quinta-feira, 19 de setembro de 2013

FED surpreende e mantém a pornografia monetária. (titulo meu texto de Rodrigo Constantino)

O Fed (banco central americano) surpreendeu o mercado e decidiu manter os estímulos na íntegra. Grande parte dos investidores já esperava a retirada de ao menos US$ 10 bilhões por mês. A comunicação dessa gestão com o mercado não é das melhores.
Em coletiva dada logo após o anúncio, o presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou que o cenário econômico não mudou substancialmente desde junho, quando foi divulgada a informação de que a redução dos estímulos poderia acontecer. “Concluímos que a redução dos estímulos poderia reduzir o crescimento, situação que seria exacerbada se as condições econômicas se apertassem no médio prazo”, afirmou Bernanke.
Os apelos de economistas como Paul Krugman falaram mais alto do que o bom senso. O fato é que o Fed parece totalmente refém de sua própria política expansiva. Até que ponto a tímida recuperação econômica depende de tais estímulos? Eis a questão: podemos estar diante de uma retomada artificial, de uma euforia temporária produzida apenas pela injeção de liquidez no sistema. É a “euforia Amy Winehouse”.
Como o nome ironicamente já diz, a cantora curtia elevadas doses de álcool e outras drogas mais. No começo, seus vexames eram compensados pelo excelente desempenho nos palcos. Com o passar do tempo, o vício foi aumentando até o ponto de impedi-la de cantar. Confrontada com essa realidade, Amy não só rejeitou um tratamento mais intensivo, como chegou a escrever uma música enaltecendo sua decisão. Reabilitação? Não, não e não! Ela quis o vício. Acabou morta.
A analogia com o álcool não é nova. Benjamin Strong, que foi presidente do Fed, costumava dizer que daria mais uma dose de uísque para animar o mercado. E como ele gosta do malte! Para um bêbado, nada melhor no curto prazo do que mais uma rodada grátis. O problema é depois, quando a ressaca aumenta. A dose necessária para manter a euforia artificial é cada vez maior. Até o dia em que o organismo não aguenta mais.
Hoje foi dia de festa. As bolsas subiram no mundo todo, celebrando a continuidade dos estímulos, tal como um viciado comemora com fogos de artifício a chegada das drogas. O S&P 500 está no pico histórico em termos nominais.

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