terça-feira, 30 de dezembro de 2014


O PT e a versão bananeira do Pacto de Varsóvia (*) Percival Puggina



Descobri, há bom tempo, que o Partido dos Trabalhadores tem conceitos próprios sobre democracia e Estado de Direito. Para o PT, democracia é algo que só acontecerá quando ele, partido, exercer a hegemonia e controlar todos os instrumentos do poder. Enquanto isso não se concretiza plenamente, o PT vai manipulando os meios que o regime vigente propicia ao curso de seu projeto.

Graças a isso, o partido conseguiu não ser apenas o PT. Ele é o PT e mais um vasto conjunto de corpos sociais que gravitam ao seu redor. São sindicatos e centrais sindicais; instituições culturais e de ensino; movimentos sociais e grupos minoritários que ele transforma em grupos de pressão a seu favor; grêmios estudantis, diretórios, centros acadêmicos e uniões de estudantes; partidos políticos sem anticorpos contra o uso de recursos públicos; organizações não governamentais; entidades relacionadas às políticas de gênero, ligas pró-aborto e defensoras da liberação das drogas; igrejas e órgãos de peso como a CNBB e a OAB que, convertidos ao rebanho, se entregam à alcateia. Ah, e os conselhos capturados pelo PT! Eles se revelam tão úteis que o partido, agora, pretende “empoderá-los” (coisas da novilíngua petista…) em todo o aparelho estatal federal. A isso e a outro tanto que resultaria exaustivo relacionar, juntam-se, sempre que necessário, organismos e instituições internacionais de isenção mais do que duvidosa.
Para o PT, democrática é toda manifestação desse grupo aí acima. Democrático é o que faz cada tentáculo seu. Ouvi-los, para o PT, é ouvir o povo. E quem o nega passa a ser tratado como cordeiro intrometido no riacho do lobo, acusado das piores ações e intenções.
Tão estranho quanto a democracia petista é o “Estado de Direito” petista. Nele, Direito é o que o partido quer. Por bem ou por mal. Perguntem ao companheiro João Pedro Stédile que, nesses assuntos, fala pelo partido. E Estado de Direito é algo que vai até onde o PT quer. Por bem ou por mal. Sobre essa parte conversem com o companheiro Gilberto Carvalho. O Estado de Direito petista é moldável e elástico segundo suas necessidades. Procurem um pouco e não será difícil encontrar por aí traços comuns aos três totalitarismos do século passado.
Mas no jogo que o PT joga, o Brasil é apenas uma peça do tabuleiro. O jogo tem pretensões maiores. Começou em 1990 com o Foro de São Paulo, promovendo uma convergência multifacetária da esquerda na América Latina e desaguou na União das Nações Sul-Americanas, criada em 2006. Em mais recente estágio, no dia 5 de dezembro, em Quito, com a presença de Dilma, esse organismo, que congrega os países do continente, decidiu criar um programa de formação de quadros militares.
Trata-se da Escola de Defesa, que tem dois objetivos explícitos: produzir uma unidade interna que elimine possíveis conflitos intrarregionais e fortalecer a América do Sul contra o inimigo externo, vale dizer, contra o inimigo ianque. Procure no Google por Unasul e por “Escola de Defesa” (em espanhol e em português), e encontrará informação suficiente. Esse estrupício foi instituído pelo bloco para que o conjunto das Forças Armadas de todos os países componham algo que outra coisa não é senão uma versão bananeira do Pacto de Varsóvia.

Banânia Bolivariana, cúmplice de ditaduras. Ou:"Da prisão, líder da oposição afirma que Venezuela está à beira de colapso"


leopoldo_lopez_01Boca no trombone – Em carta publicada na última quinta-feira (25) no jornal norte-americano “The Wall Street Journal”, o líder da oposição venezuelana,Leopoldo López, afirma que o país está “à beira de um colapso econômico e social”. O texto, escrito na prisão militar em que o oposicionista está encarcerado desde fevereiro, pede que países vizinhos, como o Brasil, se envolvam na causa e destaca que “o silêncio os torna cúmplices” do que se passa na Venezuela.
López diz que a atual crise, que inclui desabastecimento de produtos básicos e explosão da inflação e da criminalidade, não está sendo causada pela queda do preço do petróleo, mas por 15 anos de um governo que ele chama de autoritário e hostil aos direitos humanos.
“O caminho da Venezuela rumo à ruína foi pavimentado anos atrás por um movimento que desmantelou os direitos humanos mais básicos e as liberdades em nome de uma visão ilusória de fazer o bem para as massas através de um poder centralizado”, diz López, referindo-se ao período de governo de Hugo Chávez e seu sucessor e atual presidente, Nicolás Maduro.
Leopoldo López está preso
No texto, publicado pelo jornal americano sob o título de “Carta de uma prisão venezuelana”, López faz um histórico das perseguições políticas em seu país sob o comando do Partido Socialista Unido da Venezuela e lembra casos como o da juíza Mary Lourdes Afiuni, que foi presa por tomar decisões que desagradaram o governo.
O líder da oposição diz que o desmantelamento das instituições e as restrições às liberdades eram descritos como “sacrifícios em nome do bem coletivo”, mas que agora o argumento não se sustenta, na medida em que o país passa por uma grave crise econômica e social.
“A comunidade internacional tem um importante papel, principalmente os nossos vizinhos da América Latina”, diz López. “Organizações como a Unasur e o Mercosul devem sair dos bastidores. Países como o Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru e Argentina precisam se envolver”, conclama o ex-prefeito de Chacao, distrito da capital Caracas.
Nesta sexta-feira (26), o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, um crítico frequente dos Estados Unidos, parabenizou os irmãos Castro pela reaproximação entre Cuba e os Estados Unidos, mas alertou que o embargo econômico imposto à ilha ainda deve durar muito tempo. (Com Rádio France Internationale)







segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Por que o marxismo odeia o Cristianismo? (Eguinaldo Hélio Souza.)


O marxismo autêntico sempre odiou e sempre odiará o cristianismo autêntico. Se não puder pervertê-lo, então terá que matá-lo. Sempre foi assim e sempre será assim.

E por que essa oposição manifestada ao cristianismo por parte do marxismo? Por que o ódio filosófico, a política anticristã, a ação assassina direcionada aos cristãos? Por que o país número um em perseguição ao cristianismo não é muçulmano e sim a comunista Coréia do Norte?

As pessoas se iludem quando pensam no marxismo como doutrina econômica ou política. Economia e política são meros pontos. Marx não acreditava ter apenas as resposta para os problemas econômicos. Acreditava ter todas as respostas para todos os problemas.

Marxismo na verdade é uma crença, uma visão de mundo, uma fé. O socialismo nada mais é do que a aplicação dessa fé por um governo totalitário. O comunismo, por sua vez, é apenas a escatologia marxista, o suposto mundo paradisíaco que brotaria de suas profecias.

E esta fé não apresenta o caráter relativista de um hinduísmo ou de um budismo. Tendo nascido dos pressupostos cristãos, o marxismo roubou seus absolutos e se apresenta como a verdade absoluta, como o único caminho para redenção da humanidade. E ainda que tenha se apossado dos pressupostos cristãos, inverteu tais pressupostos tornando-se uma heresia anticristã.

No lugar do teísmo o ateísmo, no lugar da Providência Divina o materialismo dialético. Ao invés de um ser criado à imagem e semelhança de Deus, um primata evoluído cuja essência é o trabalho, o homo economicus. O pecado é a propriedade privada, o efeito do pecado, simplesmente a opressão social. O instrumento coletivo para aplicar a redenção não é a Igreja, mas o proletariado, que através da ditadura de um Estado “redentor” conduziria o mundo a uma sociedade sem classes. E o resultado seria não os novos céus e a nova terra criados por Deus, mas o mundo comunista futuro, onde o Estado desaparecerá, as injustiças desaparecerão e todo conflito se transformará em harmonia. Está é a fé marxista, um evangelho que não admite rival, pois assim como dois corpos não ocupam o mesmo espaço, duas crenças igualmente salvadoras não podem ocupar o mesmo mundo, segundo o marxismo real.

Sim, o comunismo de Marx era um evangelho, a salvação para todos os conflitos da existência, fosse o conflito entre homem e homem, homem e natureza, nações e nações. Assim lemos em seus Manuscritos de Paris:

O comunismo é a abolição positiva da propriedade privada e por conseguinte da auto-alienação humana e, portanto, a reapropriação real da essência humana pelo e para o homem… É a solução genuína do antagonismo entre homem e natureza e entre homem e homem. Ele é a solução verdadeira da luta entre existência e essência, entre objetivação e auto-afirmação, entre liberdade e necessidade, entre indivíduo e espécie. É a solução do enigma da história e sabe que há de ser esta solução.

E como o marxismo nega qualquer transcendência, qualquer realidade além desta realidade, seu “paraíso” deve se realizar neste mundo por meio do controle total. Não apenas o controle político e econômico, mas o controle social, ideológico, religioso. Não pode haver rivais. Não pode haver cristãos dizendo que há um Deus nos céus a quem pertencem todas as coisas e que realizou a salvação através da morte e ressurreição de Cristo. Não pode haver outra visão de mundo que não a marxista, não pode haver outra redenção senão aquela que será trazida pelo comunismo. O choque é inevitável.

Está é a raiz do ódio marxista ao cristianismo. Seu absolutismo não permite concorrência. David H. Adeney foi alguém que viveu dentro da revolução maoísta (comunista) na China. Ele era um missionário britânico e pode ver bem de perto o choque entre marxismo e cristianismo no meio universitário, onde trabalhou. Chung Chi Pang, que prefaciou sua obra escreveu:

“(…) a fé cristã e o comunismo são ideologicamente incompatíveis. Assim, quando alguém chega a uma crise vital de decisão entre os dois, é inevitavelmente uma questão de um ou outro (…) [o autor] tem experimentado pessoalmente o que é viver sob um sistema político com uma filosofia básica diametralmente oposta à fé cristã”

Os marxistas convictos sabem da incompatibilidade entre sua crença e a fé cristã. Os cristãos ainda se iludem com uma possível amizade entre ambos. “… para Marx, de qualquer forma, a religião cristã é uma das mais imorais que há”. (Mclellan, op. Cit., p.54). E Lenin, que transformou a teoria marxista em política real, apenas seguiu seu guru:

“A guerra contra quaisquer cristãos é para nós lei inabalável. Não cremos em postulados eternos de moral, e haveremos de desmascarar o embuste. A moral comunista é sinônimo de luta pelo robustecimento da ditadura proletária”

Assim foi na China, na Rússia, na Coreia do Norte e onde quer que a fé marxista tenha chegado. Ela não tolerará o cristianismo, senão o suficiente para conquistar a hegemonia. Depois que a pena marxista apossar-se da espada, então essa espada se voltará contra qualquer pena que não reze conforme sua cartilha.

Os ataques aos valores cristãos em nosso país não são fruto de um acidente de percurso. É apenas o velho ódio marxista ao cristianismo, manifestando-se no terreno das ideias e das discussões, e avançando no terreno da legislação e do discurso. O próximo passo pode ser a violência física simples e pura. Os métodos podem ter mudado, mas sua natureza é a mesma e, portanto, as conseqüências serão as mesmas.

Se nós, cristãos, não fizermos nada, a história se repetirá, pois como alguém já disse, quem não conhece a história tende a repeti-la. E parece que mesmo quem a conhece tende a repeti-la quando foi sendo anestesiado pouco a pouco pelo monóxido de carbono marxista. Será que confirmaremos a máxima de Hegel, que afirmou que a “história ensina que não se aprende nada com ela”?

A teologia do estado no Novo Testamento – Romanos 13 e a “submissão” aos governos (Norman Horn)


OB-PH622_statue_H_20110824113244.jpgNa primeira parte deste artigo, foi examinada a natureza do estado nos Evangelhos, com especial atenção às tentações de Cristo e à famosa passagem do "Dai a César".  Nesta parte final, o objeto da análise será Romanos 13.  Ao final, uma aplicação possível será proposta.
Os ensinamentos de Paulo sobre o Estado
Ao passo que os Evangelhos pressionam o leitor a desenvolver por conta própria uma teologia completa e meticulosa sobre como os cristãos deveriam interagir com o estado, as epístolas de Pedro e Paulo tratam dessas questões de forma mais aprofundada.
Romanos 13:1-7 é a exposição mais explícita no que diz respeito ao governo civil. Outras escrituras importantes incluem Tito 3:1-3, 1 Timóteo 2:1-3 e 1 Pedro 2:11-17. Contudo, em nome da brevidade, somente Romanos 13 será examinada em detalhe. A seguinte análise beneficiou-se grandemente da obra do Dr. John Cobin, especificamente dos livros Bible and Government (tradução livre: "Bíblia e Governo") e Christian Theology of Public Policy (tradução livre: "A Teologia Cristã da Política Pública"), os quais, na opinião deste autor, oferecem a melhor e mais completa tentativa de integrar essa passagem (Romanos 13) a uma compreensão consistente da teologia da política pública.
Paulo era um cidadão romano de nascimento, e chegou até mesmo a usar sua cidadania a seu favor em uma ocasião em Atos 22 e 23. Ainda assim, ele era o "hebreu dos hebreus" e um fariseu no que tange à lei de Deus (Filipenses 3:5). Por isso, era de se esperar que ele, como os fariseus nos Evangelhos, fosse um tanto rancoroso com relação aos romanos por causa de seu domínio sobre as terras de Israel.  No entanto, em Romanos 13, Paulo parece ser bastante positivo em relação ao domínio romano.  Uma leitura "desatenta" do texto pode levar uma pessoa a acreditar que o estado é uma força muito positiva na sociedade e talvez mesmo uma instituição divinamente ordenada, da mesma forma que a família e a igreja o são.
Todavia, não creio que esse tipo de interpretação seja justificável. Exortações apostólicas com relação ao governo civil não podem ser facilmente conciliadas com uma leitura direta dos textos do Novo Testamento. Caso contrário, a conclusão seria a de que os apóstolos ou estavam errados — falando dentro de um contexto cultural irrelevante — ou eram simplesmente loucos. Quando se considera o verdadeiro contexto histórico de Romanos 13 — em vez de fazer apenas uma leitura descontextualizada das escrituras —, uma leitura totalmente diferente emerge.
Para ilustrar esse ponto, como seria a interpretação caso os termos "autoridades governamentais", "governantes" e os pronomes pessoais fossem substituídos pelos nomes do imperador e dos reis daquele tempo, a saber, Nero, Herodes e Agrippa? O texto diria o seguinte:
Todos devem sujeitar-se a Nero e Herodes, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas. Portanto, aquele que se rebela contra Nero e Herodes está se opondo contra o que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. Pois Nero e Herodes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal.
Você quer viver livre do medo de Nero e Herodes? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. Pois são de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois elesnão portam a espada sem motivo. São servos de Deus, agentes da justiça para punir quem pratica o mal.
Portanto, é necessário que sejamos submissos a Nero e Herodes, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. É por isso também que vocês pagam imposto, pois eles estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. Deem a cada um deles o que lhe é devido: se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra. (Romanos 13:1-7)
Como os cristãos atuais interpretariam esse trecho sabendo que Nero estava no poder nos tempos dos escritos de Paulo?  Como lidar com o problema de que Nero matou boas pessoas — a saber, cristãos — e, ao mesmo tempo, tal passagem claramente diz que o governo civil recompensa e protege aqueles que fazem o bem? Claramente, o problema de interpretação não pode ser resolvido recorrendo a uma máxima tão simplista quanto "faça o que o governo ordena". Tanto o Velho quanto o Novo Testamento manifestam que isso não é certo ou verdadeiro em várias ocasiões. Alguns exemplos incluem:
  • Hebreus desafiando os decretos do Faraó ordenando o assassinato dos recém-nascidos (Êxodo 1)
  • Rahab mentindo para o Rei de Jericó sobre os espiões hebreus (Josué 2)
  • Ehud enganando os ministros do rei e assassinando o próprio rei (Juízes 3)
  • Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego recusando-se a cumprir os decretos do rei, e sendo miraculosamente salvos duas vezes (Daniel 3 e 6)
  • Os Reis Magos do Oriente desobedecendo às ordens diretas de Herodes (Mateus 2)
  • Pedro e João escolhendo obedecer a Deus em vez dos homens (Atos 5)
O texto de Romanos 13 pode ser mais bem compreendido ao se entender o contexto histórico e a razão evidenciada por meio das escrituras e da experiência, em vez de se fazer uma interpretação "crua" como a maioria dos cristãos costuma fazer.
1 Todos devem sujeitar-se às autoridades governamentais, pois não há autoridade que não venha de Deus; as autoridades que existem foram por ele estabelecidas.
O verso 1 diz que as autoridades governamentais são instituídas por Deus. A mensagem principal de Paulo aos cristãos, todavia, não é que os governos/estados são especialmente instituídos da mesma forma que o são a família e a igreja, mas sim que o estado não está operando fora dos planos de Deus. Nesse sentido, o estado é divinamente instituído da mesma foram que Satã é divinamente instituído. Deus não é surpreendido quando os estados agem da forma como agem. Como notado, especificamente nos Evangelhos, o estado é entendido, no decorrer de todos os livros, como sendo intimamente ligado a Satã e a seu reino, e patentemente oposto ao Reino de Deus. O status do estado dentro do plano final de Deus não legitima o mal que ele comete.
Uma submissão ao governo civil, portanto, é permitida. A ordem é obedecer em termos gerais; mas em ocasiões iremos desobedecer a algumas políticas públicas por causa de nossas convicções pessoais e religiosas. Os cristãos devem obedecer à maioria das políticas sempre e quando diretamente solicitados a fazê-lo, mas não devem prometer uma submissão ativa a toda e qualquer política pública. A submissão pode ser feita sempre que for conveniente, vantajosa e prática com relação aos homens, e glorificante perante Deus.
O doutor John Cobin explica que, "qualquer pecado de desobediência surge somente quando uma ação não é prudente, envolve má administração, requer a negação dos deveres familiares ou prejudica o principal propósito do cristão em sua vida". (Christian Theology of Public Policy, 120).
2 Portanto, aquele que se rebela contra a autoridade está se opondo ao que Deus instituiu, e aqueles que assim procedem trazem condenação sobre si mesmos. 3 Pois os governantes não devem ser temidos, a não ser por aqueles que praticam o mal. Você quer viver livre do medo da autoridade? Pratique o bem, e ela o enaltecerá. 4 Pois é serva de Deus para o seu bem. Mas, se você praticar o mal, tenha medo, pois ela não porta a espada sem motivo. É serva de Deus, agente da justiça para punir quem pratica o mal.
Os versos 2-4 indicam que, se você lutar contra o estado, você despertará a sua ira, mas se você se comportar da maneira como o estado desejar, você será protegido.  Em muitos pontos, o que o estado define como bom e mau pode ser diametralmente opostos ao que Deus define como bom e mau. Mas o que Paulo está falando aos cristãos de Roma é que, se você fizer algo que o governo romano define como mau, então provavelmente você será punido.
Não podemos abstrair esse verso do seu contexto cultural e torná-lo um requisito absoluto para todas as culturas, em qualquer época da história.  Fazê-lo significaria tornar os cristãos submissos a políticas públicas ruins. Não existe uma razão convincente para pensar que Paulo estava deliberadamente escrevendo a respeito de outros governantes senão aqueles do Império Romano.
Paulo sabia muito bem do poder de Nero e do potencial estrago que ele poderia causar aos cristãos de Roma — Paulo o chama de "a espada" —, de modo que ele não quer que os cristãos sejam perseguidos por qualquer outra coisa que não seja o nome de Cristo e o que Ele defende.  Paulo, no entanto, recorda aos cristãos romanos que até mesmo o temível poder do estado não está acima do poder de Deus. Sua mensagem a eles é a mesma deRomanos 8:28, que diz que "Sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que O amam, dos que foram chamados de acordo com o Seu propósito". O estado pode, com efeito, ser um meio de santificação para a igreja do Senhor.
5 Portanto, é necessário que sejamos submissos às autoridades, não apenas por causa da possibilidade de uma punição, mas também por questão de consciência. 6 É por isso também que vocês pagam imposto, pois as autoridades estão a serviço de Deus, sempre dedicadas a esse trabalho. 7 Deem a cada um o que lhe é devido: Se imposto, imposto; se tributo, tributo; se temor, temor; se honra, honra.
Os versos 5-7 expandem as razões para submeter-se e inclui razões práticas pelas quais os cristãos romanos deveriam responder à mensagem de Paulo. Cobin diz, "a razão pela qual devemos nos submeter ao governo é para evitar a violência ou a preocupação de ser agredido pela autoridade estatal. Deus não deseja que nos misturemos com as questões desse mundo a ponto de que tal envolvimento nos desvie da nossa missão principal". (Christian Theology of Public Policy, 125).
A palavra "consciência" no verso deveria ser interpretada de forma similar a 1 Coríntios 10 (que trata de sacrifícios de alimentos a ídolos). Os cristãos estavam preocupados com a possibilidade de o estado romano encontrar alguma razão legal para persegui-los. Não se pode utilizar esse verso em um sentido absoluto para dizer que os cristãos nunca poderão participar de um movimento para remover uma autoridade do poder, tal como, por exemplo, a Revolução Americana. Paulo também encoraja os cristãos "a vencer o mal com o bem" como entendido em Romanos 12:21 (isso inclui uma autoridade maligna), e trabalhar para ser livres sempre que possível (1 Coríntios 7:20-23)
Paulo também aconselha submeter-se a pagar tributos pela mesma razão: evitar a fúria do estado e assim poder viver para Deus.  O indivíduo não gosta de pagar tributos, mas, para não ser perseguido pelo estado, paga.  Da mesma forma "paga a quem for o que lhe for de direito" é ordenado pelo mesmo propósito, especialmente considerando o tumulto político daquele tempo.
Mas isso significa que uma pessoa peca se cometer um erro na declaração do IR? Paulo provavelmente diria que não. Os tributos modernos são muito diferentes dos romanos. Na verdade, a palavra grega para "impostos" no verso 7 é mais próxima de "tributo", mais especificamente o imposto de capitação (ou "por cabeça") do censo distrital romano.  Os romanos enviavam soldados de cada em casa, contavam os moradores, calculavam o tributo e demandavam pagamento imediato.  Se o cristão não consentisse, então ele, sua família, e possivelmente mesmo seus companheiros crentes enfrentariam sérios problemas.
Paulo pediu que não houvesse resistência contra esses homens quando fizessem isso; que os impostos simplesmente fossem pagos.  Recusar-se a pagar faria apenas com que os cristãos fossem identificados como parte dos rebeldes e dos trapaceiros daquele dia, e daria aos Romanos razões para perseguir os cristãos em Roma e talvez em todo o Império.  Paulo queria que os cristãos romanos evitassem chamar a atenção e se tornassem alvos governamentais.
Como princípio geral, os cristãos modernos deveriam fazer o mesmo quando há uma ameaça imediata da coerção estatal, seja na forma de tributos ou de qualquer outra intimidação. Contudo, os tributos modernos não têm sempre essa característica; tributos e tarifas não são formas culturalmente transcendentes de pagamentos ao estado. Por isso, uma pessoa não está pecando se cometer um erro em sua declaração do IR. Cobin vai ainda mais longe e diz que alguns tributos podem ser completamente desconsiderados sem culpa. (Christian Theology of Public Policy, 129).
Romanos 13 não é uma declaração abstrata e universal que demanda submissão a todos os tipos de leis estatais, em todos os lugares, em todas as circunstâncias, em todos os momentos. Tampouco é uma prescrição para qual forma particular de governo é sancionada por Deus ou sobre como os estados deveriam agir. O contexto e o fraseado histórico requerem mais cuidados daqueles que se propõe a discursar sobre como deve ser a submissão de um cristão ao estado.
A obediência cristã ao governo tem como objetivo a vivência pacífica e a manutenção da honra do nome de Deus. Cristãos não são obrigados a seguir todos os tipos de políticas públicas.  No que mais, cristãos não devem seguir alguma lei que vá contra a lei de Deus.  Se os cristãos forem perseguidos, que isso ocorra em nome de Cristo e daquilo que ele representa, e não pela recusa a seguir alguma lei quando ela acarreta ameaça direta de ação estatal. 
Conclusão
Desenvolver uma teologia do estado baseando-se em uma análise do Novo Testamente é compreensivelmente difícil.  Examinando os evangelhos, vemos que o Estado não é relacionado ao Reino de Deus de nenhuma maneira; com efeito, o estado alia-se a Satã em direta oposição a Deus.
Finalmente, uma compreensão completa de Romanos 13, sob o seu devido contexto, nos ajuda a tomar melhores decisões dentro da estrutura governamental na qual nos encontramos.

A teologia do estado no Novo Testamento - O que realmente era o "Dai a César" (Norman Horn)


007.jpgIntrodução
As questões envolvendo igreja e estado continuam a ser fonte de muitos conflitos entre cristãos, o que resulta em uma grande confusão sobre o que exatamente uma teologia bíblica do estado e das políticas públicas deveria tratar.
A confusão frequentemente induz a respostas inadequadas sobre questões importantes que dizem respeito à relação dos cristãos com o governo, tais como 1) qual tipo de governo um cristão deveria apoiar?, 2) qual política pública deveria ser obedecida?, 3) o que significa a submissão ao governo?
São muitos os cristãos que tentam justificar sua filosofia política citando Romanos 13 ou suas variações.  À primeira vista, essa parece ser uma solução aceitável — Paulo aparentemente apoia a submissão ao governo. Mas como reconciliamos essa passagem com o inegável fato de que indivíduos que agiram dentro das estruturas coercivas dos estados foram os culpados pelas maiores ações criminosas e violentas na história da humanidade?
Na Alemanha, durante as décadas de 1930 e 1940, por exemplo, teólogos utilizaram Romanos 13 para encorajar a submissão ao regime nazista, especialmente por ele ter sido democraticamente eleito. Recentemente, um membro do parlamento do Zimbábue declarou que o corrupto ditador-presidente Robert Mugabe foi enviado por Deus e que, por isso, "não deveria ser desafiado nas próximas eleições".
Obviamente, essas são maneiras inapropriadas de se usar as escrituras.  Mas a questão para os cristãos é: como saber as diferenças? Devemos simplesmente concordar com o governo porque a Bíblia assim diz, ou há mais coisas em jogo?
Claramente, a igreja necessita de um arcabouço mais sólido para avaliar a natureza do estado e as consequências das políticas públicas.  Proponho começar esse processo com uma análise de algumas passagens do Novo Testamento que parecem abordar a relação dos cristãos com o governo civil.  Especificamente, comecemos por aquilo que encontramos nos Evangelhos e em Romanos 13.
Os Evangelhos e o estado
Para desenvolver uma teologia bíblica sobre o governo, o primeiro passo deveria ser o exame dos ensinamentos de Jesus.  Quais são as palavras e as atitudes de Jesus que nos ajudam a entender quais deveriam ser nossa reação ao governo?
Frequentemente, aqueles que desejam derivar dos Evangelhos princípios bíblicos sobre o governo recorrem às famosas passagens do "Dai a Cesar", um evento registrado em todos os Evangelhos Sinópticos (Mateus 22:15-22, Marcos 12:13-17, Lucas 20:20-26).
Mas seriam esses os únicos textos dos Evangelhos que merecem ser abordados no que diz respeito ao governo civil? Em minha opinião, não.  Também é possível obter informações importantes sobre a natureza do estado por meio das tentações de Jesus e uma breve comparação entre o Reino do Homem e o Reino de Deus.
Comecemos com uma análise das passagens do "Dai a César", examinando primeiro o texto de Mateus 22:15-22:
Então os fariseus saíram e começaram a planejar um meio de enredá-lo em suas próprias palavras.
Enviaram-lhe seus discípulos juntamente com os herodianos que lhe disseram: "Mestre, sabemos que és íntegro e que ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Tu não te deixas influenciar por ninguém, porque não te prendes à aparência dos homens. Dize-nos, pois: Qual é a tua opinião? É certo pagar imposto a César ou não?"
Mas Jesus, percebendo a má intenção deles, perguntou: "Hipócritas! Por que vocês estão me pondo à prova? Mostrem-me a moeda usada para pagar o imposto".
Eles lhe mostraram um denário, e ele lhes perguntou: "De quem é esta imagem e esta inscrição?"
"De César", responderam eles.
E ele lhes disse: "Então, dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus".
Ao ouvirem isso, eles ficaram admirados; e, deixando-o, retiraram-se.
Em Mateus, os fariseus enviaram alguns dos seus discípulos ao templo junto aos herodianos até Jesus com o intuito de "enredá-lo em suas próprias palavras" no templo. O Evangelho de Marcos diz que eles enviaram alguns dos fariseus e herodianos até Jesus, provavelmente os sumos sacerdotes, mestres da lei, e anciãos mencionadas em Marcos 11:27. Estranhamente, Lucas identifica os questionadores como "espiões" enviados pelos sacerdotes, mestres e anciãos. A identidade desses interrogadores não é trivial.  Com efeito, existiam diferenças filosóficas marcantes entre fariseus e herodianos. Os herodianos apoiavam o poder romano, já que por meio dele obtinham benefícios. Os fariseus, por outro lado, eram mais ambivalentes com relação aos romanos; os fariseus geralmente os toleravam desde que eles não se intrometessem nas práticas religiosas judaicas. Contudo, fariseus e herodianos uniram-se por causa de sua oposição conjunta a Jesus.
Em cada Evangelho, a pergunta é introduzida de forma diferente, mas o conteúdo da pergunta em si é sempre o mesmo: "é certo pagar impostos a César ou não?". A pergunta é muito inteligente. Os herodianos defendiam o pagamento de tributos; se Jesus respondesse "não", eles teriam motivos para prendê-lo por rebelião contra César. Por outro lado, de modo geral, os fariseus não gostavam de pagar tributos (embora fossem forçados a fazê-lo), e uma resposta "sim" resultaria em uma perda de apoio popular a Jesus.
Além disso, existe uma sutil expressão jurídica na pergunta: "é certo" ou, em algumas traduções, "é lícito". Em outras palavras, os fariseus estão perguntando: "é consistente com a Torá pagar tributos a César?" Todos os presentes estavam cientes da lei e das palavras de Levítico 25:23. "A terra [de Israel] não poderá ser vendida definitivamente, porque ela é minha, e vocês são apenas estrangeiros e imigrantes".
A pergunta agora é mais complexa porque a Torá pode estar em jogo.  Dado que César está tentando tomar a terra de Deus, não seria uma desobediência à Torá o pagamento de tributos a César?
Jesus percebeu a malícia da pergunta, é claro, e respondeu de forma astuta. Quando pede aos fariseus que mostrem a moeda, eles involuntariamente apresentam a evidência que expõe sua própria hipocrisia.  Jesus lhes pergunta qual imagem e inscrição está na moeda. Eles respondem, provavelmente relutantes: "de César".  Mas eles, e todos que ali estavam, perceberam seu erro, pois as inscrições dessas moedas sempre leriam, "Tibério Claudio César Augusto, filho do deificado Augusto, sumo sacerdote".
Os fariseus, dos quais se esperava a defesa da lei de Deus, trouxeram ao templo um item que efetivamente desobedece ao segundo mandamento: não terás nenhuma imagem ou ídolo, mostrando que, em seus corações, desobedecem também ao primeiro mandamento. Eles, não Jesus, são os hipócritas. Eles são os que aderiram ao sistema pagão romano.
Na estimativa do teólogo Thomas Long, a resposta de Jesus significa que "todo mundo tem de decidir entre César e Deus. Nenhum homem pode servir a dois mestres (Mateus 6:24). Você parece ter tomado sua decisão, forjado seu conveniente acordo. Mas e sua obrigação a Deus? Dar a Deus o que pertence a Deus. Escolha hoje a quem você servirá".
Se essa interpretação estiver correta, então não há uma diretriz clara para a resolução das questões igreja x estado.  De nenhuma forma as práticas do estado são aqui legitimadas.  Ao contrário, Jesus diz que quaisquer esquemas de divisão em vida que criamos devem ser terminados, e desencoraja o nacionalismo ou o jingoísmo como uma prática legítima da Igreja.  Podemos até viver sob um estado, mas pertencemos por inteiro a Deus que está acima de todos os estados. Sempre devemos dar a Deus o que é de Deus. 
Uma dica interessante sobre a natureza do estado pode ser vista nas tentações de Jesus (Mateus 4:1-11, Lucas4:1-13), pouco exploradas pela maioria dos estudiosos. Em Mateus, a terceira tentação de Cristo são "os reinos do mundo e seu esplendor", os quais Satã promete dar a Jesus caso ele seja subserviente a Satã.  Estranhamente, mesmo Satã sendo considerado o "príncipe [regente] desse mundo" (João 12:3114:3016:11), frequentemente não consideramos de forma sensata o que significa tal oferta.  Creio que Satã foi muito sincero em sua proposta: Jesus não considerou isso impossível. Jesus parece entender que os reinos do mundo realmente pertencem ao Satã, e nós não deveríamos pensar diferente.  Logicamente, isso significa que os reinos do mundo estão em inimizade com Deus.  Com efeito, você consegue encontrar comprovações disso de forma direta e indireta nas escrituras, em diversos textos.
O Antigo Testamento indica claramente que as religiões pagãs, frequentemente encorajadas por Satã por meio de suas feitiçarias e bruxarias, eram intimamente ligadas à liderança política nacional.  G.K. Chesterton concorda com essa interpretação e nos mostra evidências da história em seu livro o The Everlasting ManHerodes compreende que a criança Jesus é uma ameaça ao seu poder, e por isso ordena a morte de centenas, se não milhares de crianças, em uma tentativa de impedir essa insurreição (Mateus 2).
Além disso, o tema da Babilônia como um estado maligno sobre a influência de Satã permeia o livro do Apocalipse.  Em Apocalipse 18:4, por exemplo, Deus exorta Sua Igreja: "Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas".
Discutir brevemente as diferenças entre o reino dos homens e o Reino de Deus é um exercício ilustrativo. Um dos temas recorrentes nos Evangelhos, especialmente Mateus, é que Jesus é um rei que irá criar o Reino de Deus. Mas Jesus afirma explicitamente que "meu reino não é deste mundo... meu reino não é daqui (João 18:36). As "regras / leis do reino" como explicadas no sermão da montanha são diferentes de qualquer tipo de lei estatal que já existiu.
Além disso, não é função do cristão usar a força bruta para a vinda do Seu reino, mas sim "buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça" (Mateus 6:33). Os reinos do homem são fundados no poder e na violência, mas o Reino de Deus é fundado na humildade (Mateus 18:4), serviço (Mateus 20:26) e amor (João 13:35). Enquanto não podemos nos desvincular totalmente dos governos desse mundo, somos lembrados, mais uma vez, que "nossa cidadania, porém, está nos céus" (Filipenses 3:20).
Em suma, os ensinamentos práticos de Jesus sobre o governo civil são virtualmente inexistentes, mas os evangelhos fazem algumas colocações fortes sobre a natureza do estado que podem nos surpreender. O estado parece ter uma forte conexão com Satã e seu reino, e é antitético ao Reino de Deus, o qual condena o uso do poder para o ganho pessoal.

Contas do setor público têm pior novembro da história, revela BC (G1)

No mês passado, houve déficit primário de R$ 8,08 bilhões nas contas.
Em 12 meses até novembro, no conceito nominal, déficit é pior em 11 anos.


Influenciadas pelo fraco resultado do governo, as contas de todo o setor público consolidado - que englobam também os estados, municípios e empresas estatais - registraram o pior valor para meses de novembro desde o início da série histórica, em dezembro de 2001.
Segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (29), as contas públicas tiveram um déficit primário - receitas menos despesas, sem contar juros da dívida pública - de R$ 8,08 bilhões no mês passado. Até então, o menor superávit primário para meses de novembro havia sido registrado em 2008 – com um resultado negativo de R$ 967 milhões.
Parcial do ano
Já nos 11 primeiros meses deste ano, as contas do setor público registraram um déficit primário – receitas ficaram abaixo das despesas, mesmo sem contar juros da dívida – de R$ 19,64 bilhões, ainda segundo números divulgados pelo BC.
Foi a primeira vez desde o início da série histórica do BC (em 2002 para anos fechados), que as contas do setor público registraram um déficit nos 11 primeiros meses de um ano. Até o momento, o pior resultado, para este período, havia sido registrado em 2002 (superávit de R$ 53,73 bilhões).
Contas públicas em 2014 e novo ministro
Em um ano marcado por eleições, as contas públicas têm registrado forte deterioração devido ao aumento de gastos públicos, à ajuda à Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e ao baixo ritmo de crescimento da arrecadação – resultado do fraco nível de atividade da economia e das desonerações de tributos anunciadas nos últimos anos pelo governo federal. A queda no pagamento de concessões também influenciou o resultado de 2014.
O ministro nomeado da Fazenda, Joaquim Levy, declarou no mês passado que o objetivo imediato do governo é estabelecer uma meta de superávit primário para os três proximos anos que contemple a estabilização e declínio da dívida pública. Segundo ele, essa meta é fundamental para o aumento da confiança na economia e para a consolidação dos avanços sociais.
Levy fixou uma meta de superávit primário para o setor público de 1,2% do PIB para 2015 e de pelo menos 2% do PIB para 2016 e 2017, e disse que haverá diminuição de gastos, mas sem pacotes. Em 12 meses até novembro deste ano, segundo números divulgados pela autoridade monetária, o esforço fiscal do setor público somou R$ 9,23 bilhões, ou 0,18% do PIB.
Juros da dívida pública e resultado nominal
Segundo o Banco Central, apenas para pagar os juros da dívida pública, foram gastos R$ 264 bilhões (5,64% do PIB) nos 11 primeiros meses deste ano, contra R$ 248 bilhões (5,14% do PIB) no mesmo período de 2013.
Após as despesas com juros, conceito conhecido como "nominal", as contas públicas registraram um déficit de R$ 283 bilhões de janeiro a novembro deste ano, o equivalente a 6,06% do PIB. Em igual período do ano passado, o déficit nominal somou R$ 157 bilhões ou 3,25% do PIB.
Pior déficit nominal em 11 anos
Em 12 meses até novembro, o déficit nominal totalizou R$ 297 bilhões – 5,82% do PIB. Trata-se do pior resultado, em 12 meses, desde setembro de 2003 (6,03% do PIB) - ou seja, em mais de 11 anos.
Apesar disso, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, ao ser questionado sobre a possibilidade de rebaixamento da nota brasileira pelas agências de classificação de risco, disse que há "total tranquilidade quanto aos fundamentos do Brasil".
"O Brasil tem uma dívida líquida hoje bem melhor do que quando conquistou grau de investimento. Acho que a gente tem de fazer análise dos indicadores com base em fundamentos objetivos. A nossa dívida líquida é bem menor. Há analise dos títulos em mercado", declarou Augustin.
Dívida do setor público
A dívida líquida do setor público, indicador que fornece uma pista sobre o nível de solvência (capacidade de pagamento) de um país, somou R$ 1,84 trilhão (36,2% do PIB) em novembro deste ano - mesmo patamar de outubro. No fechamento de 2013, estava em R$ 1,61 trilhão ou 33,6% do PIB.
Já a dívida bruta, que inclui todos os passivos públicos, inclusive os títulos do Tesouro emitidos para injetar dinheiro no BNDES, encerrou o mês passado em R$ 3,21 trilhões, o que representou 63% do PIB, contra 62,4% em outubro. Em dezembro do ano passado, estava em 56,7% do PIB.
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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014









Esquerdistas. Ou:"Obama vem para salvar Castro" ( HUMBERTO FONTOVA)

Cada fragmento de evidência observável prova que viajar para Cuba e fazer negócios com essa máfia stalinista enriquece e consolida estes proprietários da economia de Cuba fortemente armados e treinados pela KGB.
 Só neste ano os russos perdoaram 30 bilhões de dólares que os Castro ainda os devia.
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Você notou o exato momento da salvação econômica dada por Obama a Castro, de acordo com o anúncio do dia 17 de Dezembro, sob o pretexto de "mudar [nossas] relações com o povo [a ênfase é minha] de Cuba"?
Não? Mas você tem observado os preços nas bombas de gasolina, certo? Estas duas questões estão intimamente ligadas. Ah, por falar nisso, todas as evidências indicam que o "povo" real de Cuba, na verdade, quer as sanções americanas contra o regime stalinista que o tortura [1]. Por isso, o presidente Obama deveria parar de insultar a inteligência dos Observadores de Cuba com a pretensão de falar e agir em nome deles. Eis a reação que tiveram nesta semana com o presente de Natal antecipado que Obama deu ao ditador stalinista que os tortura:
"Infelizmente, o presidente Obama tomou a decisão errada. A liberdade e a democracia não serão alcançadas para o povo cubano através dos benefícios dados por ele - não ao povo cubano - mas ao governo de Cuba. O governo cubano só vai aproveitar para fortalecer a máquina repressiva, reprimir a sociedade, o povo, e permanecer no poder" - Berta Soler, líder do "The Ladies in White", o maior grupo dissidente de Cuba.
"[Alan Gross] não foi preso pelo que ele mesmo fez, mas pelo que poderia ser ganho com a sua prisão. Ele era simplesmente uma isca, e eles estavam cientes disso desde o começo... O Castrismo venceu" - Yoani Sanchez, a dissidente cubana mais famosa no exterior.
"Sinto-me como se tivesse sido abandonado no campo de batalha" - Dr. Oscar Elias Biscet, ex-preso político cubano premiado com a Medalha Presidencial da Liberdade pelo Presidente Bush.
A lista de dissidentes cubanos apunhalados e indignados é muito, muito maior.
De qualquer forma, a Venezuela - o "papaizinho" [2] pós-soviético de Cuba - está atualmente em situação econômica difícil com a queda abrupta do preço do petróleo, seu principal produto de exportação. A salvação econômica do regime de Castro parece incerta, daí o "aqui vou eu para salvar o dia" do presidente Obama.
Mas vamos encará-lo. Por mais de meia década, o regime stalinista de Castro prendeu, torturou e assassinou milhares de pessoas (incluindo cidadãos americanos), mas a maioria dos americanos parece não dar a mínima. Muito bem. Então vamos consultar mais um dissidente cubano - um que consome um pouco de carne vermelha. Vamos avisar ao cidadão comum e à dona de casa (que de forma muito compreensiva acham todas essas coisas de direitos humanos relativas a um país estrangeiro totalmente irrelevantes) que talvez seja a hora de prestar mais atenção ao problema:
"Se os Estados Unidos permitem financiamento para Cuba, então seriam os contribuintes americanos que sustentariam o regime Castro. Uma vez que ele corre para bater à porta [por crédito], o regime Castro está focado agora nos Estados Unidos", declarou Rene Gomez Manzanoin, dissidente cubano e três vezes considerado prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional.
Bom, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, o lobby agrícola, o Council on Foreing Relations e os agentes de influência de Castro (e eu me repito) evitam de forma compreensiva esta questão como uma praga, daí a sua invisibilidade na mídia. Portanto, ouça: por mais de uma década, o chamado embargo americano, tão difamado pelo presidente Obama, estabeleceu que o regime stalinista de Castro pague um "adiantamento" [3] por todos os produtos agrícolas americanos através de um banco de terceiros; nenhum exportador-importador - contribuinte americano - financia vendas desse tipo. E é isso que enfurece Castro e motiva seus agentes de influência dos Estados Unidos [4].
Promulgada pela equipe de Bush em 2001, essa política de adiantamento [5] tem sido monumentalmente benéfica para os contribuintes americanos, colocando-os entre os poucos no mundo que não são trapaceados pelo regime Castro, que proporcionalmente à população é o maior devedor do mundo, com uma dívida externa estimada em 50 bilhões de dólares, uma classificação de risco próxima à da Somália e um registro ininterrupto de calotes. A Standard & Poors se recusa até mesmo a avaliar Cuba, considerando os dados econômicos apresentados pelo seu apparatchiks stalinista como absolutamente falsos. Só neste ano os russos perdoaram 30 bilhões de dólares que os Castro ainda os devia.
É interessante que um dissidente cubano possa compreender este assunto com mais precisão do que aqueles "defensores dos contribuintes americanos", Rand Paul e Jeff Flake, que aplaudiram fortemente o presente de Natal que Obama deu esta semana a Castro. Da Casa Branca, "Informe: Traçar um novo curso para Cuba":
* Instituições americanas terão permissão para abrir contas correspondentes em instituições financeiras cubanas para facilitar o processamento de transações autorizadas.
* A definição regulamentar do termo estatutário "dinheiro adiantado" será revisada para especificar que ele significa "dinheiro antes da transferência do título"; isso proporcionára um financiamento mais eficiente do comércio autorizado com Cuba.
Opa! Apesar de um pouco superficial, certamente soa como se estivéssemos nos movendo na direção contra a qual Rene Gomez nos alertou. Essa questão foi explicada recentemente com mais detalhes por um colunista do interior no SunNews network do Canadá [6].
Obama alega que temos "isolado" Cuba. Novamente, pare de insultar nossa inteligência, Senhor Presidente. A saber:
Em 1957, quando Cuba era uma "colônia econômica dos Estados Unidos", como é dito constantemente pela mídia (embora os investimentos americanos em Cuba representassem apenas 14% do PIB da ilha), os Estados Unidos exportaram 347,5 bilhões de dólares em valor de mercadoria para Cuba.
Em 2013 (quando Cuba estava sendo "estrangulada pelo bloqueio econômico americano", como constantemente é dito pela mídia), os Estados Unidos exportaram 457,3 milhões de dólares para Cuba. De fato, para cada ano de Obama no gabinete do "Cuba-embargo", os Estados Unidos exportaram mais bens para Cuba que em 1957.
Em 1957 (quando Cuba era um "parque de diversão para turistas americanos", como constantemente é dito pela mídia), 263.000 pessoas dos Estados Unidos visitaram Cuba.
Em 2013 (quando Cuba estava sendo diabolicamente "bloqueada" pelos Estados Unidos, de acordo com a mídia), estima-se que 500.00 pessoas dos Estados Unidos visitaram Cuba. Então, com Obama, visitam Cuba duas vezes mais pessoas que nos anos de ouro da década de 1950.
Em 1958, - com um "ditador apoiado pelos Estados Unidos", com os americanos "controlando a economia cubana" (de acordo com a mídia, embora, de fato, as companhias americanas empregassem 7% da força de trabalho de Cuba) - a equipe da embaixada dos Estados Unidos em Cuba era de 87 pessoas, incluindo os funcionários cubanos.
Hoje, que supostamente não há qualquer relação diplomática com Cuba (de acordo com a mídia) a equipe da Seção de Interesse dos Estados Unidos tem 351 pessoas, incluindo os funcionários cubanos. Na verdade, por mais de uma década os Estados Unidos tiveram o dobro de funcionários diplomáticos em Havana que no Canadá e no México juntos. Na zona cinzenta ocupada pela mídia americana isso é "isolamento diplomático".
De ordem executiva em ordem executiva, o presidente Obama já aboliu as restrições de viagens e envios do presidente Bush ao feudo patrocinador do terrorismo de Castro. Abriu o oleoduto a um ponto em que o fluxo de caixa dos Estados Unidos para Cuba foi estimado em 4 bilhões de dólares no último ano; enquanto Cuba - uma orgulhosa província da União Soviética - recebia anualmente de 3 a 5 bilhões de dólares dos Sovietes. Em resumo, quase todos os anos desde que Obama assumiu a presidência, escoou mais dinheiro dos Estados Unidos para Cuba que dos sovietes no auge do seu patrocínio à ilha caribenha. Na zona cinzenta ocupada pelos principais órgãos de mídia isso é conhecido como "embargo econômico".
Em suma, a demonstração é: registro de turismo e investimento estrangeiro em Cuba = registro de repressão do povo cubano. Cada fragmento de evidência observável prova que viajar para Cuba e fazer negócios com essa máfia stalinista enriquece e consolida estes proprietários da economia de Cuba fortemente armados e treinados pela KGB. Desta maneira, eles continuam sendo os mais empolgados guardiões do status quo do stalinismo e Patrocínio-do-Terror de Cuba.
Esta semana eles estão todos brindando com Obama, rindo e esfregando as mãos. Então, protejam suas carteiras, amigos [7].

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Liberdade x Igualdade - A Solução Final do PT (Milton Pires)


A Revolução Francesa nos trouxe o lema da "Liberdade, Igualdade e Fraternidade". Desde 1789 estamos acostumados a pensar nas três coisas juntas. Deixando a ideia de "fraternidade" de lado, acreditamos simplesmente no seguinte: "liberdade e igualdade andam juntas". Não pode existir liberdade entre desiguais e não pode haver igualdade quando as pessoas não são livres.

Esse é um raciocínio EXTREMAMENTE perigoso porque nos induz a pensar que, nas sociedades democráticas, apreciamos liberdade e igualdade da mesma maneira. Afirmo eu que isso NÃO É VERDADE. Digo que nada deixa alguém mais desesperado nas sociedades "democráticas" do que a "desigualdade".

Em nome da igualdade somos capazes de TUDO. Somos inclusive tentados a entregar nossas vidas privadas, nossas crenças e nossos destinos a um Estado "Santo", a uma ideologia e forma de Governo que nos garanta a "igualdade absoluta" através de uma espécie de "nova religião civil"...

Pensem comigo vocês que tem empresas. Vocês que trabalham, que têm filhos. O que os "desesperaria mais??" Saber que o Estado tributa empresas iguais de maneiras diferentes ou que a população inteira não pode mais ter armas??"

O que nos revolta mais? Nós e nossos vizinhos pagarmos um preço diferente pela mesma casa ou mesmo carro ou a tirania do voto obrigatório?? Não é isso a prova de que aquilo que nos desespera, aquilo que nos toca em PRIMEIRO LUGAR na sociedade em vivemos é a "falta de igualdade" e não a de "liberdade" ???

Vivemos num tempo e numa época em que, em nome da "igualdade", somos capazes de tudo - até aceitar a falta ABSOLUTA da mais básica de todas as liberdades: a de derrubar um governo corrupto que não mais nos representa. Ainda que não nos represente, ele parece garantir isso que parece nos bastar: a nossa absoluta "igualdade"..

Nada do escrevi acima é pensamento original meu. Aprendi isso lendo Tocqueville em "A Democracia na América"..De uma maneira geral eu diria que a lição deixada por ele é a seguinte: a Democracia parece ter começado numa sociedade (a Grécia) onde havia alguma liberdade entre cidadãos porque aceitava-se entre eles algumas poucas diferenças. Entre os escravos gregos a igualdade era absoluta pois para eles não havia liberdade alguma.

No Brasil Petista, as desigualdades estão desaparecendo. Apenas uma delas permanece: aquela entre quem governa e quem é governado - todos nós estamos nos tornando escravos. A igualdade "perfeita" está chegando e nossa liberdade desaparecendo: é a “Solução Final do PT”.

Natal 2014 (OLAVO DE CARVALHO)


Que poderia ser o melhor Natal da sua vida? Aquele em que você percebesse claramente a Presença de Deus. Que é a Presença de Deus? Ela é tantas coisas que todos os livros do mundo não bastariam para descrevê-la. De todas essas coisas, sei somente uma, uminha. Ela pode ser muito modesta no conjunto, mas para mim é a mais importante, justamente porque é a única que  conheço com a certeza absoluta de quem viveu a experiência e sabe do que está falando.

Vou tentar resumi-la. Espero que você goste deste presente de Natal.

É o seguinte. Quando você fala com alguém, não joga simplesmente palavras para todo lado, mas as dirige a uma pessoa determinada, da qual você sabe alguma coisa. Falar com Deus não é diferente disso. Você tem de se dirigir a Ele como a uma pessoa determinada, não um anônimo desconhecido que não está em parte alguma.

Você tem de se apegar a algo que você sabe de Deus com certeza, e falar a esse algo como se fosse Deus inteiro. É claro que não é, mas Deus não liga para isso. Quando falamos com seres humanos, é a mesma coisa. Você fala com esta pessoa, neste lugar, num momento determinado do tempo, como se o que estivesse diante de você fosse a pessoa inteira, do nascimento à morte, sabendo que não é, mas que de algum modo o que você diz a esse recorte de pessoa chega à pessoa inteira.

Pois bem, de Deus há uma coisa que sei com certeza, e é por esse canal que falo com Ele.

Na verdade são duas coisas.

A primeira é que Ele me conhece mais do que eu mesmo, e que nada que eu diga de mim para Ele será novidade. Ao contrário: conto um pedacinho da história e Ele me mostra o resto.

Só há um problema: Você quer mesmo saber tanta coisa a seu respeito? Se você não tem a firme disposição de aceitar o seu retrato tal como Deus o mostra, com todas as surpresas agradáveis e desagradáveis que Ele tem para lhe mostrar, Ele não lhe mostrará nada.

Às vezes queremos contar a Deus os nossos pecados, mas como podemos fazê-lo, se é o próprio Espírito Santo quem nos ensina quais são esses pecados? Às vezes pensamos que é um, e na verdade é outro. Uma boa coisa é pedir a Deus que lhe revele seus verdadeiros pecados, para que você os confesse. Nos dias seguintes você vai se lembrar de vários deles, que já tinham se perdido na memória ou que nunca estiveram lá.

Mas é claro que o que estou dizendo não se refere só a pecados. Você pode pedir que Deus lhe mostre quem você é. Só que, se Ele mostrar tudo de uma vez, não caberá no seu círculo de atenção. Portanto, peça que Ele lhe revele, de tudo quanto você é, só aquilo que Ele acha verdadeiramente importante que você saiba na presente etapa da sua vida.

A segunda coisa é essencial para que isso funcione.

Todos nós falamos de nós mesmos usando a palavra “eu”. O eu é o centro agente e consciente que tenta dirigir os nossos atos e pensamentos no meio de uma gigantesca confusão que vem do nosso inconsciente, do meio social, de fragmentos de conversas entreouvidas, da TV, do diabo. Ora, toda essa confusão está em nós, ela é nós de algum modo, mas não é o nosso “eu”. Isso quer dizer que cada um de nós só é um “eu” de maneira parcial e imperfeita. Somos muito imperfeitamente personalizados. Há muitos pedaços em nós que nos são estranhos, que são anônimos. Pedaços de nós que são coisa, e não pessoa.

Os bichos e coisas ao nosso redor não têm um eu. Não podem falar consigo mesmos, viver a vida interior de alguém que se conhece como centro agente, responsável, consciente, ao menos em parte, da sua história e co-autor consciente, espera-se, dos capítulos restantes.

De todos os seres e coisas, só o ser humano tem um “eu”, ainda que incompleto e imperfeito.

Deus, no entanto, tem um Eu completo e perfeito. Ele mesmo, por meio de Moisés, nos ensinou o Seu Nome, e esse nome é “Eu Sou”. Nele não há elementos estranhos, que Ele próprio desconheça. Em Deus não existe alteridade.

Mas se o Eu de Deus é completo e perfeito, e o nosso é parcial, fragmentário e imperfeito, isso quer dizer que só temos um eu por Graça de Deus, porque Ele nos conferiu, na medida das nossas possibilidades, uma capacidade que, a rigor, só Ele possui.

Foi nesse sentido que Paul Claudel, o poeta, disse: “Deus é Aquele que, em mim, é mais eu do que eu mesmo.”

Deus, portanto, não só sabe tudo a seu respeito, mas é d’Ele que vem a capacidade que você tem de falar consigo mesmo (e com Ele), a capacidade de possuir uma “intimidade” que nenhuma coisa ou bicho jamais terá.

Foi por isso que outro poeta, Antonio Machado, disse: “Quem fala consigo espera falar a Deus um dia.”

Um dia? Quando? Você salta da conversa solitária para a conversa com Deus no instante em que toma consciência de que: (a) está falando com Alguém que conhece você melhor que você mesmo; (b) está falando com Alguém que é a própria raiz, a fonte mais íntima da sua capacidade de conhecer-se e de falar consigo mesmo. Alguém que é mais você do que você mesmo. Então você descobre que Ele sempre esteve aí e que a única coisa que separava você d’Ele era o que o separava de você mesmo.

A partir desse instante, o falar consigo mesmo, na oração, é uma abertura para descobertas sem fim e para uma intensificação do seu eu, da sua consciência de si, da sua presença diante de si mesmo, dos outros eus, do mundo e do próprio Deus.

Descubra isto neste Natal e seja feliz