Vamos lá. O cantor e compositor Lobão, também colunista da VEJA, é um dos nove “malditos” que foram parar na lista negra do PT, assinada por Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, divulgada no site oficial da legenda e propagada pelos blogs sujos, financiados por estatais. É a verticalização da infâmia, que os fascistoides costumam promover quando chegam ao poder: o estado, o partido e as milícias atuam como ordem unida. Só para lembrar: os outros oito da lista somos eu, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Demétrio Magnoli, Arnaldo Jabor, Guilherme Fiuza, Marcelo Madureira e Danilo Gentilli. Essa é apenas a fornada inicial do nacional-socialismo petista. Se o partido vencer a eleição, certamente a lista será ampliada. A “Repórteres Sem Fronteiras”, a mais importante entidade internacional de defesa da independência jornalística, expressou o seu repúdio. Janio de Freitas, por sua vez, preferiu repudiar a… “Repórteres Sem Fronteiras”. Entenderam?
Adiante! Lobão fez uma música retratando, digamos assim, a alma profunda dos “companheiros” e evidenciando o espírito destes tempos. Chama-se “A Marcha dos Infames”. Ouçam e divulguem. Na sequência, publico a letra e um breve comentário a respeito.
A MARCHA DOS INFAMES
A MARCHA DOS INFAMESAqueles que não são
E que jamais serão
Abusam do Poder,
Demência e obsessão.
E que jamais serão
Abusam do Poder,
Demência e obsessão.
Insistem em atacar
Com as chagas abertas do rancor,
E aos incautos fazer crer
Que seu ódio no peito é amor
Com as chagas abertas do rancor,
E aos incautos fazer crer
Que seu ódio no peito é amor
Tanto martírio em vão,
Estupro da nação,
Até quando esse sonho ruim,
esse pesadelo sem fim?
Estupro da nação,
Até quando esse sonho ruim,
esse pesadelo sem fim?
Apedrejando irmãos
E os que não são iguais,
A destruição é a fé,
E a morte e a vida, banais.
E os que não são iguais,
A destruição é a fé,
E a morte e a vida, banais.
E um céu sem esperança,
A Infâmia cobriu,
Com o manto da ignorância,
O desastre que nos pariu.
A Infâmia cobriu,
Com o manto da ignorância,
O desastre que nos pariu.
E o sangue dos ladrões
De outros carnavais
Na veia de vilões,
tratados como heróis.
De outros carnavais
Na veia de vilões,
tratados como heróis.
E até quando ouvir
Cretinos e boçais
Mentir, mentir, mentir,
Eternamente mentir?
Cretinos e boçais
Mentir, mentir, mentir,
Eternamente mentir?
Mas o dia chegará
Em que o chão da Pátria irá tremer,
E o que não é não mais será
Em nome do povo, o Poder.
Em que o chão da Pátria irá tremer,
E o que não é não mais será
Em nome do povo, o Poder.
RetomoAdequando o comentário a estes dias, gol de placa de Lobão, na letra e na melodia! Reparem que o autor recorre a uma marcha propriamente, de caráter marcial mesmo, evidenciando o espírito da soldadesca sem uniforme do petismo — afinal, essa gente é uniformizada por dentro, não é mesmo?
Na letra — que, é claro!, faz uma denúncia da maior gravidade —, Lobão apela a um tom a um só tempo grandiloquente e meio farsesco, como a evidenciar a truculência cafona e vigarista dos fascistoides de plantão.
Há dois trechos que chamam particularmente a minha atenção:
E o sangue dos ladrões
De outros carnavais
Na veia de vilões,
tratados como heróis.Na mosca! O poder, hoje, no Brasil mistura o sangue do velho patriomonialismo — que forjou ao menos uns dois séculos de atraso — com o do novo patrimonialismo, que pretende liderar o atraso dos séculos vindouros. E gosto particularmente da última estrofe:Mas o dia chegaráEm que o chão da Pátria irá tremer,E O-QUE-NÃO-É não mais seráEm nome do povo, o Poder.
E o sangue dos ladrões
De outros carnavais
Na veia de vilões,
tratados como heróis.Na mosca! O poder, hoje, no Brasil mistura o sangue do velho patriomonialismo — que forjou ao menos uns dois séculos de atraso — com o do novo patrimonialismo, que pretende liderar o atraso dos séculos vindouros. E gosto particularmente da última estrofe:Mas o dia chegaráEm que o chão da Pátria irá tremer,E O-QUE-NÃO-É não mais seráEm nome do povo, o Poder.
Tomei a liberdade de escrever em maiúsculas e usando hífen “O-QUE-NÃO-É”. É preciso que se entendam essas palavras como uma unidade semântica para que se perceba o seu caráter de sujeito do verbo “será”. “O-QUE-NÃO-É” dispensa predicativos; trata-se do falso, do engodo, da trapaça histórica, da vigarice, da mentira em si.
Divulguem por todos os meios a música de Lobão. Aí está o retrato de uma era. É uma canção de protesto destes tempos. Afinal, os “protestadores” de carteirinha do passado — Chico & Seus Miquinhos Amestrados” — estão calados diante de listas negras. Eles criavam metáforas contra a ditadura militar no passado não porque fossem, por princípio, contra ditaduras e perseguições. Opunham-se àquela ditadura em particular, mas não a outras. E julgavam que o regime não podia perseguir “as pessoas erradas”. Quando persegue “as certas”, tudo bem!
Não por acaso, nunca se opuseram à ditadura cubana. No fim das contas, foi Cuba que os pariu. A música de Lobão expõe farsantes do presente e do passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário