quarta-feira, 23 de julho de 2014

Direita e esquerda: a relevância de uma distinção - 3ª parte (CASIMIRO DE PINA)


                                                                      
Para Olavo de Carvalho, com admiração.


Fustel de Coulanges mostrou-nos, desde 1864, que o homem é um ser complexo, reunindo, aliás, na sua radical incompletude, contributos díspares de várias épocas históricas.

De quantas faces é composta a face humana? Ainda o sabemos?

Contra a frivolidade mediática dominante, temos de voltar à sabedoria e ao diálogo sereno com os clássicos. É uma tarefa inadiável.

Mas a esquerda, essa fábrica ininterrupta de mentiras, poluiu o nosso ambiente político perigosamente. Abastardou tudo. 

Sem a remoção desse lixo tóxico 
não se consegue, jamais, edificar uma política decente e um país de homens livres.

Quase todos os manuais escolares e os artigos de jornal dizem-nos, por ex., que o New Deal de Franklin Delano Roosevelt e o sr. Keynes “salvaram” o capitalismo, livrando-nos, miraculosamente, da Grande Depressão de 1929 e das suas funestas consequências económicas. Adam Smith estava errado. É esta a mensagem subliminar.  

O “homem do sistema” tem de intervir e garantir o equilíbrio.

O mantra tem sido repetido durante várias décadas, mas não passa de uma bela e elementar tolice.  

Para se ter a dimensão da lenda, basta consultar, por outro lado, a Internet. Essa poderosa invenção capitalista.  

Lê-se algures esta pérola:

“Com o New Deal, portanto, iniciou-se a tensa construção do pacto entre Estado, trabalho organizado e capital, ou regulação fordista-keynesiana do capitalismo que, no pós-guerra, fundamentaria o peculiar Estado de Bem- Estar americano e o longo período de prosperidade que se estenderia até fins dos anos 1960” (in http://pt.wikipedia.org/wiki/New_Deal).

Cita-se aqui, refira-se, uma “tese de doutorado” em História Social, defendida numa universidade do Rio de Janeiro em 2003! Fantástico, como prova acabada de uma forma mentis.

A própria academia transformou-se, tal como previra Antonio Gramsci, num dócil veículo de propaganda, em prol do “novo príncipe”, amplificando, ceteris paribus, a malícia colectivista em escalas estratosféricas.

A imbecilização pseudoletrada campeia a todo o vapor.

Thomas Sowell, que por acaso é negro e liberal, e investigador sénior da Hoover Institution (Stanford), já demoliu, impiedosamente, essa velha cantilena esquerdista.

Historicamente, sucedeu exactamente precisamente o contrário.

A balela keynesiana é, por conseguinte, uma impostura ridícula. Não vale nada. É uma estória da carochinha.

Só o uncommon knowledge, alicerçado na pesquisa sincera, nos pode devolver a luz. E tirar-nos, definitivamente, da escura caverna socialista.

Há que abdicar dessa canga miserável, porque a liberdade rima, antes de tudo, com a verdade.

Logo após a Grande Depressão, e por simples e espontânea acção do mercado, o desemprego começou a descer nos EUA.
No mês de Junho de 1930 atingira a surpreendente taxa de 6,3%.

Mas depois vieram a maciça intervenção do Governo e as medidas de “estímulo”, primeiro com Hoover e, depois, com a administração Roosevelt. Foi o bonito!

Passado pouco tempo, a taxa de desemprego havia atingido os dois dígitos, como neste infeliz reduto desse rebento de Getúlio Vargas que é o sr. José Maria Neves, o cínico.

E foi assim durante toda a década de 1930. O New Deal foi um fracasso.

A Guerra é que inverteu a situação, como explica categoricamente Sowell.     

Keynes era apenas um socialista fabiano que, em 1936, perante o horror da tirania estalinista, cuja dimensão já era bem conhecida, elogiava os “administradores altruístas” da URSS. Porca miséria!

É este o grande ídolo de boa parte da nossa intelligentzia e dos nossos burocratas, apostados, é claro, na perversa “economia de interesses”.

Keynes é o papa do Estado corporativo, caucionando, com o seu império de guildas e regulações, a união do poder político com o económico. É o equivalente actual de Jean-Baptiste Colbert, o influente ministro de Luís XIV.

Outra questão essencial. De primeiríssima ordem.  

Durante muitos anos, identificou-se o Nazi-Fascismo como o pior monstro totalitário da história humana, e com a “extrema-direita”.

Toda a gente repete a ladainha com a elegância frenética de um robot...  

Aliás, entre nós, o pior que se pode dizer a um político é tachá-lo de “fascista”. É o cúmulo da difamação!

Ninguém quer ser fascista, como se não existisse, vejam bem, essa escória que é o comunismo genocida.

Fala-se de Hitler para esquecer Estaline, Pol Pot ou Mao Tsé-Tung.

Acontece que o Nazismo alemão foi apenas um dos ramos do movimento socialista. Trata-se de um movimento de esquerda, que odiava o capitalismo e importou os piores métodos da URSS. Nationalsozialismus. Eis a verdade cristalina.

Aliás, foi Estaline quem alimentou Hitler, ajudando a edificar a sua terrível máquina de guerra. De outra forma seria impossível.

Até a tecnologia dos campos de concentração foi copiada da Rússia soviética.

Durante décadas e décadas este facto foi silenciado, mas tudo se clarificou com a abertura dos arquivos de Moscovo.

Pacto Ribbentrop-Molotov foi apenas a confirmação de uma relação privilegiada, de estreita colaboração, que já vinha de trás.
Este artigo do filósofo Olavo de Carvalho é mais importante do que toda essa ração simplória, e francamente burlesca, que nos impingiram durante anos a fio, da escola primária à universidade: URSS, a mãe do nazismo, in http://www.olavodecarvalho.org/semana/081211dc.html.

Quando não restam mais âncoras, a esquerda ressentida lembra-se finalmente da Suécia.

Este belo país escandinavo seria fruto, afirma-se convictamente, do Estado interventor e da “social-democracia”. Logo, da esquerda!

Falam de Olof Palme, dos serviços públicos generosos, etc., etc.. 

A Suécia, glamourizada pelos ABBA, seria então um bom exemplo das virtudes da planificação económica.

Ora, é mais um mito político frágil.

Quem construiu a prosperidade sueca não foi o socialismo. Nem o sr. Keynes. Foi, pelo contrário, a tradição liberal.

No séc. XIX, surgiu um grupo de empreendedores, os quais lançaram o país na rota da inovação e da modernidade.
Outrossim, esse reino escandinavo, com um território imenso e belos lagos naturais, nunca esteve envolvido em guerras ou conflitos destrutivos. Desde 1809 que não participa directamente em guerras.

O assistencialismo estatal é apenas uma invenção recente da social-democracia, sobretudo a partir de 1950, o que viria a gerar o protesto da escritora Astrid Lindgren, indignada com a altíssima carga tributária que mal deixava o cidadão respirar e usufruir o fruto do seu trabalho.

Stefan Karlsson escreveu um poderoso artigo sobre o tema, The Sweden Myth, avaliando rigorosamente a história económica sueca.

Foi a partir da década de 1860 que a Suécia fez reformas decisivas e entrou no barco da Revolução Industrial. A liberdade é tudo.

Não foi Marx, o impostor e guru de tiranos, mas sim pioneiros como Alfred Nobel, Sven Wingquist, Gustav Dahlén e Baltzar von Platen que fizeram a riqueza do país.

Em pouco tempo a Suécia já estava na linha da frente da prosperidade; empresas como Volvo, Saab ou Ericsson conservaram esse espírito criativo.

Até 1932, os gastos do Governo eram menos do que 10% do PIB.

Mas a esquerda não quer saber dos factos. Quer utilizar a Suécia como uma bandeira.

Porque não lê o índice anual da Heritage Foundation?

Essa malta não tem remédio!

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