quarta-feira, 10 de junho de 2015

Socialistas e socialdemocratas: ignorantes, intelectualmente debilitados ou canalhas? (João Marcos T. Theodoro)


Em discussões socioeconômicas, ter como rivais mentes manchadas de vermelho, que creem na possibilidade de se fazer efetiva uma justiça social por meio de medidas intervencionistas do Estado, leva o litigante mais conhecedor a duvidar gravemente da inteligência, do saber e talvez até do caráter desses adversários. De indivíduos que, num grau mínimo de mentalidade socialista, defendem que toda propriedade privada deve exercer uma função social a indivíduos que defendem que toda a produção deve ser controlada pelo Estado, nenhum desses encontra sustento na teoria econômica, e seu senso ético é disforme, principalmente o dos últimos. Quando o discurso libertário se lhes põe diante, berram um senso comum mil vezes refutado e demonstram absoluto desconhecimento dos conceitos econômicos e dos processos de mercado. Uma tal reação fomenta o pensamento de que adeptos do socialismo e doutrinas semelhantes, cavaleiros quixotescos da justiça social, são ignorantes quanto às refutações ao socialismo e a qualquer prática intervencionista. Por certo, jamais vislumbraram as ideias da Escola Austríaca de Economia, que, com a ira tenaz de Aquiles e a sabedoria de Minerva, destrói as grutas do marxismo e eleva templos ao capitalismo laissez-faire. Eugen von Böhm-Bawerk, um dos principais teóricos da Escola Austríaca, demonstrou a falsidade do conceito de mais-valia, da teoria valor-trabalho e, entre outras refutações,  da teoria da exploração de Marx. Após Böhm-Bawerk, seu mais brilhante aluno, Ludwig von Mises, que prenunciou a Grande Depressão, desferiu sobre o socialismo o golpe de misericórdia, atribuindo-lhe definitivo caráter de impossibilidade, com sua demonstração do problema do cálculo econômico socialistaSocialismo, seu tratado crítico sobre esse sistema, publicado em 1922 em língua alemã, soou por toda a Europa como um réquiem ao trabalho de Marx. Mises, Böhm-Bawerk e outros teóricos da Escola Austríaca também atacaram impiedosamente todas as demais formas de intervencionismo. O livro-resumo de como as intervenções estatais são perniciosas é o Economia Numa Única Lição, de Henry Hazlitt. Por existir tanto conhecimento – empírico e teórico – que comprova a nocividade das intervenções estatais em todo nível, a ignorância dos simpáticos a essa política toma caráter indubitável.
Ludwig von Mises
Creio que possa existir, na alma de alguns preocupados com a causa da justiça social, verdadeira pulsão de fraternidade para com a gente pobre. O desamparo de uns comove homens bons, os quais se valem das primeiras ferramentas que julgam próprias para resgatar seus semelhantes. É turvo, porém, seu senso ético. Querem ajudar a uns com recursos tomados à força de outros. Não enxergam a nulidade de seu esforço: empobrecem um grupo para enriquecer outro. Mas, a rigor, não é nulo o resultado disso; antes fosse. Medidas assim, no cálculo final, diminuem de modo geral a riqueza da nação. Sem considerar as distorções de mercado causadas pelas medidas estatais de redistribuição de renda, quero apontar em especial a perversidade disso, falando não ao bolso do homem, mas a seu coração. Tirando os homens que lograram fortuna por meios criminosos e antiéticos, todos os outros indivíduos opulentos assim se fizeram por terem conseguido atender melhor que seus rivais às demandas do mercado. Este o premiou enriquecendo-o. O agente econômico que melhor satisfaz os desejos dos consumidores prospera; aquele que não o faz é obrigado a se aperfeiçoar ou trocar de meios, e isso é natural e bom e justo. Redistribuir a renda é favorecer empreendedores malsucedidos a expensas dos indivíduos que melhor satisfazem os desejos das pessoas que compram. É sustentar indivíduos menos produtivos mediante a espoliação dos mais produtivos. E por isso é antiético e injusto. Redistribuir a própria renda, por outro lado, não só é legítimo como é ação caridosa, mas o exercício da caridade implica voluntariedade, não coerção. Os defensores dessa injustiça podem dizer que se importam com oferecer oportunidades iguais a todos, no entanto isso não se faria sem uso da coerção e, portanto, é ilegítimo, antiético e injusto. As crianças que nasceram em áureos berços que culpa têm elas da desventura das crianças pobres? Não é justo que paguem pela desdita alheia. Ademais, sempre a desigualdade existirá, já que não somos iguais em competências nem em habilidades.
Carl Menger, fundador da Escola Austríaca, Eugen von Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Friedrich A. Hayek e Murray Rothbard
A ética disforme nos espíritos socialistas e socialdemocratas resulte talvez de sua ignorância e obtusidade. Tantos equívocos corrigir-se-iam à medida que estudos econômicos lhes fossem trazendo saber e certas leituras fossem retificando sua ética. Porém, se, nem diante da irrefutável teoria da Escola Austríaca e nem de um conhecimento aperfeiçoado da ética da liberdade, se nem com isso o sujeito deixa de bradar o discurso socialista ou socialdemocrata, resta somente, como único parecer razoável, o de que esse sujeito é desonesto ante questões intelectuais e tem índole má – ou sua estultícia o torna incapaz de seguir um raciocínio lógico econômico. Um sujeito que conscientemente luta a favor do empobrecimento de todos e do uso da coerção contra homens pacíficos não pode ser senão um mau-caráter.
Fica, então, mostrado que socialistas e seus semelhantes apenas podem ser cativos da ignorância, ser cognitivamente desfavorecidos ou ter má índole. Nenhuma outra hipótese há que elucide sua existência*.

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