sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Reynaldo-BH: Confiram por que o leilão para explorar petróleo do campo de Libra — que o governo considerou “um sucesso” — foi, na verdade, um fracasso retumbante

Governo celebra "retumbante sucesso" do leilão do Campo de Libra -- "vamos pagar 6 Bi pelo que é nosso" (Foto: Marcos de Paula / Estadão)
O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (o segundo da esquerda para a direita) e representantes do consórcio vencedror celeram o “retumbante sucesso” do leilão do Campo de Libra: “vamos pagar 6 bi  pelo que já é nosso” (Foto: Marcos de Paula / Estadão)
Post do leitor Reynaldo-BH
SEGUNDO PREVISÕES DE GUIDO MANTEGA, O LEILÃO DE LIBRA FOI UM RETUMBANTE SUCESSO
Post-do-Leitor1Acho que o leilão do campo petrolífero de Libra foi mesmo, julgando pelos parâmetros do ministro da Fazenda, Guido Mantega, “um sucesso”.
Só pelos parâmetros dele
Fora qualquer ilação, que tal – ao menos uma vez – irmos direto aos fatos?
1 – O governo anunciou que 40 empresas concorreriam
Quando da apresentação do sistema de partilha para a exploração do maior campo de petróleo do pré-sal até agora conhecido, o governo anunciou pomposamente que esperava o aparecimento de quarenta empresas ávidas em concorrer. Das quarenta, foram ao leilão quatro… (10%) — e ainda mais associadas em um único consórcio.
Parece-me dentro dos índices de Mantega et caterva.
2 – Total e Shell
Sabe-se que as gigantes privadas francesa e anglo-holandesa obrigaram a Petrobras a assumir mais 10% de participação (mais 1,5 bilhão de reais em um cenário de penúria e na maior crise pela qual a empresa já passou, a partir da desastrosa da gestão de sete anos de Sergio Gabrielli, antecessor da presidente Graça Foster) e que os investimentos ($$$) fossem de responsabilidade dos chineses.
3 – A participação dos chineses
Para eles, é dinheiro de troco, mas a participação das duas estatais petrolíferas chinesas se deu com a solene garantia de que não haverá qualquer mudança de regras (que o PT, como sabemos, gosta de mudar ao sabor da “ideologia” do dia).
Se houver mudanças – e ao longo dos próximos 35 anos –, imagine-se o tamanho da encrenca em que o Brasil terá se metido ao confrontar a China e o que ela, hoje, representa para a economia brasileira, sendo o maior parceiro comercial do país.
4 – O Brasil passou 6 anos apostando em uma nova matriz energética
Quem se lembra?
Lula percorreu o mundo decretando o fim do petróleo e o uso da energia renovável do etanol. Queria implantar o modelo na África e em Cuba.
Alguém tem notícia de como vai este programa de energia?
Não está dentro das possibilidades que o Brasil descubra (só como exemplo) reservas de gás de xisto (3,00 dólares a tonelada bruta nos Estados Unidos) e abandone o pré-sal, a respeito do qual não se sabe NADA com um grau definitivo de certeza? Já aconteceu antes…
Quem no mundo vai encarar o dinheiro de acionistas (pessoas físicas, fundos de pensões, etc) nesta instabilidade? A China? Sim, a China.
"Lula percorreu o mundo decretando o fim do petróleo e o uso da energia renovável do etanol" (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
“Lula percorreu o mundo decretando o fim do petróleo e o uso da energia renovável do etanol” Na foto com o rei da Suécia, Carlos Gustavo XVI (Foto: Ricardo Stuckert / PR)
5 – Dilma diz que não houve privatização
Esta é demais. O argumento é que somente um pequeno percentual fica com os “instrangeiros”.
Seria o caso de perguntar: se alguém vendesse o quarto e o banheiro de empregada de seu apartamento para terceiros, a pessoa estaria “privatizando” o apartamento ou a operação teria outro nome?
Dilma e o PT inventaram a definição de privatização por tamanho. Mas privatização é como virgindade ou gravidez: ou existe ou não.
Dilma PRIVATIZOU, sim, um percentual significativo de Libra. Mesmo dizendo na campanha eleitoral que a levou ao Planalto que isto seria “um crime”.
6 – “Concorrência” de um? É preciso cuidado com as palavras. Não há como chamar flor de urubu, alegando que o conceito mudou.
O que vem a ser concorrência? Não seria uma disputa entre atores diversos? Ou seja, de mais de um em busca do mesmo objetivo?
Como se pode considerar “um sucesso” uma concorrência com um único participante? Um jogo de futebol com um time só?
É preciso lembrar que se esperava que o percentual mínimo de 47% da contrapartida-óleo a ser fornecido pelo consórcio vencedor fosse facilmente extrapolado. Falava-se, no lulopetismo, em até 80% do petróleo a ser entregue à Petrobras.
É, então, um sucesso ganhar por WO pelo placar mínimo? E os 15 bilhões pagos ao governo? Há menos de dois anos, as previsões não eram de que o pagamento chegasse perto de 100 bilhões?
Sucesso?
7 – O desconforto evidente e explicitado da Petrobras diante do dinheiro que precisará bancar
A estatal, com o perdão pela expressão, está devendo as calças e está se esforçando para conseguir rolar as dívidas que já possui! Precisou, porém, arrumar mais uma, de 6 bilhões de reais, para salvar um programa ideológico (era a isto que me referia!) sem realismo.
Vai aumentar o preço da gasolina?
Óbvio. E já!
No fundo o Brasil, ou seja, nós, vamos pagar 6 bi, dos 15 a serem recolhidos ao Tesouro pelo consórcio vencedor, pelo que já é nosso. Isto também é sucesso?
Plataforma de petróleo da Petrobras, no campo de Libra (Foto: divulgação / Petrobras)
Plataforma de petróleo da Petrobras: dificuldade para rolar as dívidas, e, agora, mais uma, de 6 bilhões, para recolher ao Tesouro a parte que lhe cabe por integrar o consórcio vencedor que vai atuar no campo de Libra (Foto: Petrobras)
Somados os fatores expostos, trata-se de um fracasso retumbante.
Fruto do delírio do governo anterior? Muito.
Das condições atuais? Idem.
Da situação da Petrobras? Idem.
Da nova estatal PPSA (a do pré-sal, que detém o poder de definir ONDE as empresas componentes do consórcio vão investir o próprio dinheiro de pesquisas! Seria na contratação de companheiros? )? Certamente.
O que importa é que MAIS UMA VEZ os lulopetistas querem chamar aos demais brasileiros de burros ou míopes. Não somos.
Os lulopetistas tentam reescrever não mais a história. Agora, focam os fatos.

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