quarta-feira, 22 de julho de 2015

Jesus não é sua puta (Thiago Cortes)

“O falso cristo é o cristo dos padres de passeata. Há um cristo de passeata que é mais falso do que Judas. É a igreja dos padres de passeata. Eu sou cristão, mas não me venham falsificar Cristo como uísque nacional” – Nelson Rodrigues
Os padres de passeata se multiplicam como ratos. Agora também infestam as igrejas os pastores de abaixo-assinado que fazem de Cristo sua meretriz ideológica.
Leonardo Boff, Frei Betto, Ed Rene Kivitz, Ariovaldo Ramos: são muitos os “cristãos” que reduzem o Cristo ao papel de militante de esquerda incompreendido.
Para eles, Jesus era uma espécie de socialista primitivo que fazia milagres. (Spoiler: não era).
Querem encaixar Cristo – segundo a Bíblia, o filho de Deus e o próprio Deus encarnado – em uma categoria moderna (“comunista”, “esquerdista”, “socialista”) como se a natureza divina fosse passível de rotulação e facilmente conhecível pelos homens.
É absurdamente vulgar olhar para o Deus de Israel com os olhos da ideologia, os pés fincados na modernidade, e a alma corrompida pela superficialidade das “causas”, agendas e preconceitos seculares que inventamos há 10 minutos.
Deus não é socialista, conservador, católico ou protestante.
Deus é incognoscível. Sua natureza é um mistério. Logo, Ele não pode ser encaixado em categorias modernas ou que refletem determinada época, cultura ou ideologia.
O filósofo judeu Maimônides ensinava que nem sequer devemos atribuir características positivas a Deus, pois tal expediente conduz ao politeísmo e à idolatria.
Mas os padres de passeata e os pastores de abaixo-assinado não querem saber de questões teológicas profundas. Querem é instrumentalizar Cristo para sua agenda política.
Jesus no jogo de várzea
Progressistas querem que Cristo entre em campo para o Fla X Flu político de ocasião. Eles têm uma postura política progressista porque o deus deles é um militante progressista.
Os pastores de abaixo-assinado fazem de Cristo mascote de suas campanhas ideológicas nas redes sociais e infiltram conceitos marxistas como a mais-valia na teologia.
"Jesus era comunista. E ria das piadas do Duvivier".
“Jesus era comunista. E Ele até mesmo ria das piadas do Duvivier”.
Eles usam Cristo como uma prostituta que pode ser compartilhada para referendar causas seculares ideológicas que os fazem parecer politicamente corretos.
Não por acaso, Gregório Duvivier escreveu em um artigo risível que Cristo veio a Terra na forma de prostitua e não foi reconhecido. (Não vou linkar para não gerar mais buzz).
A ideologia tem esse imenso poder de reduzir todo o universo conhecido à lógica perversa do “nós contra eles”. E Duvivier convocou Cristo para jogar no seu time.
Não me ofendeu. O que me ofende é seu texto ser multiplicado por crentes inteligentinhos como Kivitz que, em seu twitter, vive acusando líderes evangélicos de usar a lógica do “nós contra eles”, mas replica e aprova um texto que parte da mesmíssima premissa.
O pastor da Igreja Batista de Água Branca – frequentada pela classe média alta – referendou a tática do ateu Duvivier que literalmente afirmou que Jesus é uma puta.
Nada contra prostitutas: elas são bem melhores do que as feministas.
Mas reduzir Cristo ao papel de militante de uma ideologia política – seja ela qual for – é como arrancar Deus das glórias dos céus e obrigá-Lo a tomar partido entre PT e PSDB, Flamengo e Fluminense, Corinthians e São Paulo, Boechat e Malafaia.
É uma forma muito simplista de pensar Deus. Espero isso de um moderninho como o Duvivier. O que me espanta é Kivitz pensar o mesmo. Mais um pastor de abaixo-assinado…
deus de Kivitz reside em uma releitura politicamente correta da Bíblia. Nela, tudo o que contraria preconceitos seculares é eliminado. Basta higienizar a Bíblia, “politizar” Cristo, descartar o Antigo Testamento e, voilá, temos o deus de Kivtz.
Perversão da teologia
Nos anos 1960 o anjo pornográfico Nelson Rodrigues já alertava para a corrupção da teologia pela política e a ideologia. Os padres de passeata já haviam saído do esgoto.
Ele profetizou que Deus seria tratado como uma “mascote” de ideologias pelos supostos cristãos que confundem Cuba com o Reino de Deus e Jesus com Che Guevara.
"O padre de passeata traiu a Igreja, traiu Cristo, traiu Deus."
Nelson Rodrigues: “O padre de passeata traiu a Igreja, traiu Cristo, traiu Deus.”
O famigerado Dom Helder Câmara era a síntese da denúncia de Nelson. Um santinho como Kivitz que, do conforto de sua igreja e com cara de anjinho, afanava ideólogos e piscava para comunistas, mas sem nunca sujar o shortinho:
“D. Helder já esqueceu tanto a letra do Hino Nacional quanto a da Ave-Maria. Prega a luta armada, a aliança do marxismo e do cristianismo. Se ele pegasse uma carabina e fosse para o mato, ou para o terreno baldio, dando tiros em todas as direções, como um Tom Mix, estaria arriscando a pele, assumindo uma responsabilidade trágica e eu não diria nada. Mas não faz isso e se protege com a batina. Sabe que um D. Helder sem batina, não resistiria um segundo. Nem um cachorro vira-lata o seguiria”.
Em “Os Dez Mandamentos – Mais Um”, o filósofo ateu Luiz Felipe Pondé atesta que a teologia dos nossos dias é um combo de filosofias seculares e ideologias políticas:
“O mundo está repleto de descrentes que compreendem melhor a Bíblia do que os teólogos. Tanto mais que, atualmente, a teologia se tornou a ‘louca da casa’, envergonhada de sua própria fé. Transformou-se em lacaia das modas intelectuais, querendo ser aceita por marxistas, freudianos e foucaultianos”.
É por isso que padres de passeata e pastores de abaixo-assinado aderem tão facilmente às modas intelectuais: têm vergonha do cristianismo puro e simples.

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