que elas estão lá, aguardando alguma coisa acontecer para que finalmente mostrem seu potencial de dano. Pode ser uma mudança na taxa de juros, um boom no mercado de ações que leve as pessoas a venderem seus imóveis para ganhar mais dinheiro no mercado, uma nova região sendo construída em uma cidade e que acaba atraindo as pessoas para comprarem imóveis lá e venderem suas residências originais. Ou pode acontecer de as pessoas finalmente se darem conta de que pode fazer mais sentido viver de aluguel do que ter um imóvel. Whatever.

Porque acredito que há uma bolha imobiliária no Brasil?

No início, comecei a escrever sobre o tema “bolha imobiliária” por analisar a situação em minha cidade, Brasília. Analisei basicamente dois vetores naquele momento: a renda média da população da cidade e a rentabilidade do aluguel em relação aos preços dos imóveis. Não fazia sentido apartamentos horrorosos custarem meio milhão de reais naquela época. Eu não conseguia enxergar quem poderia, com a renda média da cidade, financiar tantos apartamentos de R$ 2, R$ 3 milhões. Eram centenas à venda.
Depois, pouco a pouco percebi que o problema não era só em Brasília, mas em todo o país. Evidentemente, logo me veio à tona o ocorrido nos EUA em 2008. Jamais achei que exatamente o mesmo pudesse acontecer aqui, porque não temos tantos derivativos atrelados ao mercado imobiliário, e mesmo os que temos não estão tão difundidos na nossa economia. Mas eu jamais disse também que nossa bolha era igual à deles. Nossa bolha derivou de vários outros fatores: assim como lá, diminuímos muito nossos juros nos últimos anos. Ampliamos o acesso ao crédito imobiliário. Estimulamos as pessoas a se endividarem bastante, apesar dos juros ainda altos. Várias empresas do setor se capitalizaram no mercado de ações e, com o dinheiro, conseguiram impulsionar enormemente suas atividades.
Com isso tudo, os preços dos imóveis se descolaram de sua relação com o aluguel e da renda da população.

Quais as evidências de que há uma bolha imobiliária no país?

É nisso que minha tese sobre a bolha se apoiou. E, pior, há vários indícios de que eu estava certo. Não por ser um “chute”, como alguns disseram. Eu nunca dei prazo – 2014, 2020 ou 2030. Bolhas podem durar décadas, se as pessoas deixarem as considerações financeiras de lado. Mas… praticamente todo dia pululam notícias sobre como o mercado imobiliário brasileiro está desaquecido. Em praticamente todo canto, as vendas diminuíram, o número de unidades lançadas despencou, e as empresas que entraram no mercado de ações mostram um balanço pior que o outro, trimestre após trimestre. A quantidade de distratos já é bastante elevada, porque as pessoas não estão em condições de honrar com as condições draconianas do financiamento. São várias as notícias de atraso absurdo na entrega de obras, ou até mesmo de não entregá-las.
Procure no Youtube. São várias as histórias como as seguintes:


E, embora muita gente ainda negue, já há vários locais em que os preços começaram a cair. No setor Noroeste e em Águas Claras, no Distrito Federal, isso já é visível. Em outros lugares, as construtoras mascaram as quedas, chamando-as de “descontos”. Desconto de até 30% sobre o preço anunciado? Conta outra! Não tô falando de jujuba, mas de apartamentos de R$ 800.000,00, R$ 1.000.000,00, com 30% de desconto! Isso significa que você pode comprar por R$ 700.000,00 um apartamento anunciado por R$ 1.000.000,00. Alguém já te deu R$ 300.000,00 de lambuja na vida? Pra mim, nunca…
Por que bato tanto na mesma tecla? Porque, mesmo que os efeitos de um eventual estouro não sejam tão ruins quanto o da bolha americana, eles podem afetar bastante a todos nós – investidores do mercado imobiliário ou não. Muitos foram os empregos criados no setor imobiliário, e muita gente investiu todas as suas economias para comprar a casa própria. Uma crise generalizada no setor pode levar muita gente que comprou imóveis na planta a jamais ver a casa própria ou ter de volta o dinheiro investido. Pode levar a forte aumento nos índices de desemprego e a outros efeitos muito danosos para a economia.
E o que o governo faz? Finge que o problema não existe e bota mais gasolina na fogueira. Recentemente, aumentou o limite de uso do FGTS para compra de imóveis de R$ 500 mil para R$ 750.000 em algumas cidades. Isso pode dar mais combustível ainda para o aumento dos preços. Na ponta contrária, os juros continuam a aumentar, e logo os juros do financiamento imobiliário deverão seguir esse caminho. Sinais contraditórios que tornam difícil a previsão do rumo dos preços nos próximos meses.
Não sou astrólogo, e não digo se a coisa vai estourar agora ou daqui a 10 anos. Pode ser que as recentes quedas sejam um simples ajuste. Ou pode ser que não; pode ser que sejam o início de um longo e doloroso processo de desinflamento.
Minha única certeza, qualquer que seja o cenário, é de que vivemos sim uma época em que os preços são injustificados. Agora estou vivendo em Boston, para fazer parte de meu doutorado, e andei pesquisando os preços de alguns imóveis perto de Harvard e do MIT. Para minha surpresa, muitos estão com preços relativamente compatíveis com os de Brasília, onde as melhores universidades são a Universidade de Brasília (que é espetacular para os padrões brasileiros, mas ainda muito inferior ao padrão das universidades que mencionei) e o UniCeub. Faz sentido para você?

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Hollywood, esquerdopatia escancarada. Ou: "A verdade que Johnny Depp quer esconder sobre os índios comanches" (ESCRITO POR JONATHAN FOREMAN)

deppOs índios comanches foram responsáveis pelos assassinatos mais brutais da história do Velho Oeste.No entanto, Johnny Depp quer representar o índio Tonto em uma roupagem mais simpática.

O rosto da menina de 16 anos, antes atraente, estava grotesco. 
Havia sido desfigurada ao ponto de estar irreconhecível durante os 18 meses em que foi mantida prisioneira pelos índios comanches.
Agora, estava sendo oferecida de volta às autoridades do Texas pelos chefes indígenas como parte de uma negociação de paz.
Diante de suspiros de choque da audiência, os índios a apresentaram na sede conselho do povoado de San Antonio em 1840, ano em que a Rainha Vitória do Reino Unido se casou com o Príncipe Albert.
“Sua cabeça, seus braços e seu rosto estavam cheios de ferimentos e feridas”, escreveu uma testemunha, Mary Maverick. “E seu nariz estava queimado até o osso. As narinas estavam escancaradas e sem carne”.
Assim que foi entregue, Matilda Lockhart entrou em desespero ao descrever os horrores que teve que suportar — os estupros, a contínua humilhação sexual e a forma como as mulheres comanches a torturavam com fogo. Não foi somente o nariz, seu corpo magro havia sido cruelmente marcado dos pés á cabeça com queimaduras.
Quando ela mencionou acreditar que havia 15 outros prisioneiros brancos no campo dos índios, todos sendo submetidos a condições similares, os legisladores e as autoridades texanas disseram que iriam deter os líderes comanches até resgatarem os outros.
Foi uma decisão que desencadeou uma das matanças mais brutais da história do Velho Oeste, e mostrou quão sanguinários os comanches poderiam ser na sua vingança.
S. C. Gwynne, autor de "Empire Of The Summer Moon about the rise and fall of the Comanche” (Império da Lua de Verão sobre a ascensão e queda dos comanches), afirma simplesmente que: “Nenhuma tribo na história das ocupações espanholas, francesas, mexicanas, texanas e americanas desta terra causaram tanta destruição e morte. Nenhum outro sequer chegou perto”.
Ele menciona a “imoralidade demoníaca” dos ataques comanches nos assentamentos dos brancos e da forma como torturas, assassinatos e estupros coletivos eram rotina. “A lógica dos ataques comanches era objetiva”, ele explica. 
“Todos os homens eram mortos, qualquer homem capturado vivo era torturado, e as mulheres prisioneiras eram estupradas. Os bebês sempre eram mortos”.

Você não saberia disso pelo novo filme O Cavaleiro Solitário, que estrela Johnny Depp como o índio Tonto.
Por razões que só eles sabem, os produtores mudaram a tribo de Tonto para Comanche. No seriado de TV, ele era membro da tribo Potowatomi, relativamente passiva.
No entanto, ele e seus conterrâneos nativos são apresentados no filme como angelicais vítimas de um Velho Oeste onde eram os colonizadores brancos, os homens que construíram a América, que representam nada a não ser exploração, brutalidade, destruição ambiental e genocídio.
Depp teria dito que queria atuar como Tonto para retratar os americanos nativos com uma roupagem mais simpática. Mas os próprios comanches nunca demonstraram simpatia.
Quando aquela delegação de índios em San Antonio percebeu que iria ser detida, eles lutaram para fugir com flechas e facas, matando todos os texanos que puderam alcançar. Os soldados texanos, por sua vez, abriram fogo, matando 35 comanches, ferindo muitos outros e fazendo 29 prisioneiros.
Mas a resposta furiosa da tribo comanche não tinha limites. Quando os texanos sugeriram uma troca dos prisioneiros comanches pelos seus próprios, os índios preferiram torturar todos até a morte.
“Uma por uma, as crianças e jovens mulheres foram amarradas próximo à fogueira”, segundo um relato da época. “Elas tiveram a pele arrancada, foram cortadas e horrivelmente mutiladas, e finalmente queimadas vivas por mulheres vingativas determinadas a espremer o último grito e a última convulsão de seus corpos agonizantes”. A irmã de Matilda Lockhart, de apenas seis anos, estava entre os desafortunados que morreram aos gritos sob a luz da lua nas altas planícies”.
Vida real: Lobo Branco, chefe comanche, fotografado no final do século XIX
Os comanches não eram somente especialistas em tortura, eram também os guerreiros mais ferozes e bem sucedidos, chegando a ser conhecidos como “Lordes das Planícies”.
Eram tão imperialistas e genocidas quanto os colonos brancos que mais tarde os derrotariam. 
Quando eles migraram para as grandes planícies do sul dos EUA no final do século XVIII vindos das Montanhas Rochosas (Rocky Mountains), eles não somente dominaram as tribos que lá habitaram como quase exterminaram os apaches, que estavam entre os melhores guerreiros montados do mundo.
A chave para o sucesso brutal dos comanches era que eles se adaptaram ao cavalo até mais habilmente que os apaches.
Não havia um cavalo sequer nas Américas até que os conquistadores espanhóis os trouxessem. E os comanches eram uma tribo pequena e relativamente primitiva que vagava pela área onde agora estão os estados de Wyoming e Montana, até por volta de 1700, quando, ao migrarem para o sul, descobriram cavalos espanhóis selvagens que haviam escapado do México.
Sendo os primeiros índios a montarem um cavalo, tinham uma aptidão para cavalgar similar à dos mongóis de Gengis Khan. Somando à sua notável ferocidade, isso lhes permitiu dominar mais território que qualquer outra tribo indígena: o que os espanhóis chamaram de Comancheria se espalhou por pelo menos 400 km.
Eles aterrorizaram o México e contiveram a expansão da colonização espanhola na América. A tribo roubava cavalos para montar e gado para vender, geralmente em troca de armas de fogo.
Qualquer outro tipo de vida era morto, incluindo bebês e idosos (mulheres mais velhas geralmente eram estupradas antes de mortas), deixando o que os mexicanos chamaram de “mil desertos”. Quando seus guerreiros eram mortos, consideravam questão de honra buscar uma vingança que envolvia tortura e morte. 
Os colonos no Texas tinham absoluto pavor dos comanches, que eram capazes de viajar quase 2000 km para matar uma única família branca.
O Historiador T R Fehrenbach, autor de Comanche: The History Of A People (Comanche: A História de um Povo), conta sobre um ataque a uma das primeiras famílias de colonos de sobrenome Parker, que, junto com outras famílias, construíram uma paliçada conhecida como Forte Parker. Em 1836, 100 comanches montados apareceram às portas do forte, um deles segurando uma bandeira branca para enganar os Parkers.
“Benjamin Parker saiu para negociar com os comanches” conta o historiador. “As pessoas dentro do forte viram quando os índios subitamente o cercaram e o crivaram com suas lanças. Depois, aos berros de empolgação, os guerreiros montados correram para a entrada do forte. Silas Parker foi morto antes que pudesse barrar a entrada, e eles se espalharam pelo forte”.
Os sobreviventes descreveram a matança: “Pai e filho da família Frost foram mortos na frente das mulheres; Elder John Parker, sua esposa ‘Granny’ e outros tentaram fugir. Os guerreiros se espalharam e os derrubaram.
“John Parker foi pregado ao chão, depois escalpelado e teve os genitais arrancados. Depois foi morto. Granny Parker foi despida e fixada à terra perfurada por uma lança. Vários guerreiros a estupraram enquanto ela gritava.
A mulher de Silas Parker Lucy, fugiu por um portão com seus quatro filhos pequenos. Mas os comanches os alcançaram perto do rio. Eles jogaram ela e as quatro crianças sobre os cavalos para leva-los como prisioneiros”.
A crueldade comanche era tão intimidadora que quase todos os ataques de nativos eram atribuídos a eles. Texanos, mexicanos e outros índios que viviam na região todos desenvolveram um medo particular com lua cheia (até hoje conhecida como “lua comanche” no Texas) porque era quando os comanches saíam para roubar gado, cavalos e prisioneiros.
Eram famosos por suas torturas engenhosas, e o processo de tortura geralmente cabia às mulheres.
Os comanches assavam na fogueira soldados americanos e mexicanos até a morte. Outros eram castrados e escalpelados vivos. As torturas comanches mais agonizantes incluíam enterrar prisioneiros até o queixo e cortar suas pálpebras para que seus olhos fossem queimados pelo sol antes de morrerem de fome.
Relatos da época também descrevem que eles colocavam prisioneiros homens com as pernas e os braços abertos sobre ninhos de formigas lava-pés. Às vezes isso era feito depois de cortarem os órgãos genitais da vítima, enfiá-los em sua boca e costurar seus lábios.
Um bando costurou prisioneiros em couro cru e os deixou ao sol. O couro lentamente encolhia e esmagava os prisioneiros até a morte.
T R Fehrenbach cita um relato de espanhóis que descrevia comanches torturando índios tonkawa, segundo o qual eles queimavam as mãos e os pés da vítima até que os nervos estivessem destruídos, depois amputavam essas extremidades e recomeçavam o tratamento de fogo nas feridas vivas. Escalpelados vivos, os Tonkawas tinhas as línguas arrancadas para pararem de gritar.
Representação clássica: Clayton Moore como o Cavaleiro Solitário na década de 50 e Jay Silverheels, que fazia o papel de Tonto.
Os comanches sempre lutaram até a morte, pois esperavam o mesmo tratamento dos seus próprios prisioneiros. Os bebês eram quase sempre mortos nos ataques, embora dissessem que soldados e colonos eram tendentes a matar mulheres e crianças comanches, se deparassem com elas.
Os jovens comanches, incluindo prisioneiros, eram criados para se tornarem guerreiros e tinham que sobreviver a ritos sangrentos de passagem. As mulheres com frequência lutavam ao lado dos homens.
É possível que a violência dos comanches fosse em parte derivada dos seus encontros violentos com colonos espanhóis notoriamente cruéis, além de bandidos e soldados mexicanos.
Mas uma teoria mais convincente é a de que a falta de uma liderança central dos comanches induziu muito dessa crueldade. Os bandos comanches eram associações pouco rígidas de guerreiros/pilhantes, como uma confederação de pequenas gangues.
Em toda sociedade, adolescentes na casa dos vinte são os mais violentos, e mesmo se quisessem, os chefes tribais dos comanches não tinham como impedir seus jovens de cometer ataques.
Mas os comanches encontraram um adversário à altura com os rangers texanos. Brilhantemente retratados nos livros de Larry McMurtry da série Lonesome Dove, os rangers começaram a ser recrutados em 1823, principalmente para lutar contra os comanches e seus aliados. Eles eram uma tenaz força de guerrilha, tão impiedosa quanto seus adversários comanches.
Eles também os respeitavam. Um dos rangers personagens dos livros de McMurtry disse ironicamente a um homem que afirmou ter visto um bando de mil comanches: “Se um dia houvesse mil comanches em um bando, eles teriam tomado Washington”.
Os rangers do Texas muitas vezes saíram em desvantagem contra seus inimigos, até que aprenderam a lutar como eles, e até receberem o novo revolver Colt.
Durante a Guerra Civil, quando os rangers saíram para lutar pelos Estados Confederados, os comanches recuaram a fronteira americana e os assentamentos dos brancos em mais de 150 km.
Mesmo depois que os rangers voltaram e o exército americano se uniu às campanhas contra os comanches, o Texas perdeu uma média de 200 colonos por ano até a Guerra do Rio Vermelho em 1874, quando o exército com toda a sua força, além da destruição dos grandes rebanhos de búfalos dos quais os comanches dependiam, pôs fim às depredações.
Curiosamente, os comanches, embora hostis a todos os outros povos que encontravam, não tinham senso de raça. Eles complementavam seus números com jovens americanos e mexicanos capturados, que se tornavam integralmente membros da tribo se tivessem potencial para a guerra e fossem capazes de sobreviver aos ritos de iniciação.
Os prisioneiros mais fracos podiam ser vendidos a comerciantes mexicanos como escravos, porém geralmente eram mortos. Mas apesar da crueldade, alguns dos jovens capturados que mais tarde eram resgatados se viam incapazes de se adaptar à vida “civilizada” dos colonos e fugiam para se reunir aos seus irmãos.
Um dos grandes chefes comanches, Quanah, era filho de uma branca capturada, Cynthia Ann Parker. Seu pai foi morto em um ataque feito pelos rangers, o que resultou no resgate de sua mãe da tribo. Ela nunca se adaptou à vida na civilização e parou de comer até a morte.
Versão maquiada: Depp disse que queria caracterizar Tonto
de uma maneira mais simpática.
Quanah se rendeu ao exército americano em 1874. Ele se adaptou bem à vida em uma reserva, e os comanches, surpreendentemente, se tornaram uma das tribos mais economicamente bem-sucedidas e assimiladas.
Como resultado, as principais reservas comanches foram fechadas em 1901, e os soldados comanches serviram no exército americano com distinção nas Guerras Mundiais. Até hoje eles estão entre os americanos nativos mais prósperos, notórios pela educação.
Ao interpretar a tribo indígena mais cruel e agressiva como meros inocentes vítimas da opressão, Johnny Depp perpetua o mito condescendente e ignorante do “bom selvagem”.
Isso não só é uma caricatura da realidade, mas não ajuda em nada os índios que Depp quer tão avidamente apoiar.