quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Deixem fazer (reaçonaria)

A manchete da Folha de hoje é: “Governo busca apoio de elite empresarial para conter crise”. Diz a matéria: “Com os indicadores econômicos piorando e a instabilidade política reforçando o cenário de recessão, a presidente Dilma Rousseff irá recorrer aos líderes do PIB (Produto Interno Bruto) para tentar obter apoio e, assim, driblar a crise.” Nessas horas, um pouco de história pode ajudar.
Herbert Hoover (1874-1964), 31º presidente americano, era um engenheiro de formação que acreditava que grandes problemas poderiam ser resolvidos com planos, reuniões e acordos. Era um profissional brilhante, um self-made man que saiu do nada para fama, fortuna e para a Casa Branca, além de ser um dos maiores filantropos, talvez o maior, de todos os tempos. Apenas na Bélgica, durante a Primeira Guerra Mundial, salvou 9 milhões de pessoas da morte por inanição.
Hoover acreditava no papel ativo do estado na economia e na vida do país, o que na época se chamava “progressismo”. Durante os anos 20, nos mandatos de Warren G. Harding e Calvin Coolidge, era voz dissonante e voto vencido sempre que sugeria grandes intervenções do estado. Coolidge chegou a dizer sobre Hoover: “por seis anos esse homem veio me dar conselhos que eu não pedi – todos péssimos” . Ele chamava Hoover pejorativamente de “wonderboy” por sua insistência em trazer idéias mirabolantes.
Na foto, de 1928, Herbert Hoover (primeiro da esquerda para a 48direita) conversava com Henry Ford, pai da indústria automobilística e da linha de produção, Thomas Edison, dono de mais de 2.000 patentes como a da lâmpada elétrica, e Harvey Firestone, o fundador da empresa que por 80 anos liderou o mercado de pneus na América.
11800353_921586591232486_8684240723614468634_nEm outubro de 1929, durante o primeiro ano do mandato de Hoover, a bolsa americana desaba, é o crash que você conhece. A resposta do presidente ao caos econômico foi, claro, chamar empresários e líderes sindicais para conversar. Para Hoover, a crise era algo que notáveis como ele poderiam resolver com planos, idéias e reuniões. O resultado foi o início da Grande Depressão, que fez com que seu mandato terminasse de forma melancólica. Ele perdeu a eleição de 1932 para Franklin Roosevelt e saiu da Casa Branca com o povo xingando e jogando frutas no carro.
Lembre de um dos homens mais brilhantes da história, que quando queria discutir idéias sobre o país reunia de Thomas Edison à Henry Ford. Ele abriu caminho para a maior crise econômica de todos os tempos exatamente por achar que as soluções nascem em gabinetes fechados durante reuniões de luminares, barões da indústria e “representantes do povo”.
Quando Jean-Baptiste Colbert (1619-1683), ministro das finanças de Luís XIV, reuniu comerciantes para saber deles o que o rei poderia fazer para melhorar a economia, ouviu uma resposta de um deles que entraria para a história: “laissez-faire” (deixe fazer).
O Brasil tem jeito, mas é preciso que gente que não tem um milésimo da competência, inteligência e criatividade dos que aparecem na foto do post parem que atrapalhar o país e cuidem de suas vidas, dando liberdade para que a economia se recupere com seus próprios recursos e sem ter seu capital tungado pelo estado. Em apenas duas palavras, eles precisam “deixar fazer”.

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