Eleições se ganham por mérito; não há cotas para excluídos
O enfant terrible da direita, o economista Rodrigo Constantino, é um jovem culto, dinâmico, que vem alcançando merecido sucesso em palestras, livros e artigos, superando Olavo de Carvalho, oráculo direitista cujos excessos o converteram em uma espécie de Dercy Gonçalves de suspensórios.
Constantino, Diogo Mainardi, Denis Rosenfield, Luiz Felipe Pondé, Guilherme Fiuza e Reinaldo Azevedo fazem um respeitável contraponto ao colunismo de esquerda formado por Verissimo, Vladimir Safatle, Luiz Carlos Azenha, Paulo Henrique Amorim, Luiz Nassif e Emir Sader. (Omissões nas escalações são debitadas à falta de espaço, que sobra para todos na grande imprensa e na internet).
Na essência, o primeiro time desses formadores de opinião advoga a liberdade individual e a redução do Estado, e o segundo um Estado intervencionista e provedor. Para Pondé, “o Brasil hoje é um país rasgado entre uma cultura liberal, centrada no indivíduo e na valorização da autonomia e autorresponsabilidade, e uma autoritária, centrada no ‘coletivo’ e no culto do ressentimento e da dependência”.
A dimensão paquidérmica da máquina oficial e seus escândalos fazem praticamente irretorquíveis os argumentos de uma direita que, mesmo com material tão fértil a ser explorado, desperdiça energia com questões completamente insignificantes, polemizando bobagens com verniz de erudição e entusiasmo de hora do recreio.
Há alguns dias, em uma escola de Taguatinga, a cantora Valesca Popozuda foi citada como “pensadora contemporânea” por um professor que pretendia chamar atenção para “a influência da mídia na formação desses valores”.
A direita fez um charivari digno de quem se viu diante de um traseiro bolivariano a serviço da doutrinação marxista. Ora, nos EUA, uma universidade da Carolina do Sul criou um curso cuja matéria é a Lady Gaga e outra, de Nova Jersey, um curso sobre a cantora Beyoncé. E daí?
Por outro lado, no recente caso Petrobras, ícones do empreendedorismo independente que concorreram com seus votos para aprovar a polêmica operação Pasadena não sofreram quaisquer críticas por aqueles que pregam a iniciativa privada como a solução de todos os males que afligem a humanidade. Um silêncio difícil de explicar.
Finalmente, não há mais lenço (nem saco) para o interminável choramingo contra a hegemonia da esquerda na política (na imprensa, como visto, não há), um “coitadismo” em causa própria que desautoriza o discurso da meritocracia. Eleições se ganham por mérito; não há cotas para excluídos. E o mais incensado liberal acidental, Demóstenes Torres, saiu do Senado por feitos de gravidade mensaleira.
Se sobrevive a espécie dos esquerdopatas, há também destropatas que, ressentidos e autoritários, festejam o golpe militar, tietam Bolsonaros e Felicianos, e se arrepiam ao ver uma foto do Che Guevara. Será que não basta ter o Lobão como muso e a Sheherazade como musa?
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