sexta-feira, 11 de julho de 2014

E se o futebol fosse estatizado?


Por Erick Vizolli, publicado no Liberzone 
(o texto abaixo é uma notícia retirada do caderno de esportes de um famoso jornal brasileiro, publicada na época do Segundo Plano Quinquenal, provavelmente em 2026)
Começa mais um Torneio Nacional
O empolgante jogo desta terça-feira à tarde marcou o início daquele que, de acordo com o Ministério do Esporte, promete ser o Torneio Nacional mais acirrado desde a completa estatização do Sistema Desportivo Brasileiro, a qual já completa seis temporadas. Sob uma fraca garoa, a animada e colorida torcida do CSKA São Paulo pôde acompanhar seu time vencendo de virada o Torpedo Florianópolis, pelo placar de 2 a 1.
À noite, oito partidas completaram a primeira rodada do Torneio – rebatizado, nesta edição, de Copa Luiz Inácio Lula da Silva. Os destaques da rodada vão para o clássico mineiro, no qual a torcida de Dilmópolis lotou o Centro Poliesportivo Patrus Ananias para acompanhar o emocionante empate de 3 a 3 entre o Clube Popular Minas Gerais e o Zenit Belo Horizonte; e para o jogo ocorrido em Pernambuco, onde o Spartak Recife goleou o visitante Petrobras por 4 a 1.
A partida entre Eletrobras e Estrela Vermelha, por sua vez, foi adiada em virtude de inconvenientes ocorridos no sistema elétrico do estádio do time da casa.
Como principal novidade da nova temporada, o Companheiro Ronaldo Nazário, Ministro do Esporte, anunciou que será aumentada a ração de macarronada semanal dos jogadores para trezentos e oitenta gramas, para que os ganhos em massa muscular se reflitam em melhores performances dentro de campo. Também foi elevado o número de gandulas por partida, de modo a agilizar a reposição das bolas em campo e, de quebra, criar novas oportunidades de emprego aos membros dos Comitês Jovens.
Além disso,” – afirmou Nazário – “foi estabelecida uma política de inclusão para jogadores que falam trocando os Rs por Ls, para reduzir as desigualdades causadas pelo preconceito sofrido por esse grupo social”. De acordo com a nova regulamentação, cada time deverá entrar em campo com no mínimo um jogador tlocaletlas por partida, o qual não poderá jogar nas posições de zagueiro ou volante e somente poderá ser substituído mediante autorização ministerial. A nova regra vem a se somar às cotas para jogadores índios e às medidas inclusivas para atletas com menos de 1,60 m de altura e/ou mais de 80 kg, ambas adotadas com sucesso na temporada passada.
Acusações antipatrióticas
Em recente entrevista à revista Caros Amigos, o Companheiro Carlos Bueno, Diretor-Geral do Departamento Social de Imprensa Futebolística do Ministério do Esporte, afirmou não estar preocupado com as recentes reações dos setores insubordinados da sociedade em face dos supostos escândalos de favorecimento ao Lokomotiv São Paulo.
O fato de ser a equipe pela qual torce o Eterno Presidente é mera coincidência, amigo” – afirmou Bueno. Prosseguiu Sua Excelência: “o Corin…, digo, o Lokomotiv de fato conquistou esses 116 pontos, está tudo documentado nos arquivos do Ministério da Mídia Social”.
Bueno ainda comentou o incidente ocorrido na última rodada do Torneio passado, assegurando que “sempre esteve documentado que gols de mão valeriam por três, quando marcados por jogadores de origem humilde”. De acordo com ele, as acusações formuladas contra a diretoria da equipe administrada pela CPTM e as dirigidas ao Departamento de Totalização de Resultados são antipatrióticas, sendo provavelmente fruto de uma conspiração tramada por José Serra, o Inimigo do Povo.
A torcida brasileira, no entanto, parece não se importar com as falsas acusações semeadas pelo Traidor da Pátria. Prova disso foi a lotação de 5.672 torcedores na Arena Lindberg Farias para a partida entre Metalurg Volta Redonda e Dinamo Curitiba, recorde absoluto dos últimos seis anos. A equipe formada pelos corajosos operários da CSN, recém-promovida da Série B, não foi páreo para o plantel rubro-negro, que voltou para casa com uma tranquila vitória pelo placar de 2 a 0.

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