terça-feira, 12 de maio de 2015

Fachin e o mi-mi-mi do pobrismo. Quando é que vai aparecer um “pobre menino rico” para choramingar, hein?(RA)

Eu, que fui muito pobre — e não entro em detalhes porque ninguém tem nada com isso —, não aguento mais
– o chororô do pobrismo;
– a estética do pobrismo;
– a ladroagem do pobrismo;
– a vigarice intelectual do pobrismo;
– o orgulho cretino do pobrismo…
Não aguento mais o pobrismo como categoria de pensamento. Luiz Edson Fachin está sendo sabatinado no Senado. Indagado por que um publicitário que trabalha para o PT faz a sua campanha na Internet — como se fosse o caso —, ele optou pela saída petista: NÃO SABE. Indagado quanto custa, ele também não sabe. Não sabia nem que a agência trabalhava para o partido.
Mas gravou quatro vídeos para a turma. Vale dizer: o candidato ao Supremo vai gravando o que lhe pedem sem saber para quem. Como diria Fernando Pessoa, mordomos invisíveis administram-lhe a casa.
Mas, de saída, como um Lula das letras jurídicas, saiu-se com esta:
“Sobrevivi a uma adolescência difícil e enriquecedora. Não me envergonho; ao contrário, me orgulho de ter vendido laranjas na carroça de meu avô pelas ruas onde morava. Me orgulho de ter começado como pacoteiro de uma loja de tecidos. Me orgulho de ter vendido passagens em uma estação rodoviária”.
A gente viu aonde nos levou o culto a essa tolice. É claro que sempre me seguro para não chorar em horas assim e, como sou meio briguento, tenho vontade de dar início a um campeonato de pobreza. Mas meu senso de decoro me impede.
Oh, meu Deus! Quando é que vai aparecer no Brasil um pobre menino rico que venha chorar as pitangas porque oprimido por seu pai rico, hein? Quando? Posso imaginar: “Ah, Vossa Excelência não sabe como eu sofria… Queria ir brincar de pipa na rua, mas meu pai me obrigava a ficar dando ordem para os mordomos…”.
Sempre que alguém me conta uma história pessoal triste e fora do contexto, acho que o sujeito está querendo me enganar. Eu estou me lixando se a infância de um candidato ao Supremo foi pobre ou rica. Quero saber o que ele entende das leis. Quero saber quais princípios organizam seu pensamento. Quero saber quais são seus valores. Quero saber o que ele pensa de alguns dos pilares da Constituição. Quando eu estou com vontade de chorar e não encontro bons motivos, corto cebola, não preciso de Fachin. Chega dessa conversa mole! E com esse espírito que o país está passando por um dos momentos mais difíceis de sua história.

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