sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Esparta ganha na Europa (ARMANDO RIBAS )

Como bem disse Thomas Sowell: “Os fracassos do socialismo são tão evidentes que somente podem ser ignorados pelos intelectuais”.
 Está na hora de a Europa tomar consciência de que sua crise é a crise do socialismo.

Tal como era de se esperar, ganhou a esquerda na Grécia. Como não? Porém, o problema com a Europa é: e o que NÃO É esquerda? Em que país da União Européia hoje não impera o socialismo? Quando Sarkozy, supostamente de direita, governava a França, o gasto público já havia alcançado 57% do PIB e a dívida 125%. Ocorre-me que não parece definível a diferença entre esquerda e direita, além da confusão que impera como conseqüência de que a esquerda considera o fascismo de direita. Conforme esse critério, os Founding Fathersseriam considerados de extrema-direita. Ou seja, que de acordo com a esquerda, que monopolizou a ética, o respeito ao direito de propriedade e a busca da própria felicidade são os determinantes da desigualdade econômica.
Frente a essa confusão ideológica, permitam-me lembrar que o fascismo foi um derivado do socialismo. Foi Lênin que, ao se dar conta do fracasso da economia comunista, propôs e escreveu a NEP (Nova Economia Política), e escreveu: “Os capitalistas estão operando entre nós. Estão operando como ladrões. Fazem lucros mas sabem como fazer as coisas”.

Igualmente Hayek em seu “Caminho da Servidão”, descreveu claramente as fontes socialistas do nazismo, que é fascismo a la alemã. E Ernst Nolte, em sua análise filosófica do fascismo, chegou à seguinte conclusão:

“Fascismo é o anti-marxismo que pretende destruir o inimigo pela evolução de uma oposta mas relacionada ideologia, e mediante o uso de quase idênticos mas modificados métodos, sempre, todavia, dentro de um inflexível marco de auto-determinação nacional e autonomia”
.
No meio desta confusão ideológica se produziu o triunfo do suposto líder da extrema-esquerda grega, o Sr. Tsipras, nas recentes eleições na Grécia. Tenho a impressão de que continua o triunfo de Esparta sobre Atenas, e Licurgo e Platão estão presentes em um país que enfrenta uma dívida de 321.700 milhões de euros e alcança 175% do PIB. Qual é a proposta? Acaso pode-se acreditar que a Grécia pode pagar essa dívida? Porém, mais confuso continua sendo o fato que põe de manifesto a falácia da esquerda de confundir o fascismo com a direita. O Sr. Tsipras chegou ao poder associado com o partido de ultra-direita “Gregos Independentes”, que coincide com a posição de se negar a aceitar a austeridade proposta pela Alemanha. E, certamente, para maior confusão ideológica, Marine Le Pen, a representante do Partido Nacionalista francês, apoiou o triunfo de Tsipras.
Em virtude destas, que considero realidades políticas e ideológicas, França, Itália e Espanha, e certamente a Grécia, se opõem às medidas de austeridade propostas pela Alemanha.

Recentemente, Mario Draghi, presidente do BCE, determinou uma política de expansão monetária comprando bônus. Ante esta opção, não só existe uma diversidade de opinião senão que aparentemente prevalece o nacionalismo tradicional europeu. Em primeiro lugar, a causa desse desequilíbrio gerou-se como conseqüência do aumento do gasto público, que provocou, com uma relativa exceção da Alemanha, uma dívida, que embora não alcance à da Grécia, aparece igualmente impagável. Remeto-me às provas. O gasto público na França alcança 57% do PIB, na Itália 50%, na Inglaterra 46,9%, na Espanha 47,9% e na Alemanha 44,8% (dados do FMI do ano de 2012). Segundo os dados de The Economist, o déficit fiscal da França em 2014 alcançou 4,4% do PIB, na Espanha 5,6%, na Itália 3,0% e certamente na Grécia 4,0%.
Ante esses dados podemos ver que dificilmente a dívida européia possa ser paga, e não deveria caber dúvidas de que a política a seguir a fim de superar o desequilíbrio pendente passa inexoravelmente pela redução do gasto público. Como bem assinalou Milton Friedman e recordam os economistas: “O que importa não é o déficit, senão o gasto”. Esta realidade implica em primeiro lugar que, na medida em que o gasto público aumenta, reduz-se a taxa de crescimento econômico. Portanto, não deveria haver dúvidas a respeito de que a política a seguir para solucionar a crise européia passa inexoravelmente pela redução do gasto. Esse nível de gasto é o produto do chamado Estado de Bem-estar. E esse estado de bem-estar, que não é mais que o socialismo via demagogia democrática da pretensão da igualdade econômica, foi o que produziu o estado de mal-estar da crise européia. A respeito podemos ver que hoje o desemprego na Grécia é 25,8%, na Espanha 23,9%, na Itália 13,4% e na França 10,3%.
O tema pendente então é definir qual é a política para conseguir a redução do gasto e ainda possibilitar o pagamento de uma dívida que não implique na quebra do sistema bancário. Em um recente artigo, Paul Krugman reconheceu o fato de que na Grécia o processo de austeridade acordado com o FMI, o BCE e a Comissão Européia ignorou que teria um efeito negativo sobre a renda e o emprego, e que o povo grego está pagando o preço dessa ilusão da elite. Porém, uma vez que aceitamos que a causa da crise foi o aumento inusitado do gasto público, a pergunta que Krugman não responde é qual é então a política a seguir.
Hoje já nos encontramos ante o fato sem precedentes de que o FMI recomenda à União Européia uma maior inflação para conseguir resolver a presente crise. Até há muito pouco, toda a política do FMI era conseguir o equilíbrio monetário, baseado na teoria quantitativa do dinheiro e evitar a inflação. A idéia que compartilho aparentemente é reduzir a dívida pública em termos reais e evitar a quebra do sistema bancário. Para conseguir esse objetivo não há outra solução que os países da União Européia saiam do euro e desvalorizem suas próprias moedas.
No que se refere à necessidade de reduzir o gasto, minha proposta é que não se faça de imediato em termos nominais. A política a seguir seria reduzir os impostos, cujo atual nível implica a violação do direito de propriedade, e assim conseguir um maior investimento e um maior crescimento. A redução dos impostos, ao mesmo tempo em que se mantém o nível do gasto em termos de moeda corrente, determinaria um maior déficit fiscal e a inflação recomendada pelo FMI. A conseqüência seria a redução do gasto e da dívida em termos reais. Por sua vez, a maior taxa de crescimento determinaria do mesmo modo uma redução do gasto e da dívida em relação ao PIB.
Conseguido esse processo em uma primeira instância, deve ser seguido por uma política fiscal adequada de redução do Estado na economia, o que provocaria uma vez mais um maior crescimento econômico na União Européia. Por tudo o que foi dito anteriormente, é evidente que o problema da Europa não é a Grécia senão da União Européia, inclusive a Alemanha, por mais que este país seja atualmente o que apresenta um menor desequilíbrio, não obstante manter um gasto público de 44% do PIB. Em função dessa posição relativa, a Srª Merkel propõe a austeridade à qual se opõe toda a esquerda e a chamada direita européia.
A solução ao problema europeu passa inexoravelmente pela decisão de abandonar o socialismo que, como bem disse Thomas Sowell: “Os fracassos do socialismo são tão evidentes que somente podem ser ignorados pelos intelectuais”. E eu acrescentaria, e pelos políticos, pois é evidente que a demagogia é que leva ao poder. Assim, na suposta busca pela igualdade se produz a desigualdade política e econômica, não como conseqüência do aumento da rentabilidade do capital, senão da corrupção que impera no Estado. Mas, não obstante essa realidade, hoje aparentemente o livro mais popular é “O capitalismo do Século XXI”, escrito pelo economista francês Thomas Picketty, no qual ele propõe que o aumento da taxa de retorno do capital determina a redução da taxa de crescimento econômico e, conseqüentemente, uma maior desigualdade econômica. Estas propostas decididamente são populares, pois como disse Aristóteles, “os pobres sempre vão ser mais que os ricos”. A realidade é que quando cai a rentabilidade do capital se reduz o investimento e conseqüentemente a taxa de crescimento. Está na hora de a Europa tomar consciência de que sua crise é a crise do socialismo.

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