domingo, 15 de dezembro de 2013

Fora FMI! Fora Banco Mundial! Chega de ajuda internacional! (RC)

Fora FMI
Acabou agora pouco o painel sobre a ajuda internacional e o papel de entidades como o FMI e o Banco Mundial no desenvolvimento dos países emergentes, aqui no colóquio do Liberty Fund em Miami. À exceção de um reitor de uma universidade particular em Buenos Aires, todos os demais participantes teceram duras críticas e julgaram o efeito líquido dessas instituições como negativo.
Quem não lembra de cartazes de manifestações esquerdistas pedindo “Fora FMI” pelos países da América Latina? Curiosamente, vemos que os liberais parecem defender a mesma coisa. Onde a esquerda e a direita se encontram, portanto, é na condenação a estas entidades, ainda que por motivos diferentes.
Começando pela questão da ajuda internacional, ficou claro, desde Peter Bauer, que ela serve para preservar elites corruptas em países pobres. Ou seja, é a transferência de recursos dos pobres dos países ricos para os ricos dos países pobres. Não há casos de sucesso de desenvolvimento produzido pela ajuda internacional. William Easterlly, que trabalhou décadas no Banco Mundial, já escreveu dois livros comprovando isso.
Ainda assim, essa tem sido a bandeira de gente como Bono, o cantor do U2. Ironicamente, Bono tem sido alvo tanto da esquerda, como da direita. Se eu o incluí na lista de ícones da esquerda caviar por um lado, há ataques proferidos pela esquerda também, que o chama de “neoliberal”. Escrevi sobre isso aqui, com base no livro Frontman.
E eis um dos pontos principais abordados no debate: essas instituições como FMI e Banco Mundial acabam servindo como desculpa para a esquerda condenar o liberalismo ou o capitalismo pelo fracasso dos países emergentes. É similar ao que ocorre com o embargo americano a Cuba. Não é a causa de sua miséria, mas os socialistas usam como pretexto para jogar a responsabilidade para longe.
Mary O’Grady, jornalista para América Latina do WSJ e do board do Liberty Fund, lembrou que algo como US$ 500 bilhões já foram emprestados pelo Banco Mundial desde o pós-guerra. Aonde está o resultado? Quem poderia celebrar o sucesso desses investimentos? Apontar um ou outro caso de sucesso isolado é errar o alvo e ignorar que até um relógio quebrado acerta a hora duas vezes por dia. E o custo de oportunidade?
O fato é que essas instituições servem mais para ajudar seus próprios funcionários privilegiados do que os pobres dos países emergentes. Trata-se de uma poderosa burocracia sem rosto e sem accountability, que não foi eleita, que não é punida por seus erros, concentrando poder em demasia, destinando bilhões em recursos de terceiros com os incentivos inadequados.
Foi lembrado no evento que tais entidades foram idealizadas por comunistas ou esquerdistas mais lights, como Keynes, e que o objetivo era, de fato, concentrar o poder centralizado das finanças mundiais em poucas mãos. Tecnocratas influentes e governantes ávidos por poder: uma simbiose explosiva.
O FMI, tão odiado por nossa esquerda, foi parido para impedir o livre mercado. Harry Dexter White foi o representante dos Estados Unidos na Conferência de Bretton Woods, em 1944, e o arquiteto tanto do FMI como do Banco Mundial. Ocorre que ele era um espião soviético, como ficou claro depois.
Sorte que a esquerda não tem boa memória, pois hoje detesta essas instituições sem se dar conta de que prejudicam o capitalismo liberal. Os liberais devem, então, usar isso a seu favor e se juntar à esquerda no coro: vamos abolir o FMI! O capitalismo não precisa dele.
Seu histórico é terrível. Nunca agiu, por exemplo, pressionando pela redução do déficit fiscal por meio de menos gastos públicos, e sim sempre pelo lado de mais impostos. Liberal? Nem aqui, nem na China!
Não deixemos mais a esquerda usar esses bodes expiatórios contra o liberalismo. É verdade que países saudáveis não necessitam do FMI ou do Banco Mundial, tampouco de ajuda humanitária dos países ricos. Nesse sentido, a culpa maior reside nos próprios países emergentes que destroçam suas economias.
Mas mesmo assim, tais instituições não só são incapazes de resolver os problemas dos emergentes, como muitas vezes trabalham para agravá-los. Se a esquerda condena o FMI, segundo ela um instrumento do “neoliberalismo”, então nós, liberais, também condenamos, ainda que pela razão contrária. Eles acham que Bono e Jeffrey Sachs são ícones do “neoliberalismo”, e nós sabemos que são da esquerda caviar que prejudica o liberalismo.
Não importa a premissa diferente. Encontramos uma bandeira comum. Juntos, então, gritemos: Fora FMI! Fora Banco Mundial! Chega de ajuda internacional!

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