terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Hanna Rosin: Os homens estão obsoletos ( Mark Richardson)

Hanna Rosin volta a fazer das suas. Desta vez ela escreveu um artigo para o Time com o título "Os homens são obsoletos" (que deve ter sido uma leitura divertida para  marido e para o filho). Rosin tem uma visão do mundo onde os homens másculos são definidos de uma forma bem negativa:
Mas de modo a que possamos vencer este debate, temos que provar que os "homens", tal como os temos definido historicamente — merecedores do poder, destinados a lugares de liderança, arrogantes, confundidos perante alguma coisa que não sejam eles. Do tipo: "Não entende. Isto é um homem vestido de mulher ou uma mulher vestida como um homem?" Eles são obsoletos.
Ela define os homens através da sua agenda e sua agenda é uma que tem que ter mulheres em lugares de poder. Logo, ela olha para a masculinidade tradicional em termos do que impede que as mulheres estejam em lugares de poder, isto é, tendo homens "merecedores de poder, destinado a lugares de liderança arrogantes" (ela quer passar isto para as mulheres).

Ela não está a olhar para quadro geral quando fala nisto. Se os homens historicamente foram os protectores e os provedores, isto significava uma vida de trabalho em favor das esposas, das crianças e das comunidades. Isto significava liderança com propósito, e não liderânça para satisfazer uma agenda política ou uma afirmação egoísta de si mesmo.

Para além disso, ela não está a avaliar a masculinidade de forma correcta. O que é que acontece quando um homem é bem sucedido no seu desenvolvimento até à vida adulta? Não expressará ele qualidades masculinas no seu comportamento? Não influenciará isto o seu papel na família, na comunidade e na sociedade? Hanna Rosin não leva isto em conta. Ela olha para os homens másculos como agentes que impedem que as mulheres cheguem às posições de poder. Ela acredita também que a sociedade desenvolveu-se de uma forma que minou a posição destes homens másculos.

Primeiro, ela acredita que existem sinais de que o posição do homem no local de trabalho entrou em declínio. Os seus rendimentos estão em queda e por cada 5 homens, 1 abandonou o mercado de trabalho. As mulheres jovens têm agora rendimentos mais elevados que os homens, e estão a obter 60% dos cursos universitários [ed: ler aqui, aquiaqui e aqui para entender o porquê desta situação]. Rosin escreve.
Tal como uma rapariga numa irmandade me disse - lembrem-sem eu disse irmandade e não alguém dum centro de estudos femininos - "Os homens são os novos bola e corrente.
(Note-se a arrogância: isto é algo que a Rosin considera positivo como um sinal de que o poder está a passar dos homens para as mulheres.)

Rosin tem razão quando diz que a posição económica dos homens caiu em relação a posição económica das mulheres, mas ela está a exagerar imenso quando se fala do quanto que os homens são obsoletos. Eu trabalho com mulheres apaixonadamente feministas, e muito poucas trabalham a tempo inteiro. Elas dependem do marido (que trabalha a tempo inteiro) para lhes dar o equilíbrio trabalho/casa que elas tanto buscam.

Rosin está errada quando pensa que o trabalho para ela tem o mesmo significado que o trabalho para todas outras mulheres. Ela tem um emprego de elevado status, confortável e criativo, como escritora freelancer, mas para as outras mulheres o trabalho não será tão glamoroso.

Rosin pensa que os homens são obsoletos porque a família com o homem como provedor está em declínio. Ela está certa em relação ao declínio, mas ela entende as estatísticas de forma errada (ela alega que 40% das famílias têm agora a mulher como provedora, excluindo as mães solteiras, mas o número 40% inclui as mães solteiras. Para as mulheres que vivem com um parceiro o número é um pouco mais de 20%. Portanto, em 80% das casas o homem ainda é o provedor primário).

O seu argumento seguinte é o mais revelador. Rosin usa a destruição da família das classes mais baixas como forma de provar que os homens são agora obsoletos:
A classe operária sente o fim dos homens de forma mais vincada, à medida que os homens perdem os seus empregos e perdem a vontade de serem pais, e as mulheres fazem tudo sozinhas, criando um matriarcado virtual em partes do país que eram no passado bastiões do valores masculinos ao estilo da música country. Porque é que as mulheres não se casam ou vivem com o pai das suas crianças? Tal como uma mulher me disse, "Ele seria apenas mais uma boca para alimentar."
Eu realmente tenho que balançar a cabeça de forma negativa. Será que é suposto nós alegrarmo-nos com as consequências progressivas da destruição da família entre a classe operária? Será suposto nós pensarmos que o facto das mulheres modernas fazerem as coisas sozinhas é um sinal de "poder" em relação aos homens? Parece-me que elas apenas estão a viver vidas mais complicadas num ambiente social disfuncional. Não é de admirar que a esperança média de vida das mulheres pobres brancas esteja em  declínio. De maneira nenhuma isto prova que os homens estão obsoletos; isto mostra o que acontece quando a sociedade falha ao não manter o papel do homem na família.

Rosin continua a bater no fundo do barril quando dá a sua razão seguinte do porquê os homens serem obsoletos:
É o fim dos homens porque eles perderam o seu monopólio da violência... As mulheres estão a ficar cada vez mais confiantes sexualmente e, algo que a Camille Paglia espera há alguma tempo, mais agressivas e mais violentas.
Mais uma vez, isto parece que a Rosin toma um exemplo rude da masculinidade e quer que as mulheres sejam o melhor exemplo dele. Para Rosin, é um sinal de "poder" que as mulheres estejam a ficar cada vez mais violentas e agressivas. Mas as mulheres não ganham nada com este sinal de posição social visto que os homens podem vencer facilmente as mulheres num confronto físico.

O facto de mais e mais mulheres lutarem nas ruas normalmente é sinal de bebedeira vulgar - e isso aponta para um declínio social entre as mulheres e não um avanço.

Rosin termina o seu artigo falando do que a vida pode ser para os homens obsoletos, tais como o seu filho, no futuro:
Quando penso no mundo após o fim dos homens, penso no mundo que o meu filho vai herdar, onde, se ele quiser levar os filhos para o parque às 15:00 duma Terça-Feira à tarde, ninguém olhará para ele de maneira estranha, ninguém se questionará do porquê ele não ter emprego, e ninguém pensará "Que fracassado!", e ninguém pensará que ele é de Portland ou Toronto; as pessoas pura e simplesmente passarão ao lado sem pensar nada de mais sobre isso. Ele pode ser arrogante o quanto quiser e sentir-se em casa neste novo mundo.
O homem do futuro tem permissão para brincar com as crianças no parque. Isso é tudo o que obtemos da Rosin. Será que Rosin se casou com um homem cujas funções se limitam a levar as crianças ao parque? Não, ela casou-se com o editor da revista Slate.

Será que Rosin educará o seu filho de modo a que ele seja o quão" arrogante ele quiser" sem qualquer preocupação com o seu estatuto no mercado de casamento? Só acreditaremos quando observarmos com os nossos olhos visto que não é dessa forma que a classe social de Rosin normalmente opera.

Rosin tem razão quando fala das tendências sociais, mas ela exagera-as. Ela está errada quando assume que estas tendências têm algum futuro. Se a sua classe social fosse educar os rapazes de uma forma não-masculina, então a sua classe social entraria em colapso. E se os homens perdem a sua ética de trabalho e a sua ligação à família, então a sociedade regride em vez de progredir para algo melhor.
O futuro pertence às comunidades que conseguem manter a sua unidade e resistir às tendências descritas por Rosin. - See more at: http://omarxismocultural.blogspot.com.br/#sthash.jaoQh0Pw.dpuf

Nenhum comentário:

Postar um comentário