quarta-feira, 23 de outubro de 2013

FT: Brasil desperdiçou oportunidades e reformas perderam força no governo atual (infomoney)

Um País com grande potencial, mas que precisa abraçar as inovações e fazer mudanças estruturais para mudar de patamar. O Brasil segue em destaque na imprensa internacional, especialmente para o Financial Times, que reservou parte de seu espaço para ressaltar o atual momento em que vive a economia brasileira - além de outros emergentes -, em meio ao "desperdício de oportunidades" para melhorar a infraestrutura. Em outro artigo, a mesma publicação diz que o Brasil tem instituições inovadoras e com bom potencial, mas que precisa "abraçá-las para florescer".
Num artigo chamado "Emerging markets: While the sun shone", o FT ressalta que apenas poucas nações em desenvolvimento usaram os anos de "boom" econômico para fazer reformas cruciais, o que vem preocupando com os investidores. 
No início da matéria, o FT cita o discurso de 1994 do recém-eleito presidente Fernando Henrique Cardoso, destacando uma lista de prioridades como uma profunda reforma fiscal e uma maior ordem econômica, através de cortes nos gastos públicos, além de melhora nos sistemas político e judiciário. Porém, duas décadas depois, apesar do boom de commodities e do surgimento de uma nova faixa de consumo nos países em desenvolvimento, pouco parece ter sido feito.
Brasil tem potencial, mas precisa fazer reformas para mudar (Antonio Cruz/ABr)
Brasil tem potencial, mas precisa fazer reformas para mudar (Antonio Cruz/ABr)
Mas o FT ressalta que o Brasil não está sozinho, uma vez que os investidores estão questionando a efetividade das reformas estruturais de "Brasília até Bangcoc" durante os anos de alto crescimento. A publicação cita a fala do ministro de finanças da Turquia, Mehmet Simsek, afirmando que grandes mudanças foram feitas, como a melhora nos balanços e das finanças públicas em muitos países, além de taxas de câmbio flutuantes e melhor regulação bancária. Contudo, ele reconhece que as reformas eram de primeira geração. Porém, após a enxurrada de capitais para o mundo emergente em meio ao superciclo de commodities, a urgência de uma reforma diminuiu. Agora, em meio à desaceleração chinesa e o arrefecimento dos preços das commodities, o mundo mudou novamente. E a falta de reforma é mais uma preocupação. No caso do Brasil, a falta de reformas é notável, aponta o FT. A publicação tece elogios ao ex-presidente FHC, destacando que ele não foi "desleixado" uma vez que, como ministro da fazenda, contornou a inflação galopante e, como presidente, fez muito para lançar as bases da prosperidade através da criação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), além de avançar nas privatizações em áreas essenciais como energia, saneamento e telcomunicações. Porém, as reformas perderam forças e o governo ainda gasta muito e mal, com um sistema burocrático confuso e que é um fardo para os investidores. A publicação ressalta que o sucessor de FHC, Lula, manteve os pilares da estabilidade local e ajudou a estender os benefícios para os mais pobres com programas de assistência social. "Mas a agenda de Cardoso foi parcialmente revertida, já que o governo vem recuperando o controle estatal sobre o setor de petróleo a um custo pesado e se vê a influência do Estado em outro lugar", destacam. Como FHC disse, ressalta a publicação, o seu plano era apenas o primeiro passo para uma mudança em direção às reformas estruturais. "Mas ele não tinha ideia que a oportunidade seria perdida por tanto tempo". Porém, destaca, outros governos emergentes, como Chile e Polônia, já veem sua renda do mundo desenvolvido e agora enfrentam novos desafios. Por outro lado, a tensão política põe os investimentos em risco na Turquia, enquanto a burocracia também afeta a Índia. Brasil precisa adotar mudanças De acordo com FT, o Brasil, que se alterna entre a sexta e sétima maior economia mundial, está empenhado em garantir que não fiquem para trás em inovação, pesquisa e desenvolvimento em um mundo em que não é suficiente ser um simples produtor de commodities. A publicação britânica destinou quatro páginas de seu jornal para tratar sobre pesquisa e inovação no País. "O sucesso do Brasil vai depender em se tornar mais produtivo através da inovação e da tecnologia, fazendo assim com que compense os altos custos e o perigo de doença holandesa", destaca. O jornal mostra casos emblemáticos de empresas e centros de pesquisa que estão viabilizando inovações tecnológicas no Brasil; o primeiro deles trata-se da Petrobras (PETR3; PETR4), com a criação de dois fluidos sintéticos para facilitar a extração de petróleo dos campos localizados na camada pré-sal. Além disso, a publicação destaca a Embraer (EMBR3), que desenvolveu um modelo de negócio no qual seus engenheiros desenham o corpo da aeronave, permitindo à empresa adotar melhores tecnologias. Contudo, a inovação no Brasil, aponta o Financial Times, também está nas redes sociais, em mei ao avanço nas telecomunicações, destacando que o País é o segundo maior mercado mundial para o Facebook, visto como "um campo fértil para empresas que atuam com a internet". Além disso, há 270 milhões de aparelhos celulares em atividade, número que deve aumentar para 350 milhões em 2018. O FT ainda destacou que o uso das redes sociais foi fundamental para realizar as manifestações sociais por melhores serviços durante o mês de junho.

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