Sabemos que no Brasil os partidos praticamente perderam a identidade ideológica e que as palavras têm pouco valor. As diretrizes de governo que os candidatos enviam ao TSE deveriam ser um arquivo extremamente importante para o debate e a escolha dos eleitores, fosse nossa democracia mais avançada.
A base programática seria o fator de união das diferentes coalizões partidárias, e tais diretrizes seriam o documento que mostraria os efetivos programas de governo que cada um pretende implementar se eleito.
Não é bem assim por aqui, infelizmente. Pouca gente liga para o que está escrito nessas diretrizes, e as coalizões ocorrem para se obter alguns minutos extras de propaganda eleitoral na televisão em troca de cargos ou ministérios depois. É um “bacanal”, uma “suruba”, como já foi dito pelos próprios políticos.
Dito isso e feita a ressalva, é possível extrair algumas coisas relevantes dessas diretrizes. Mal ou bem seus representantes precisam sentar e dedicar algum tempo para colocar ali no papel algo minimamente relacionado àquilo que as cúpulas das coalizões imaginam ser a linha programática de seus governos.
E, de fato, podemos pescar que o assistencialismo via programas sociais é a grande marca registrada das diretrizes de Dilma, enquanto as de Aécio Neves falam mais de meritocracia na gestão e mercado. Já as diretrizes do PSC, do Pastor Everaldo, realmente confirmam em documento oficial aquele que tem sido seu discurso em entrevistas, inclusive para este blog. Seguem alguns trechos:
Há muitos outros pontos, mas já deu para pegar o jeitão da coisa. Não resta dúvida de que o Pastor Everaldo contou com um time preparado de liberais para lhe prestar assessoria. Vemos coisas ali que poderiam muito bem ter saído direto do Instituto Liberal, o qual presido.
Claro que do papel para a realidade há uma distância enorme, e tudo teria de passar pelo Congresso, onde começam as dificuldades. Mas ao menos fica claro que o candidato realmente pretende levantar bandeiras bem mais liberais do que os demais, inclusive Aécio Neves.
Em termos de diretrizes propostas, não há o que duvidar: estamos observando o surgimento de um discurso NOVO na política nacional, que delega um papel bem menor ao estado e outro bem maior ao livre mercado. Alvíssaras!
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