Relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional), divulgado nesta quarta-feira (23), aponta que o “excessivo microgerenciamento na política fiscal enfraqueceu a credibilidade do duradouro modelo fiscal do país” e incertezas na política pesaram nos investimentos. Ainda de acordo com o documento, o potencial de crescimento brasileiro no curto prazo foi reduzido por baixas taxas de investimento. Apesar de reconhecer uma recuperação gradual da desaceleração em 2011 e 2012 por conta do consumo “resiliente” e do aumento “recente” dos investimentos, o texto lista vários riscos para a economia brasileira, além da baixa taxa de investimento: pressões inflacionárias, erosão fiscal, correção do mercado imobiliário e gargalos no mercado de trabalho, com produtividade “estagnada” por trabalhador.
Para manter um crescimento sustentável de 3,5% ao ano (mesma média de 2000-12, mas 0,75 ponto percentual abaixo do previsto anteriormente para os próximos anos), o Brasil precisa aumentar a taxa de investimento e recuperar a produtividade de trabalho. O relatório, feito a partir de uma visita da equipe do Fundo ao Brasil em maio, ficou pronto em julho, mas o governo brasileiro não permitiu sua divulgação até que ocorressem correções pedidas pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda. “Demorou demais”, disse, em coletiva, o representante do país no Fundo, Paulo Nogueira Batista Jr.
Em visita a Washington, o secretário de Política Econômica, Marcio Holland, rebateu críticas do relatório, dizendo que o ajuste, de uma economia mais dependente do consumo que do investimento aconteceu antes do que diz o FMI.”Desde 2006, 2007, com o PAC conseguimos investir mais, depois de décadas sem investimentos em infraestrutura”, disse, em coletiva. “Entre 2003 e 2012, a taxa de investimento cresceu 5,7% ao ano em média, contra 3,6% da economia e 4,3% do consumo. O balanceamento já estava acontecendo há algum tempo”.Sobre as pressões inflacionárias recentes, Holland disse que o relatório dá pouca ênfase ao choque de preços dos alimentos do ano passado, com as secas no Brasil e nos EUA. “Agora temos alguns alimentos até em deflação”, diz.
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