Companhia reportou resultados abaixo do esperado e alvacangem preocupante, mas anúncio de deliberação de nova metodologia deixa números do terceiro trimestre em segundo plano
A Petrobras (PETR3;PETR4) reportou um lucro líquido de R$ 3,39 bilhões, bem abaixo da expectativa do mercado, registrando uma queda de 39% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Contudo, avaliam os analistas, estes números perdem importância em meio ao anúncio da companhia de que irá propor uma mudança na metodologia de reajuste de preços.
Conforme destaca a equipe de análise da XP Investimentos, o abastecimento foi o grande vilão, em meio aos maiores custos com aquisição e transferência de petróleo decorrentes da apreciação do dólar frente ao real associada à elevação das cotações internacionais da commoodity, bem como a maior participação de derivados importados no mix de vendas para atender a demanda sazonal, determinaram o aumento do resultado negativo.
Além disso, o endividamento é outro ponto preocupante, com a companhia atingindo uma relação entre dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) de 3,05 vezes; com a entrada no campo do pré-sal de Libra, essa relação pode aumentar para 3,14 vezes, mais um motivo de receio.
Conforme ressaltam os analistas da HSBC, a alta alavancagem da companhia continua a ser preocupante; a relação entre o endividamento líquido e patrimônio líquido encerrou em 35%, acima do patamar de 35% desejado pela companhia. Desta forma, os analistas Luiz Carvalho e Filipe Gouveia mantêm a cautela com as ações da empresa, reiterando recomendação neutra para os papéis e com preço-alvo de R$ 17,00 para os ativos preferenciais, preferidas em relação às ONs. Isso porque, de acordo com eles, o resultado ruim do trimestre deve limitar as chances de maiores dividendos para as ações ordinárias.
"O resultado da companhia veio abaixo das expectativas, principalmente em decorrência da redução do lucro operacional", destaca a analista Carolina Flesch, do BB Investimentos. Contudo, aponta a analista, os próximos balanços da estatal deverão ser positivamente impactados pela retomada da produção de óleo e LGN, já observada no mês de setembro, levando a uma alta na produção de 3,7%, e pela continuidade dos programas estruturantes (Programa de Desinvestimentos e Programa de Otimização de Custos Operacionais).
Porém, resultado importa menos em meio à perspectiva de reajuste
Apesar dos resultados ruins, os analistas são unânimes em dizer que o resultado será ofuscado pela perspectiva de mudança na metodologia de reajuste, de modo a dar "maior previsibilidade do alinhamento de preços domésticos do diesel e da gasolina aos preços internacionais".
Para os analistas do HSBC, a proposta tem maior relevância para as perspectivas da companhia do que o resultado em si. As questões a serem colocadas agora é de que com que ritmo e quando as mudanças serão implementadas. O prazo fixado pela administração para analisar a proposta é 22 de novembro.
"Não há como negar que a nova metodologia de precificação é positiva para Petrobras, pois acreditamos que isso poderia levar a muito maior visibilidade sobre o alinhamento de preços do mercado interno com os preços do mercado internacional", destacam os analistas, ressaltando também o aumento da produção para o próximo ano.
Conforme destacam os analistas do Credit Suisse, Vinicius Canheu e André Sobreira, o terceiro trimestre pode representar uma transformação, mas não por causa dos números, e sim porque a mudança de metologia pode mudar a perspectiva sobre a tese de investimento para a companhia.
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