segunda-feira, 19 de outubro de 2015

ARTIGO: A Venezuela é aqui também (Felipe González)

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O ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González, que trabalha na defesa do opositor venezuelano Leopoldo López, condenado a quase dez anos de prisão, disse que, na Venezuela, “o Poder Executivo arrasou o Poder Judiciário, submetendo-o à sua vontade”.
O ex-petista Hélio Bicudo, que apresentou mais um pedido de impeachment de Dilma Rousseff dias após três liminares do Supremo Tribunal Federal alterarem as regras de tramitação para abertura do processo na Câmara, disse que, no Brasil, “o PT tomou conta do Judiciário. É o PT que está decidindo o que acontece no STF. Quem foi que colocou esses ministros no tribunal? Foi o PT. Eles não irão julgar nada contra o PT”.
Em março, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, já acusava González de apoiar um golpe de Estado junto ao eixo “Bogotá-Madrid-Miami” numa “guerra psicológica” contra a revolução bolivariana.
Nos últimos dias, após oferecer a Eduardo Cunha 5 ministros do STF e 7 membros do Conselho de Ética para salvá-lo de uma denúncia criminal e da cassação de seu mandato em troca de ser salva do impeachment, Dilma acusou os opositores de “golpismo escancarado”, chamando-os de “moralistas sem moral” e sem “reputação ilibada” para “atacar a minha honra”; enquanto seu padrinho político Lula preferiu intimidar Bicudo enviando uma carta a seu filho petista:
“Nos últimos anos, tenho recebido em silêncio os sucessivos ataques do doutor Hélio Bicudo, pontuados de rancor. Eu até pensei em tomar medidas judiciais a propósito dessas injúrias. Mas não o farei em atenção a você e a seus familiares. Eu e seu pai somos cristãos e ele tem consciência de que Deus sabe que ele está mentindo”, escreveu Lula.
Deus sabe, na verdade, que a única diferença entre o aparelhamento dos Poderes Judiciários venezuelano e brasileiro pode ser medida apenas pelo grau de ousadia a que já chegaram suas decisões concretas. Enquanto lá já se condenam opositores políticos inocentes sem maior cerimônia, no Brasil, por enquanto, apenas se libertam os “companheiros” presos, como Alexandrino Alencar, e se aceleram as investigações contra governistas dissidentes como Eduardo Cunha.
Mas a Venezuela é aqui também, Felipe González.

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