segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O plano de emergência do PT (NIVALDO CORDEIRO)


ldmCada uma das propostas “concretas” e revelam a insanidade e a irresponsabilidade do Partido dos Trabalhadores.

Eu já escrevi em vários lugares que há uma incompatibilidade essencial entre a realidade e os desejos desvairados das esquerdas na condução da economia. O recente documento do PT (O futuro está na retomada das mudanças) é um atestado de loucura que os utópicos ora no poder não hesitariam em pôr em prática, se dispusessem do poder total. Chamo a atenção para as 22 propostas “concretas” apensas ao final do documento, um conjunto de disparates que, se implantado, condenaria o Brasil a voltar à Idade da Pedra.
O texto inicia, como de hábito em todos os textos “teóricos” do PT, responsabilizando supostas forças conservadoras pelas desventuras do país e não o que é de fato, resultado da administração atrabiliária e incompetente do partido, principalmente depois da posse de Dilma Rousseff. Os escritores do documento deram completamente as costas à realidade e passaram a desfilar seus preconceitos e palavras de ordem indigentes, incapazes de fazer frente aos desafios nacionais impostos pela crise.
O documento identifica tais forças conservadoras com o grande capital rentista, nacional e internacional, como se os banqueiros nacionais e metacapitalistas internacionais não fossem os capitães no apoio ao PT e a Lula. Eles são os seus grandes financiadores, ao lado do produto da corrupção agora bastante conhecida. Há aqui um fingimento propositado, pois afinal os cabos eleitorais do PT passaram a vida a demonizar os banqueiros e rentistas. Nisso reconheço plena coerência dos escritores atuais do documento com aqueles de passado remoto, do início da vida do partido.
Os escritores do documento não hesitaram em afirmar que os ajustes que se fazem necessários são esforços dos conservadores para manter a rentabilidade de seus negócios, quando estamos vendo a quebra em cadeia de grupos empresariais. A retração abrupta do PIB está fazendo desaparecer uma legião de empresas, muitas delas de grande porte. Fingem não perceber que os ajustes são um imperativo da realidade e nada têm a ver com a luta de classes ou outra quimera que queiram. É o princípio de realidade funcionando ou, se quiser, é a lei da escassez prevalecendo, contra os desejos dos falsos teóricos esquerdistas. Reforçam seu argumento com a velha cantilena contra a desigualdade, como se fosse possível suprimi-la. A utopia tem sua justificação em última instância nessa besteira.
Para essa gente, elevação real de salário mínimo e aposentadorias precisam continuar, assim como a regulação sufocante que inviabiliza a ação do setor privado. Esses pseudo-teóricos pensam que tudo que há de bom vem do Estado e tudo que é perverso vem da iniciativa privada, quando a realidade é precisamente o oposto. Eles agora usam como discurso e parâmetro uma suposta era do ouro que teria sido o governo Lula, quando se sabe que os desequilíbrios estruturais que trouxeram a crise foram ali gestados. E não têm uma palavra para rememorar a estupidez e a violência que foi o tarifaço no começo da gestão do segundo governo de Dilma Rousseff. É como se não tivesse existido.
Com a economia destroçada e em queda livre, elevando o desemprego à casa dos dois dígitos, assim como a inflação, os escritores do texto não tiveram pejo de dizer que “O combate à pobreza e à desigualdade, para nós, não era apenas princípio ético, mas instrumento primordial para a edificação de um novo e sustentável modelo de desenvolvimento. “ Chega a ser hilário ler a palavra “ético” num texto produzido pelo PT depois das bandalheiras reveladas e seus quadros dirigentes aprisionados. Seus tesoureiros todos idem. Essa gente simplesmente se recusa a aceitar que desenvolvimento só pode vir do trabalho conjugado com a poupança. Seu sonho é transformar toda gente em rentista do Estado.
É claro que não poderiam ter esquecido de falar contra o “imperialismo”, mas desta vez sem coragem de nominar os EUA. Ora, o drama brasileiro atual é precisamente o fato de o PT ter tornado a China o principal parceiro comercial do Brasil e aquele país ter entrado em uma crise de grandes proporções, arrastando o Brasil junto. Um erro estratégico elementar, mas os “teóricos” não são capazes de reconhecê-lo.
Eu poderia aqui comentar cada uma das propostas “concretas” postas ao final do documento, mas elas falam por si mesmas e revelam a insanidade e a irresponsabilidade do Partido dos Trabalhadores. Chamo a atenção, todavia, para duas delas: redução arbitrária e profunda na taxa de juros e a elevação de impostos. É certo que o PT não reúne forças suficientes para pôr essas iniquidades em andamento, embora possam revelar a qualidade intelectual e moral do partido governante, que não guarda nenhum compromisso com a realidade. Se o PT não for ejetado imediatamente do poder, todavia, poderá pôr em prática algumas das insanidades listadas, que dependem apenas do Poder Executivo. Será a destruição do Brasil, da sua economia, e o empobrecimento de toda a gente. Não há data para o Brasil sair da crise.
Quem viver verá.

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