quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Desemprego surpreende negativamente: era o pilar que faltava ruir (RC)

Em tempos de crise, mais gente precisa procurar trabalho, mas menos gente o encontra


A taxa de desemprego alcançou 7,5% em julho, a maior para o mês desde 2009, quando atingiu 8%, segundo dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ao considerar todos os meses do ano, é o maior valor desde março de 2010, quando ficou em 7,6%. Em junho deste ano, o índice ficou em 6,9% e, em julho de 2014, em 4,9%. A série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego começa em março de 2002.
A população desocupada atingiu 1,8 milhão de pessoas, alta de 9,4% frente a junho e de 56% na comparação com julho de 2014.Essa alta anual da população desocupada é a maior da série histórica. Isso representa uma adição de 622 mil pessoas à massa de desempregados. Em relação a junho, o aumento foi de 9,4% (ou 158 mil pessoas). Já a população ocupada ficou estatisticamente estável, em 22,8 milhões de pessoas, nas duas comparações. 
Escrevi em várias ocasiões que a taxa de desemprego seria o último pilar a ruir. Muitos analistas consideravam a baixa taxa de desemprego um paradoxo, e sem dúvida ela foi o grande trunfo do governo Dilma nas eleições. Mas como expliquei, o desemprego é mais um sintoma do que uma causa, e como é muito caro contratar, treinar e demitir no Brasil, as empresas postergam ao máximo a decisão de demitir.
Além disso, várias pessoas que estavam fora do mercado de trabalho, talvez porque a renda da família tinha aumentado, agora precisam voltar a procurar trabalho, para recompor a renda familiar, corroída pela inflação elevada e ameaçada pelo próprio risco de desemprego. Logo, muito mais gente está em busca de emprego, o que eleva a taxa de desemprego, medida justamente com base em quem quer, mas não encontra trabalho formal.
Tudo isso que está acontecendo, é importante notar, foi previsto por muitos liberais, inclusive este que vos escreve, e veementemente negado pelos petistas. Para eles, tudo estava uma maravilha até pouco tempo, e alguns ainda tentam negar a gravidade da situação, ou responsabilizar fatores externos. Mas em julho de 2013, por exemplo, eu já tinha escrito um artigo no GLOBO mostrando a “fatofobia” do governo, que fugia da realidade como o diabo foge da cruz:
O prognóstico não é nada bom. E quanto mais o governo fugir dessa dura realidade, tal como uma menina foge desesperada da barata, pior será o ajuste necessário depois. O governo não fez o dever de casa. Perdemos a incrível oportunidade que veio de fora. E bilhetes de loteria como este não aparecem o tempo todo. O que fazer agora?
A primeira coisa deveria ser aceitar os fatos como eles são. Como lembrou Aldous Huxley, os fatos não deixam de existir porque são ignorados. Isso demanda coragem, uma postura de estadista, que assume os erros passados para poder mudar o curso. Como não vejo isso acontecendo no atual governo, vou seguir com minha maldição de Cassandra, espalhando alertas pessimistas por aí.
Pois é: os alertas pessimistas se mostraram, no fundo, realistas, quiçá otimistas. A situação é grave e piora rapidamente a cada dia. E chega no mercado de trabalho, cobrando um alto preço dos brasileiros, angustiados com a perda acentuada de poder de compra da moeda e com o risco constante de ficar sem trabalho. Só há um culpado para tudo isso, e ele se chama PT!

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