terça-feira, 18 de novembro de 2014

Situação de Graça Foster é insustentável (RC)



Há certas coisas que nos forçam a constatar que o Brasil ainda não é um país sério. Em qualquer lugar do mundo a presidente de uma empresa como a Petrobras, mergulhada num mar de lama com infindáveis escândalos de corrupção, já teria caído faz tempo. No Japão, teria vergonha de sair na rua, e talvez até colocasse um fim na própria vida para evitar a humilhação. No Brasil, ela dá entrevistas confessando saber da propina holandesa há meses, e fica por isso mesmo. Disse Graça Foster:
“Passadas algumas semanas, alguns meses [da investigação interna da Petrobras], eu fui informada de que havia, sim, pagamentos de propina para empregado ou ex-empregado de Petrobras. Imediatamente, e imediatamente é “imediatamente”, é que informamos a SBM de que ela não participaria de licitação conosco enquanto não fosse identificada a origem, o nome de pessoas que estão se deixando subornar na Petrobras. E é isso que aconteceu, tivemos uma licitação recente, para plataformas nos campos de Libra e Tartaruga Verde, e a SBM não participou.”
E diz isso assim, na maior normalidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo. Então ela sabia da propina, algo que não confessou antes, mas sua única medida tomada foi tirar a empresa das novas licitações? Só isso? Por que as “investigações” internas que não deixariam “pedra sobre pedra” não trouxeram à tona os nomes dos corruptos dentro da empresa?
Foster insiste, ainda, que não há nada “avassalador” nesses casos divulgados pela imprensa e expostos pelo trabalho independente do Ministério Público e da Polícia Federal. Como é? Nada “avassalador”? O que seria avassalador então? Afinal, um subalterno de Renato Duque, o homem do PT na diretoria da estatal, disse que vai devolver US$ 100 milhões. Um subordinado do diretor ligado ao PT! Um simples gerente! Sozinho, cem milhões de dólares!
Imagina o que significa “avassalador” na cabeça de Graça Foster. Talvez o padrão PT de corrupção tenha mexido com seus conceitos, e ela pense que cem milhões de dólares é troco. Talvez ela ache que desvios bilionários na empresa que pertence ao povo brasileiro sejam algo aceitável, um pequeno contratempo a ser superado sem maiores dificuldades.
É uma situação completamente insustentável. Só no Brasil mesmo alguém como Graça Foster continua no comando da maior empresa do país depois de tudo o que já emergiu do pântano, e que não sabemos se esgota ou não a podridão montada pela quadrilha incrustada na Petrobras. A permanência de Foster como CEO da empresa é a triste evidência de que ainda precisamos evoluir muito para sermos um país levado minimamente a sério…

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