terça-feira, 11 de agosto de 2015

Risco-país do Brasil é maior do que o de países com nota pior, como Turquia (o financista)

Turquia e Indonésia têm classificação pior que o Brasil pela S&P, mas seguro contra calote mais barato (Reuters/Brendan McDermid)
O preço do seguro contra calote do Brasil é bastante superior ao de países que, na avaliação de agências de classificação de rating, têm um risco superior ao nosso, como Turquia e Indonésia.
Na tarde desta segunda-feira (10), o CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos era negociado a 319 pontos-base, segundo dados da Bloomberg. O CDS é um instrumento usado pelos investidores para protegerem suas aplicações do risco de calote de títulos de uma empresa ou de governos. Quanto maior o seu preço, maior o risco de crédito.
O preço do CDS do Brasil já subiu 57% neste ano devido às crises política e econômica na qual o país mergulhou.
O Brasil tem classificação de risco BBB- pela Standard & Poor's (S&P), a pior entre as três principais agências de risco. A Moody's e a Fitch classificam o país um degrau acima: Baa2 e BBB, respectivamente.
A rápida deterioração da economia e as dificuldades que o governo vêm enfrentando para implementar o ajuste das contas públicas tem feito o mercado projetar que país perca o grau do investimento no ano que vem. "As novas metas [de superávit] ficaram bem abaixo do esperado e não são suficientes para estabilizar a dívida bruta [do Brasil] até 2018, o que pode levar à perda do grau de investimento em 2016", diz a carta com o comentário do gestor da Franklin Templeton de julho divulgada hoje.
"O CDS de 5 anos do Brasil apresentou forte alta no mês julho e já se encontra no mesmo patamar de países com uma nota abaixo do grau de investimento", completa.
A Turquia, por exemplo, tem nota BB+ pela S&P, uma abaixo do Brasil e já no nível especulativo. O CDS do país, no entanto, é negociado a 249 pontos. A Indonésia tem o mesmo rating e seu seguro contra calote é ainda mais baixo, de 193 pontos. Os dois países são classificados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como os "cinco frágeis", o que inclui ainda Brasil, África do Sul e Índia.
É comum comparar a medida do risco-país pelo CDS com os ratings dados pelas agências, uma vez que, de modo geral, ambos medem o risco de crédito. A diferença é que as agências fazem uma análise mais fundamentalista (observando vários indicadores econômicos), enquanto a precificação do CDS é feito pelos investidores com base nas condições de mercado do momento - ou seja, muito mais suscetíveis a estresses de curto prazo.

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