terça-feira, 31 de março de 2015







Aborto, a falta de uma visão cristã da política e petismo juvenil: notas (ALEXANDRE MAGNO FERNANDES MOREIRA )

Identificar um idiota é muito fácil. E a situação ideal para isso são as discussões sobre temas políticos ou econômicos.

Acredito que o aborto seja um ato essencialmente covarde, não porque um inocente é morto, mas porque as pessoas não veem o resultado desse ato. É como se logo após apertarmos o gatilho, fechamos os olhos para não ver a bala atingir a vítima. O aborto é uma espécie de "homicídio envergonhado", no qual o ato é separado da visão, porque vê-lo mostraria que há nele algo de profundamente errado.
Se você é um abortista convicto, sugiro que seja coerente até o fim: todos sabem que a diferença entre um feto ou embrião e um bebê é apenas a localização, dentro ou fora do útero. Os "bons motivos" para o aborto são quase todos aplicáveis ao infanticídio. A grande diferença é que no último caso nós vemos a vítima sendo morta. Então, se você quiser ser coerente e minimamente corajoso, advogue também o infanticídio de bebês de até um ano de idade. Por que essa idade? Porque aproximadamente com um ano o bebê adquire consciência de si mesmo e, de certa forma, para a pertencer à espécie Homo Sapiens sapiens, ou seja, aquele que sabe que sabe.
Enquanto isso, pode ir pensando na melhor forma de matar bebês e quem teria esse direito. Para quem defende o aborto, deve ser um exercício e tanto de imaginação...
PS: Isso já foi defendido pelo filósofo australiano Peter Singer no livro Ética Prática. Aliás, já cunharam o termo "aborto pós-nascimento"; se tiver curiosidade, veja: http://m.jme.bmj.com/content/early/2012/03/01/medethics-2011-100411.full.

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Já encontrei inúmeros cristãos sérios no Brasil. Muitos deles têm firmes posições políticas e fazem questão de expressá-las, com bastante contundência até. Estranhamente, quase todos os cristãos têm um modo de entender e expressar a política idêntico ao dos ateus e agnósticos. Quando criticam ou apoiam o governo, quase sempre o fazem por meio de parâmetros comuns de moralidade e eficiência.
Tenho a impressão de que a maioria dos cristãos resumem a sua religião a frequência de igrejas, como se o cristianismo não fosse aplicável fora do "espaço sagrado". A mera frequência a cultos religiosos degrada a religião em um simples hábito, facilmente descartável. Acredito que a rigor o cristão é aquele que interpreta todos os fenômenos do mundo com base na vida e nos ensinamentos de Jesus.
Para essas pessoas, gostaria de fazer uma proposta: que tal começarmos a formar nossas opiniões políticas conscientemente a partir do cristianismo? Que tal iniciarmos uma "análise espiritual" da política, e, porque não, dos candidatos a cargos eletivos?
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Não é curioso que quase todos os petistas e comunistas tenham aderido a essas ideologias durante a adolescência ou juventude (aproximadamente dos 14 aos 24 anos)? Não me parece ser essa a idade mais madura do ser humano... Pelo contrário, nessa idade quase sempre a grande ambição é ser aceito em determinado grupo social. Na minha geração, quem se interessasse por política não tinha alternativa além de se ajuntar aos grupos de esquerda presentes nas escolas e universidades. Isso era "perfeito": com pouquíssimo ou nenhum estudo de caráter político, emocionalmente imaturos e dependentes, podíamos ter a satisfação de pertencer a um grupo e ao mesmo tempo dar vazão às nossas idealizações pueris.
Isso aconteceu comigo e com milhões de pessoas nas últimas décadas. Boa parte desse contingente reviu suas posições com o passar do tempo e foi, digamos, "virando à direita". Outros simplesmente se tornaram cínicos e procuraram meios de se dar bem nos governos petistas.
Há outros ainda que não se beneficiam do sistema, mas mantém as mesmas posições muitas vezes por orgulho. Não é nada fácil reconhecer que em determinado período da vida você foi um idiota. Porém, cá entre nós: você realmente acha que tinha de ser o cara mais esperto do mundo aos 18 anos?
PS 1: Quando alguém te disser que você não mudou nada nas últimas décadas, desconfie. A não ser que a pessoa se refira à sua aparência física, você está sendo xingado!
PS 2: É inevitável lembrar de Roberto Campos: "Quem não é comunista aos 20, não tem coração. Quem é comunista aos 30 não tem cérebro."
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Identificar um idiota é muito fácil. E a situação ideal para isso são as discussões sobre temas políticos ou econômicos. O idiota é aquele que depois de ter "estudado" um assunto por, digamos, um minuto, defende apaixonadamente uma posição pelo quíntuplo desse tempo. Durante essa "defesa", o idiota usa uma série de clichés que ele mesmo não entende e, ao final, ainda brada a plenos pulmões algo como: "eu obviamente estou certo".
Não, idiota, a realidade não é óbvia: se fosse, não haveriam divergências entre pessoas inteligentes. Pelo contrário, a realidade somente se dá a conhecer de forma parcial e bastante lenta. E o conhecimento que temos dela é proporcional ao esforço que fazemos nesse sentido. Enfim, a ansiedade em ter uma opinião apenas revela sua necessidade de ser aceito por aqueles que compartilham dessa opinião...
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Em geral, os brasileiros querem apenas uma vida segura e confortável, sem grandes sobressaltos. A famosa Parábola dos Talentos não passa de uma história bonitinha e inofensiva para a maioria das pessoas. Pouquíssimas pessoas estão interessadas em ser o "sal da terra". Fazer algo de extraordinário soa para quase todos como completamente sem sentido. Para essas pessoas, as qualificações de "fracassado" e "bem-sucedido" são absolutamente inaplicáveis: não há nenhum objetivo a ser alcançado ou não. Não há vitórias nem derrotas: apenas o invencível tédio de uma vida que escolheu não ser vivida.

Compromisso de Cochabamba, antítese do Foro de São Paulo (RICARDO PUENTES MELO)

Quem somos?
Somos uma equipe de liberais clássicos de vários países latino-americanos, Espanha e EUA. Muito variada também na sua composição: entre nós há políticos ativos, estudantes, técnicos e profissionais, empresários, economistas e investidores, intelectuais e artistas, militares e policiais, juízes e advogados, esportistas, professores e mestres, médicos e enfermeiras, padres, rabinos e sacerdotes, e também donas de casa, agricultores, empregados e trabalhadores.

Qual é nosso COMPROMISSO?
Nós, liberais clássicos, partidários de um governo limitado, do livre-mercado e da propriedade privada, nos comprometemos firmemente a terminar com a hegemonia cultural e política do Foro de São Paulo na região. E para esse propósito, também nos comprometemos:

1.
A fazer uso inteligente e eficiente dos recursos políticos, os quais nós liberais até o momento não fizemos bem, lamentavelmente, e em parte por essa razão dominam as esquerdas. Os recursos políticos mais importantes são as propostas políticas. Os socialista têm as suas: reforma agrária, educação “grátis”, leis trabalhistas, banco central, “saúde pública”, etc. São enganosas, destrutivas, mas aí estão, e todo mundo as conhece. E qual são as propostas
liberais? Até agora não há equivalentes porque nós liberais não apresentamos para a população propostas claras, concretas, inteligíveis, atrativas e de vocação ganhadora. “Os liberais não chegam à população com sua mensagem”, dizem. Qual “mensagem”, se não há? Nos comprometemos a preencher esse vazio.

2.
“A Grande Devolução” é nossa oferta. Consiste em revogar as más leis, a fim de possibilitar Cinco Reformas necessárias em cada uma das seguintes esferas da vida social: política, economia, educação, assistência médica e previdência social. A n°1, política, para pôr o Estado em seu lugar, em suas funções próprias. A n°2, para liberar e expandir os mercados e a economia a fim de criar riqueza, ganhos maiores e vida melhor para todos. E três reformas “sociais”: a n°3, para retirar a educação das mãos dos Governos, e passar as mãos dos docentes, estudantes e pais. A n°4, para pôr a atenção médica nas mãos de profissionais da saúde; e n°5, de modo igual com a Previdência Social. Incluindo nas três últimas, três séries de bônus, para educação, saúde e benefícios sociais para os mais pobres em transição, até que todos deixemos de ser pobres. Este programa é nosso primeiro recurso político e nossa primeira mensagem. Nosso compromisso básico é difundi-lo amplamente e concretizar as reformas tão rápido seja possível, para o bem da imensa maioria da população.

3.
Nos comprometemos a introduzir cada vez mais congressistas liberais clássicos ao Parlamento em cada país, para debater as más leis, e compor um bloqueio parlamentar para revoga-las e impulsionar as reformas. Esse é nosso Plano Político. Por isso o Congresso ou Assembleia Nacional é o foco e o alvo principal de nossa ação política. Neste momento, a participação no
Poder Executivo e nos Governos regionais e municipais são objetivos secundários, condicionados ao principal.

4.
A política, a democracia e os partidos são recursos políticos importantes. Não os idolatramos, mas nem por isso caímos nos erros comuns e perniciosos da antipolítica, da partidofobia, e da tentação antidemocrática. Como parte importante de nosso trabalho nos comprometemos a reabilitar a política e os políticos, e a democracia republicana representativa e suas instituições, agora manipuladas, subvertidas e degradadas pelo socialismo, estatismo e populismo.

5.
Até agora o liberalismo esteve aprisionado em alguns “reservatórios de pensamento”, dos quais há muitos, mas não há partidos políticos inspirados em nossos princípios. É um erro grave, que em parte explica a hegemonia esquerdista. Os “reservatórios” criticam o socialismo, e defendem o sistema oposto, mas não descrevem nem explicam como chegar a ele. Por isso a população com razão faz a pergunta “e os liberais não se postulam nas eleições, nem partido têm?” Suspeita que “algo de ruim deve haver com suas idéias”. Por isso nos comprometemos a criar e desenvolver partidos políticos para difundir a mensagem e fazer campanha para chegar ao capitalismo liberal: as Cinco Reformas.

6.
Há na equipe cristãos de diversas denominações, e também não cristãos. Mas todos admitimos certos feitos desagradáveis: os principais veículos esquerdistas formaram um falso “socialismo cristão”, e as Igrejas, católicas e não católicas, que o propagam; por isso que a maioria dos votos das esquerdas procede de cristãos enganados. Nos comprometemos a reverter essa tendência.

7.
O Foro de São Paulo une ao marxismo econômico o marxismo cultural, cujos temas gozam da máxima prioridade em sua agenda, pois sabe que o capitalismo de livre mercado está muito ligado à moral e aos valores tradicionais, à educação “convencional” e à linguagem com sentido, ao matrimônio e à família. Nos comprometemos a defender essas instituições tanto quanto o capitalismo, para combater o marxismo cultural tanto quanto o marxismo econômico.

8.
Recursos básicos são as palavras e a comunicação. Aí que falhamos também nós liberais. Os socialistas usam todas suas palavras diariamente e em todo parte, mas nós autocensuramos as nossas, tais como capitalismo,“privatização”, livre-mercado, liberalismo e “direita”, porque assumimos que vão ser rejeitadas ou mal interpretadas. Nos comprometemos a explicá-las em termos simples à “maioria silenciosa”, para que nos entenda bem, nos aceite e nos acompanhe a caminho do êxito.

9.
Em todos os países dizem que nós liberais estamos “desunidos”. É verdade?
Existem muitas posições diferentes das do liberalismo clássico, que nos EUA e na Europa se chama “conservadorismo”. Podemos contar quatro: (A) Os Liberais “Sociais”, identificados com políticas sociais-democratas. (B) Os “Neo” Liberais, identificados com o Consenso de Washington. (C) Anarco “Libertários”, que não admitem nenhuma classe do Governo, nem sequer limitado. (D) “Libertários” Neo Ateístas, muito beligerantes contra a religião. A todos dizemos que podemos trabalhar juntos, mas conforme os términos e o espírito de luta contra as más leis e a favor das Cinco Reformas, e do compromisso pela ação política inteligente e eficaz, com partidos aderidos à democracia. Se isso não é possível, nós seguiremos nosso caminho; e se é possível, sejam todos bem-vindos!

E agora, o que vem adiante?

Nos comprometemos a difundir nossa proposta, cada um em seu próprio país, e entre todos nas redes sociais e internet. E a ter nos dias 10 e 12 de Novembro do presente ano de 2015 o I FORO DE COCHABAMBA, nesta cidade da Bolívia, na qual estaremos presentes para confirmar este compromisso, e o de ter daqui em diante um Foro a cada ano em uma cidade de nossa América.

Desperte para o real significado da liberdade (ROGER SCRUTON)

Quando pressionados por uma declaração de suas crenças, conservadores dão respostas evasivas ou irônicas: crenças são o que os outros têm, aqueles que, como socialistas e anarquistas, confundiram política com religião. Isto é lamentável, porque o conservadorismo é uma filosofia genuína, ainda que não sistemática, e ela merece ser afirmada especialmente em tempos como o atual, quando o futuro de nossa nação está ameaçado.

Conservadores acreditam que nossas identidades e valores são formados através de nossas relações com outras pessoas, e não através de nossas relações com o estado. O estado não é um fim, mas um meio. A sociedade civil é a finalidade última, e o estado é o meio de protegê-la. O mundo social emerge através da livre associação, enraizada nas relações de amizade e na vida em comunidade. E os costumes e instituições que estimamos têm crescido de baixo, pela mão invisível da cooperação. Elas raramente têm sido impostas de cima pelo trabalho de políticos, cujo papel, para um conservador, é reconciliar nossos propósitos, não ditá-los ou controlá-los.
Apenas nos países de língua inglesa os partidos políticos se descrevem como “conservadores”. Por que isto? Isto se dá claramente porque os falantes da língua inglesa são herdeiros de um sistema político que tem sido construído de baixo, pela livre associação de indivíduos e pelas operações da common law. Consequentemente, concebemos a política como um meio para conservar a sociedade e não um meio para impô-la ou criá-la. Da Revolução Francesa à União Europeia o governo continental tem se concebido em termos de “cima para baixo”, como uma associação de sábios, figuras poderosas ou “experts”, que estão no negócio de criação de ordem social através de regulação e lei imposta. A lei comum não impõe ordem, ela emerge da ordem. Se o governo é necessário, do ponto de vista conservador, é a fim de resolver os conflitos que surgem quando as coisas estão, por qualquer razão, desestabilizadas.

Se você vê as coisas deste modo, então você está propenso a conservar a sociedade civil pela acomodação da mudança necessária. O Partido Trabalhista visou enfraquecer nossa sociedade externamente e dividi-la internamente. Externamente por sua inquestionável aceitação da primazia da autoridade internacional da União Europeia, internamente pela imigração indiscriminada, conflito de classes e “reformas”, que usualmente significa a politização de nossas consagradas instituições. Os conservadores, por contraste, aspiram por uma sociedade governada de forma coerente com as instituições que surgiram através dos tempos em resposta às necessidades de mudança e circunstâncias.

Tal sociedade depende de uma lealdade comum e uma lei territorial, e estas não podem ser alcançadas sem fronteiras. Mas nos encontramos obrigados por um tratado concebido por internacionalistas utópicos em circunstâncias que desapareceram já há muito tempo. O tratado da União Europeia obriga os estados membros a permitir “livre movimentação de pessoas”, independentemente de seus desejos ou seu interesse nacional. Com seu sistema de assistência social aberto, sua língua universal, sua riqueza relativa, suas liberdades cuidadosamente defendidas, nosso país é o destino preferido da onda de imigrantes europeus. Entretanto, no topo de qualquer agenda conservadora está a questão da imigração. Como limitá-la, e como assegurar que os recém-chegados se integrarão numa sociedade em que a livre associação, liberdade de opinião, e o respeito pela lei são axiomáticos.

Os conservadores reconhecem que o direito de eleger nossos legisladores e mudar a lei é uma premissa de políticas democráticas. Sempre que possível, eles acreditam, nossas leis devem ser elaboradas em Westminster, ou nas côrtes da commom law de nosso reino, não por burocratas não eleitos em Bruxelas ou por côrtes de juízes Europeus.

Até recentemente os conservadores enfatizavam a sociedade civil tendo igual ênfase na família em seu cerne. Esta ênfase tem sido distorcida em confusão pela revolução sexual, pela difusão do divórcio e nascimentos fora do casamento, e pelos movimentos recentes para acomodar o estilo de vida homossexual. E estas mudanças tiveram que ser absorvidas e normalizadas. Nossa sociedade é tolerante, na qual a liberdade é estendida a uma variedade de religiões, visões de mundo, e formas de vida doméstica. Mas a liberdade é ameaçada pela licenciosidade: a liberdade é fundada em responsabilidade e respeito pelos outros, enquanto que a licenciosidade é um modo de explorar outros por puro ganho pessoal. A liberdade entretanto precisa de valores que protegem os indivíduos de uma vida pessoal caótica e que cuidam da integridade do lar em face de muitas ameaças.

O conservadorismo é uma filosofia de legado e administração, não dissipa recursos, empenha-se em aumentá-los e passá-los adiante. Para os conservadores, a política ambiental precisa ser resgatada da expertise embusteira dos alarmistas. Mas deve também ser resgatada da religião do Progresso, que nos instiga a perseguir crescimento a qualquer custo e a transformar nosso amado país em um conjunto de plataformas de concreto, por ferrovias de alta velocidade numa paisagem em que cada topo de montanha é coberto por sinistras fazendas de vento.

É difícil que estas convicções surtam efeito agora. Através de quangos (comitês) e corpos oficiais, o estado tem sido ampliado pelo Partido Trabalhista até o ponto de engolir a iniciativa privada e distorcer o longamente estabelecido instinto de caridade de nossos cidadãos. As regulações dificultam a associação de pessoas, e as decisões nonsense das côrtes Europeias constantemente nos dizem que, vivendo de acordo com nossas luzes, estamos atropelando os direitos humanos de alguém. Os conservadores acreditam em direitos, mas em direitos que são pagos por deveres, e que antes reconciliam pessoas ao invés de dividi-las.

Os pensadores de esquerda quase sempre ridicularizam a posição conservadora como defensora do livre mercado a qualquer custo, introduzindo a competição e a motivação do lucro mesmo nos arredores sagrados da vida comunal. Adam Smith e David Hume deixaram claro, entretanto, que o mercado, que é a única solução conhecida para o problema da coordenação econômica, depende ele próprio do tipo de ordem moral que emerge de baixo, quando as pessoas se responsabilizam por suas vidas, aprendem a honrar seus acordos e vivem em justiça e caridade com seus vizinhos. Nossos direitos são também liberdades, e liberdade faz sentido apenas entre pessoas que sejam responsabilizáveis por seus vizinhos em caso de mau uso.

Isto significa que, para os conservadores, o esforço de recuperar a sociedade civil do estado deve continuar incessantemente. Uma por uma nossas liberdades estão sendo erodidas: a liberdade de expressão pelos muçulmanos, a livre associação pela Côrte Europeia de Direitos Humanos, a liberdade de fazermos nossas próprias leis e controlar nossas fronteiras pela União Europeia. Nós conservadores valorizamos nossa liberdade não porque ela seja uma posse abstrata de uma pessoa abstrata, mas porque é uma conquista concreta e histórica, o resultado da disciplina civil exercida por séculos, e o símbolo de nosso reservado respeito pela lei do país.

segunda-feira, 30 de março de 2015

PT, PARTIDO DO CRIME, É ILEGAL. Ou:"O Foro de São Paulo governa o Brasil"(BRUNO BRAGA)


No dia 16 de Dezembro de 2014, Renato Simões, deputado federal do PT de São Paulo, tomou o microfone na Câmara dos Deputados para registrar com entusiasmo a presença de representantes do Foro de São Paulo na Casa - representantes com os quais ele mesmo se reuniria em um "grupo de trabalho" em Brasília.
Simões enalteceu a organização fundada por Lula e por Fidel Castro, e entre chavões e clichês que nem bobo enganam mais, deixou transparecer o principal objetivo do Foro de São Paulo: promover a integração da América Latina e formar a "Pátria Grande" comunista. O parlamentar petista observou que vários países do continente - entre eles o Brasil - são governados por "partidos" e "frentes políticas" de "distintas tonalidades de vermelho".
O discurso de Renato Simões, no entanto, contém mais que uma alusão. É da boca de um parlamentar do próprio partido que sai a confirmação: o PT está vinculado e subordinado a uma organização internacional - o que é expressamente vedado pela norma constitucional e eleitoral (Cf. Constituição Federal, art. 17 e Lei 9.096-95, art. 28). Portanto, o Partido dos Trabalhadores é um partido ilegal.
E mais: o deputado petista, por descuido ou por descaramento mesmo, acaba colocando em cheque a legitimidade do seu próprio mandato. Ele descumpre - por estar filiado ao PT e por participar de reuniões do Foro de São Paulo - o primeiro dever fundamental de um deputado: "promover a defesa do interesse público e da soberania nacional" (Cf. Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, Art. 3, I).
Por fim, o que é mais grave: quando o deputado petista inclui o Brasil entre os países governados pelos partidos do Foro de São Paulo, ele automaticamente rebaixa a presidente petista. Dilma Rousseff que, naquela oportunidade, havia acabado de ser eleita por meio de uma fraude eleitoral - e com a colaboração direta da organização comunista - é posta como um simples fantoche. Renato Simões, ao observar que o Foro de São Paulo precisa estar em alerta contra supostas "ações de desestabilização política de seus governos" - repito, de "seus governos" -, deixa claro quem está no comando: o Foro de São Paulo governa o Brasil.

Karl Marx e a diferença entre comunismo e socialismo


RedArmyVictory.jpgNo dia 10 de setembro de 1990, o multimilionário escritor, economista e socialista Robert Heilbroner publicou um artigo na revista The New Yorker intitulado "Após o Comunismo".  A URSS já estava em avançado processo de colapso. 
Neste artigo, Heilbroner recontou a história de como Ludwig von Mises, ainda em 1920, havia provado que o socialismo não poderia funcionar como sistema econômico.  Neste artigo, Heilbroner disse essas três palavras: "Mises estava certo".
Mas aí vem a dúvida: qual a diferença entre comunismo e socialismo?  Mises havia concluído que o socialismo não poderia funcionar, mas o que realmente entrou em colapso foi um sistema rotulado comunismo.  Há alguma diferença?
História
Quando Karl Marx e Friedrich Engels começaram a escrever conjuntamente, no ano de 1843, Marx era a figura dominante.  Engels era um melhor escritor, e era ele quem sustentava Marx financeiramente.
Marx passou toda a sua carreira se opondo àquilo que ele chamou de "socialismo utópico".  Ele nunca interagiu com nenhum grande economista ou teórico social.  Você pode procurar, mas jamais encontrará qualquer refutação sistemática feita por Marx a Adam Smith, por exemplo.  Marx gastou suas energias criticando verbalmente vários autores de esquerda, cujos escritos praticamente não tiveram nenhuma influência sobre a Europa em geral.
Dado que ele estava constantemente atacando autores socialistas, Marx criou uma teoria própria sobre o comunismo.  Ele chamou essa sua teoria sobre o comunismo de "socialismo científico".  Marx argumentou que, inerente ao desenvolvimento da história, há uma inevitável série de etapas.  Isso significa que ele era um determinista econômico.  Ele acreditava que o modo de produção é fundamental em uma sociedade e que o socialismo seria historicamente inevitável porque haveria uma inevitável transformação do modo de produção da sociedade.
Todos os aspectos culturais da sociedade, sua filosofia e sua literatura formariam, segundo Marx, a superestrutura da sociedade.  Já a subestrutura — ou seja, seus fundamentos — seria o modo de produção.
Segundo Marx, sua análise econômica revelava uma inevitável linearidade dos vários modos de produção.  O comunismo primitivo levou ao feudalismo.  O feudalismo levou ao capitalismo.  O capitalismo levará a uma bem-sucedida revolução do proletariado.  O proletariado irá impor o socialismo.  E, do socialismo, surgirá o comunismo.
Esse processo linear fecha o círculo.  Tudo começou com o comunismo primitivo, e tudo levará ao comunismo supremo.  Com o comunismo supremo, toda a evolução histórica estará completa. 
Só que Marx nunca explicou por que a evolução das etapas seria dessa maneira.  Ele nunca explicou por que não haveria outra revolução após a chegada do comunismo supremo, a qual levaria a um modo de produção maior que o comunismo.  Era mais conveniente apenas finalizar esse processo linear no comunismo.
A União Soviética jamais alegou ter chegado ao estágio comunista do modo de produção.  Ela sempre se disse socialista.  O nome do país era União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.  Os líderes supremos da União Soviética jamais alegaram que a URSS havia alcançado a etapa final do modo de produção.  Stalin promoveu o conceito de socialismo em apenas um país.  Ele diferia de Trotsky nesse quesito.  Trotsky queria uma revolução do proletariado em nível global.  Stalin era mais esperto.  Ele queria o poder e, sendo assim, ele sabia que, antes de tudo, teria de consolidar o poder em um país. 
Logo, Trotsky teve de fugir do país, e Stalin enviou o agente Ramón Mercader, do Comissariado do Povo para Assuntos Internos, para matá-lo na Cidade do México.  O agente matou Trotsky com um golpe de picareta em seu crânio.  Foi um ato cheio de simbolismo.  A picareta havia sido um dos ícones da história da Rússia.
O socialismo é a propriedade estatal dos meios de produção.  Mas Marx profetizou que o estado desapareceria sob o comunismo.  Ele nunca explicou como ou por que isso iria acontecer.  Sua teoria era bizarra.  Ele dizia que, para abolir o estado, era necessário antes maximizá-lo.  A ideia era que, quando tudo fosse do estado, não haveria mais um estado como entidade distinta da sociedade; se tudo se tornasse propriedade do estado, então não haveria mais um estado propriamente dito, pois sociedade e estado teriam virado a mesma coisa, uma só entidade — e, assim, todos estariam livres do estado.
O raciocínio é totalmente sem sentido.  Por essa lógica, se o estado dominar completamente tudo o que pertence aos indivíduos, dominando inclusive seu corpo e seus pensamentos, então os indivíduos estarão completamente livres, pois não mais terão qualquer noção de liberdade — afinal, é exatamente a ausência de qualquer noção de liberdade que o fará se sentir livre.
Igualmente, Marx nunca mostrou como o sistema de produção poderia ser organizado nessa etapa suprema do comunismo, na qual não haveria nem um livre mercado e nem um planejamento centralizado pelo estado.  Ele nunca forneceu qualquer detalhe sobre como seria uma sociedade comunista, exceto em uma breve passagem que foi publicada em um livro escrito conjuntamente com Engels e com o homem que os havia apresentado em 1843, Moses Hess.  O livro foi intitulado A Ideologia Alemã (1845).  Só foi publicado em 1932.  Hess jamais ganhou créditos por sua co-autoria, mas parte do manuscrito aparece em sua coletânea de escritos.
Eis a descrição do comunismo:
Assim que a distribuição do trabalho passa a existir, cada homem tem um círculo de atividade determinado e exclusivo que lhe é imposto e do qual não pode sair; será caçador, pescador, pastor ou um crítico, e terá de continuar a sê-lo se não quiser perder os meios de subsistência
Na sociedade comunista, porém, onde cada indivíduo pode aperfeiçoar-se no campo que lhe aprouver, não tendo por isso uma esfera de atividade exclusiva, é a sociedade que regula a produção geral e me possibilita fazer hoje uma coisa, amanhã outra, caçar da manhã, pescar à tarde, pastorear à noite, fazer crítica depois da refeição, e tudo isto a meu bel-prazer, sem por isso me tornar exclusivamente caçador, pescador ou crítico.
Esta fixação da atividade social, esta petrificação do nosso próprio trabalho num poder objetivo que nos domina e escapa ao nosso controlo contrariando a nossa expectativa e destruindo os nossos cálculos, é um dos fatores principais no desenvolvimento histórico até aos nossos dias.
Não obstante o fato de que há aproximadamente 70 volumes das obras de Marx e Engels, essa é a passagem mais longa que descreve o funcionamento de uma sociedade comunista e de como seria a vida sob esse arranjo.
Conclusão
Socialismo foi o sistema que realmente foi colocado em prática.  Comunismo pleno nunca existiu e não passa de uma utopia cujo funcionamento jamais foi explicitado em trechos maiores do que um parágrafo.
Sem uma economia monetária — ou seja, sem uma economia em que os cálculos de lucros e prejuízos são possibilitados pelo dinheiro — é impossível haver uma ampla divisão do trabalho. 
E sem um livre mercado para todos os bens, mais especificamente para bens de capital, é impossível haver um planejamento econômico racional.
A propriedade comunal dos meios de produção (por exemplo, das fábricas) impede a existência de mercados para bens de capital (por exemplo, máquinas).  Se não há propriedade privada sobre os meios de produção, não há um genuíno mercado entre eles.  Se não há um mercado entre eles, é impossível haver a formação de preços legítimos.  Se não há preços, é impossível fazer qualquer cálculo de preços.  E sem esse cálculo de preços, é impossível haver qualquer racionalidade econômica — o que significa que uma economia planejada é, paradoxalmente, impossível de ser planejada. 
Sem preços, não há cálculo de lucros e prejuízos, e consequentemente não há como direcionar o uso de bens da capital para atender às mais urgentes demandas dos consumidores da maneira menos dispendiosa possível. 
Em contraste, a propriedade privada sobre o capital em conjunto com a liberdade de trocas resulta na formação de preços (bem como salários e juros), os quais permitem que o capital seja direcionado para as aplicações mais urgentes.  Ao mesmo tempo, o julgamento empreendedorial tem de lidar constantemente com as contínuas mudanças nos desejos dos consumidores. 
O arranjo socialista simplesmente impede que esse mecanismo ocorra.  Foi por isso que Mises argumentou, ainda em 1920, que qualquer passo rumo ao socialismo é um passo rumo à irracionalidade econômica.
E foi a isso que Heilbroner se referiu quando ele disse que "Mises estava certo".

Pedagogia do oprimido: uma resenha devastadora do mais famoso livro de Paulo Freire (RC)

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Paulo Freire é o “patrono” de nossa educação. Isso, por si só, já deveria ser motivo suficiente para não levá-lo tão a sério. Afinal, o que há para louvar em nosso sistema de ensino, que só produz “vítimas sociais” e nenhum resultado decente nos rankings internacionais?
Não importa: como o homem recebeu vários títulos mundo afora, e porque levou o marxismo para dentro da sala de aula, é exaltado como um gênio, um santo, um ídolo, por todos aqueles que acham desejável transformar o professor num militante ideológico.
A desculpa esfarrapada deles: todos têm suas ideologias, e é impossível deixar a sala de aula livre delas. Se você quer ensinar conhecimento objetivo, matemática, línguas, literatura clássica, então você já seria um doutrinador também, só que do lado da “elite opressora”. Um “burguês alienado” que pretende apenas preservar o status quo, nada mais.
E com esse embuste os doutrinadores disfarçados de professores seguem sua missão “pedagógica”, que tem sido responsável em boa parte pela miséria intelectual de nosso país, uma fábrica de jovens socialistas. Reverter esse quadro é uma das tarefas mais importantes e árduas de todos aqueles que desejam um país mais livre e próspero.
Para tanto, é preciso conhecer melhor o lado de lá, o “inimigo”. Aliás, eis mais uma grande diferença entre a esquerda e a direita: nós, liberais e conservadores, normalmente lemos os principais expoentes da esquerda, enquanto o contrário raramente é verdadeiro.
Com isso em mente, apresento aos meus leitores uma ótima resenha escrita por Marcelo Centenaro do livro mais famoso de Freire, aquele que é carregado em clichês marxistas e que tanta gente influenciou, especialmente nos países menos desenvolvidos (por que será?):
Pedagogia do oprimido
No final de 2014, conversei sobre Paulo Freire com uma pessoa de quem gosto muito e que tem opiniões opostas às minhas. Ela perguntou se eu tinha lido algum dos livros dele. Só A Importância do Ato de Ler, mas há tanto tempo que não me lembro de quase nada, respondi. Nunca li Pedagogia do Oprimido, confessei. Você não pode criticar o que não conhece, acusou ela. Prometi que leria Pedagogia do Oprimido e escreveria uma resenha. Aqui está.
Não é uma leitura fácil. Embora o livro não seja extenso, com pouco mais de 100 páginas, levei dois meses para terminar. Achei a linguagem confusa, com termos inventados ou palavras às quais o autor atribui um sentido peculiar, sem contudo definir claramente esse sentido. Muitas vezes, não há um encadeamento lógico entre um parágrafo e o seguinte, entre uma frase e a próxima, entre uma idéia e outra. Nesse aspecto, lembra muito o estilo do Alcorão. Paulo Freire tem um cacoete de separar os prefixos dos radicais das palavras (co-laboração, ad-mirar, re-criar), como se isso significasse alguma coisa. Há muitas passagens com sentido obscuro (vejam algumas abaixo), muitas repetições, citações de supostas autoridades em educação (como Mao, Lênin, Che, Fidel e Frantz Fanon) e menções freqüentes a que se vai voltar ao assunto depois ou a que já se tratou dele antes.
Logo na introdução, somos brindados com esta afirmação: “Se a sectarização, como afirmamos, é o próprio do reacionário, a radicalização é o próprio do revolucionário. Dai que a pedagogia do oprimido, que implica numa tarefa radical cujas linhas introdutórias pretendemos apresentar neste ensaio e a própria leitura deste texto não possam ser realizadas por sectários.” Minha leitura deste trecho é: “Só quem já concorda comigo pode ler o que escrevo.”
Vou apresentar a seguir o que entendi do livro, procurando ao máximo omitir minhas opiniões, que guardarei para o final da resenha.
Paulo Freire descreve dois tipos de educação, uma característica de uma sociedade opressora, outra característica de uma sociedade livre, ou que luta para se libertar. A educação da sociedade opressora é chamada de “bancária”, sempre entre aspas, porque ela deposita conhecimentos nos alunos. Ou seja, ela reduz o aluno a um objeto passivo do processo educacional, no qual são jogadas informações sobre Português, Matemática, História, Geografia, Inglês, Física, Química, Biologia, Filosofia. Já a educação libertadora é chamada de dialógica, porque se baseia no diálogo entre professores e alunos (educadores e educandos, na linguagem do livro). É um processo do qual todos são sujeitos ativos e cuja finalidade é ampliar a consciência social de todos, especialmente dos alunos, para que se viabilize a revolução que acabará com a opressão. O livro não detalha o que a educação libertadora fará depois dessa libertação. Imaginamos que mantenha os educandos conscientes e imunes a movimentos reacionários e contra-revolucionários.
A educação dialógica se baseia no diálogo e o diálogo começa com a busca do conteúdo programático. Na parte do livro em que há mais orientações práticas, Paulo Freire recomenda que seja formado um grupo de educadores pesquisadores que observará os educandos e conversará com eles, em situações diversas, para conhecer sua realidade e identificar o que ele chama de temas geradores, que possibilitarão a tomada de consciência dos indivíduos. Haverá reuniões com a comunidade, identificação de voluntários, conversas e visitas para compreender a realidade, observações e anotações. Os investigadores farão um diagnóstico da situação. Então discutirão esse diagnóstico com membros da comunidade para avaliar o grau de consciência deles. Constatando que esse nível é baixo, vão apresentar as situações identificadas aos alunos, para discussão e reflexão, com o objetivo de despertar sua consciência para sua situação de opressão. Se o pensamento do povo é mágico (religioso) ou ingênuo (acredita nos valores de direita), isso será superado pelo processo, conforme o povo pensar sobre a maneira que pensa, e conforme agir para mudar sua situação de opressão.
Paulo Freire enfatiza que o revolucionário não pode manipular os educandos. Todo o processo tem de ser construído baseado no diálogo e no respeito entre os líderes e o povo. Porém, os líderes devem ter a prudência de não confiar no povo, porque as pessoas oprimidas têm a opressão inculcada no seu ser. Como exemplo de um líder que jamais permitiu que seu povo fosse manipulado, Paulo Freire apresenta Fidel Castro.
A palavra é o resultado da soma de ação e reflexão. Se nos baseamos apenas na reflexão, temos um “verbalismo” estéril. Se nos baseamos apenas na ação, temos um “ativismo” inepto. Os líderes revolucionários e os educadores devem compreender que a ação e a reflexão caminham juntas de maneira indissociável, ou não se atingem os objetivos da educação e da revolução.
As características da opressão são a conquista dos mais fracos, a criação de divisões artificiais entre os oprimidos para enfraquecê-los, a manipulação das massas e a invasão cultural. Os opressores se impõem em primeiro lugar pela força. Depois, jogam os oprimidos uns contra os outros, para mantê-los subjugados. As pessoas são manipuladas para acreditarem em falsos valores que lhes são prejudiciais, embora elas não percebam isso. Sua cultura de raiz é esquecida e trocada por símbolos vazios importados de fora, num processo que esmaga a identidade do povo.
As características da libertação são a colaboração (que Paulo Freire grafa co-laboração), a união, a organização e a síntese cultural. A colaboração está contida em tudo o que foi dito sobre educação dialógica, que é feita em conjunto pelos educadores e educandos. A união entre os oprimidos é fundamental para que tenham força para resistir contra o opressor. No trecho em que explica a organização, é citado o médico Dr. Orlando Aguirre, diretor da Faculdade de Medicina de uma universidade cubana, que afirmou que a revolução implica em três P: palavra, povo e pólvora. Disse o Dr. Aguirre: “A explosão da pólvora aclara a visualização que tem o povo de sua situação concreta, em busca, na ação, de sua libertação.” E Paulo Freire complementa: “O fato de não ter a liderança o direito de impor arbitrariamente sua palavra não significa dever assumir uma posição liberalista, que levaria as massas à licenciosidade.” Ele afirma que não existe liberdade sem autoridade. Sobre a síntese cultural, diz que a visão de mundo do povo precisa ser valorizada.
Agora, o que penso sobre o texto. O próprio Paulo Freire deixa claro em vários momentos, que seu livro não é sobre educação. Ensinar, transmitir conhecimentos, é uma preocupação da educação “bancária” opressora. Não é essa a função de um educador libertador. Não, sua função é criar os meios para uma revolução libertadora, como foram libertadoras as revoluções promovidas pelos educadores citados: Mao, Lênin, Fidel. Ou seja, a única preocupação do livro é com os meios para viabilizar uma revolução marxista. Se você, meu leitor, é professor e acha que essa é a sua função, talvez encontre conhecimentos úteis no livro. Caso contrário, não há mais nada nele.
Fiz uma coletânea de palavras utilizadas por Paulo Freire que poderiam ter saído de um discurso de Odorico Paraguaçu: “involucra”, em lugar de envolve, “implicitados”, em lugar de implícitos, “gregarizadas”, deve ser um derivado de gregário, “unidade epocal”, em lugar de unidade de tempo, “fatalistamente”, por fatalisticamente, “insertado”, por inserido. Dois erros divertidos: chamar Régis Debray de Régis Debret e achar que o nome do padre Marie-Dominique Chenu OP (onde OP significa Ordo Praedicatorum, Ordem dos Pregadores, sigla que designa a Ordem dos Dominicanos) é O. P. Chenu. É sintomático que alguém com tantas dificuldades com a Língua Portuguesa seja o Patrono da Educação Brasileira, considerado nossa maior autoridade em alfabetização.

Os brasileiros começam a ficar cansados da doutrinação marxista disfarçada de “educação”
Desafio os bravos leitores a encontrar o sentido dos trechos a seguir. A melhor interpretação ganhará um pão com mortadela. Os grifos são de Paulo Freire.
1) «Na verdade, não há eu que se constitua sem um não-eu. Por sua vez, o não-eu constituinte do eu se constitui na constituição do eu constituído. Desta forma, o mundo constituinte da consciência se torna mundo da consciência, um percebido objetivo seu, ao qual se intenciona. Daí, a afirmação de Sartre, anteriormente citada: “consciência e mundo se dão ao mesmo tempo”.»
2) «O ponto de partida deste movimento está nos homens mesmos. Mas, como não há homens sem mundo, sem realidade, o movimento parte das relações homens-mundo. Dai que este ponto de partida esteja sempre nos homens no seu aqui e no seu agora que constituem a situação em que se encontram ora imersos, ora emersos, ora insertados.»
3) «Sem ele [o diálogo], não há comunicação e sem esta não há verdadeira educação. A que, operando a superação da contradição educador-educandos, se instaura como situação gnosiológica, em que os sujeitos incidem seu ato cognoscente sobre o objeto cognoscível que os mediatiza.»
4) «Esta é a razão pela qual o animal não animaliza seu contorno para animalizar-se, nem tampouco se desanimaliza.»
5) «Somente na medida em que os produtos que resultam da atividade do ser “não pertençam a seus corpos físicos”, ainda que recebam o seu selo, darão surgimento à dimensão significativa do contexto que, assim, se faz mundo.»
6) «Porque, ao contrário do animal, os homens podem tridimensionalizar o tempo (passado-presente-futuro) que, contudo, não são departamentos estanques.» Alguém pode me dizer como é possível tridimensionalizar o tempo?
7) «Uma unidade epocal se caracteriza pelo conjunto de idéias, de concepções, esperanças, dúvidas, valores, desafios, em interação dialética com seus contrários, buscando plenitude. A representação concreta de muitas destas idéias, destes valores, destas concepções e esperanças, como também os obstáculos ao ser mais dos homens, constituem os temas da época.»
Outra característica curiosa são as citações em idiomas diversos. Há citações de Hegel e Karl Jaspers em inglês, de Marx e Erich Fromm em espanhol e de Lukács em francês. Todos esses autores escreveram em alemão. Frantz Fanon, que escreveu em francês, é citado em espanhol. Albert Memmi, que também escreveu em francês, é citado em inglês, e se menciona que há uma edição brasileira de seu livro. Mao é citado em francês. Porque todas essas citações não foram simplesmente traduzidas para o português? E por que Paulo Freire gosta tanto de ditadores, torturadores e assassinos?
Ele afirma que vender seu trabalho é sempre o mesmo que escravizar-se. Porém, desejar não ser mais empregado e tornar-se patrão é escravizar a um outro, tornar-se opressor. Qualquer tipo de contratação de um indivíduo por outro é maligna, é opressão, é escravidão. Só teremos liberdade quando a nenhum indivíduo for permitido contratar ou ser contratado por outro indivíduo. Faz sentido para vocês?
Paulo Freire afirma que os oprimidos devem ser reconhecidos como Pedro, Antônio, Josefa, mas os chama o tempo todo de “massas”. Diz que valoriza a visão de mundo do povo, enquanto não perde uma oportunidade de desdenhar das crenças religiosas desse mesmo povo, chamando-as de mágicas, sincréticas ou mistificações. E ele se dizia católico. 
Como a opressão é uma violência, qualquer violência cometida pelos oprimidos contra os opressores é sempre uma reação justificada. É um raciocínio assustador. Nas palavras dele: “Quem inaugura a tirania não são os tiranizados, mas os tiranos. Quem inaugura o ódio não são os odiados, mas os que primeiro odiaram. Quem inaugura a negação dos homens não são os que tiveram a sua humanidade negada, mas as que a negaram, negando também a sua.” Paulo Freire considera justificados a tirania como resposta a uma tirania anterior e o ódio como resposta a um ódio anterior. E nega a humanidade de quem ele resolver chamar de opressores.
Mais um trecho escabroso: «Mas, o que ocorre, ainda quando a superação da contradição se faça em termos autênticos, com a instalação de uma nova situação concreta, de uma nova realidade inaugurada pelos oprimidos que se libertam, é que os opressores de ontem não se reconheçam em libertação. Pelo contrário, vão sentir-se como se realmente estivessem sendo oprimidos. É que, para eles, “formados” na experiência de opressores, tudo o que não seja o seu direito antigo de oprimir, significa opressão a eles. Vão sentir-se, agora, na nova situação, como oprimidos porque, se antes podiam comer, vestir, calçar, educar-se, passear, ouvir Beethoven, enquanto milhões não comiam, não calçavam, não vestiam, não estudavam nem tampouco passeavam, quanto mais podiam ouvir Beethoven, qualquer restrição a tudo isto, em nome do direito de todos, lhes parece uma profunda violência a seu direito de pessoa. Direito de pessoa que, na situação anterior, não respeitavam nos milhões de pessoas que sofriam e morriam de fome, de dor, de tristeza, de desesperança.»
O fato é que ninguém pode proibir ninguém de comer, vestir, calçar, educar-se, passear ou ouvir Beethoven. E ninguém pode exigir comer, vestir, calçar, educar-se, passear ou ouvir Beethoven às custas dos outros.
Uma última citação abjeta: “Mesmo que haja – e explicavelmente – por parte dos oprimidos, que sempre estiveram submetidos a um regime de expoliação, na luta revolucionária, uma dimensão revanchista, isto não significa que a revolução deva esgotar-se nela.” A revolução não deve se esgotar no revanchismo, mas o revanchismo é parte natural dela. Como alguém que escreveu essas monstruosidades nunca foi processado por incitação à violência e apologia do crime? Como alguém com um pensamento tão anti-social pode ser sequer ouvido, quanto mais cultuado como Patrono da Educação Brasileira?
Chega de doutrinação marxista! Fora Paulo Freire!

Doutrinação ideológica na pauta do Congresso e da mídia (THIAGO CORTÊS)


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É inegável a vitória obtida nesta semana contra a doutrinação ideológica nas escolas e universidades do País.  A audiência da Comissão de Educação da Câmara Federal, ocorrida na terça-feira, 24, levou a discussão sobre o problema a um patamar inédito.
A temática da doutrinação política e ideológica ganhou, pela primeira vez, uma audiência pública no Congresso Nacional. É claro que existe um longo caminho a ser percorrido, mas a própria realização da audiência oferece motivos para comemoração.
Trata-se de um marco em termos simbólicos e midiáticos. A imprensa, ainda que de forma tímida, noticiou o debate. Do ponto de vista político, a audiência foi uma iniciativa da sociedade civil sem qualquer tipo de vinculação partidária.
O movimento Escola Sem Partido (ESP), cujo fundador e coordenador é o advogado Miguel Nagib, congrega desde 2004 pais de alunos, estudantes e professores que já não suportam a instrumentalização da educação para fins ideológicos e partidários.
Eis um aspecto que perturba os engenheiros sociais do Ministério da Educação: entre os fundadores e participantes do ESP estão vítimas diretas e indiretas da doutrinação que ocorre em escolas e universidades da rede pública e particular.
A natureza civil e apartidária do ESP impede que os ideólogos que comandam (e corrompem) a educação brasileira façam uso do expediente-petista-padrão que consiste em rotular o movimento e negar a sua legitimidade.
A audiência teve ainda mais impacto pela participação de professores e representantes de instituições de ensino que confirmaram o que o Escola Sem Partido denuncia há mais de dez anos: a educação brasileira foi sequestrada pelos ideólogos de esquerda.
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Basta citar a fala do professor do Departamento de Geografia da Universidade Federal do Paraná, Luis Lopes Filho, que desconstruiu a tese furada segundo a qual o esquerdismo é sinônimo de “pensamento crítico”:
“Esses livros didáticos não entregam o que eles prometem. Citam Paulo Freire e dizem que a prioridade é ensinar a pensar, mas apresentam questões polêmicas sob um único viés”.
Também está registrada e foi noticiada a fala do sociólogo Braúlio Porto de Matos, professor da Universidade de Brasília, que se referiu a Paulo Freire como um exemplo de ideólogo cuja obra tão somente trata a pedagogia como um meio de doutrinação esquerdista.
O problema é o professor militante
Alguns freireanos magoados depois, o próprio Miguel Nagib – que certa vez ouviu da filha que seu professor havia comparado o guerrilheiro Che Guevara  a São Francisco de Assis –  lembrou que tal expediente é um claro desrespeito à Constituição:
 “O uso da sala de aula para fins políticos e ideológicos afronta, a um só tempo, o princípio constitucional da neutralidade política e ideológica do Estado, e a liberdade de consciência dos estudantes, assegurada pelo art. 5.º, VI, da Constituição Federal. A sala de aula hoje é um local onde a Constituição Federal não tem valor”, denunciou.
O problema não é a existência de professores esquerdistas na sala de aula. Posso dizer que já tive bons professores de esquerda que não tentaram me doutrinar e, pelo que me consta, até hoje estimulam o debate com seus alunos, respeitando os diversos pontos de vista.
O problema é o professor militante que – aproveitando-se da vulnerabilidade de indivíduos ainda em formação – transforma a aula em um momento de catecismo ideológico. E é também o Ministério da Educação, que transforma livros didáticos em cartilhas ideológicas.
No site do Escola Sem Partido é possível ler vários depoimentos de alunos do ensino médio e universitário que foram intimidados por professores militantes porque não comungavam dos dogmas da esquerda. Isso não é aula, tampouco debate; é apenas catecismo.
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O marxismo deve estar presente nos currículos escolares como uma importante corrente de pensamento a ser pesquisada. Aliás, eu, particularmente, considero salutar o debate na sala de aula sobre o marxismo e suas consequências sociais, econômicas e culturais.
O que não se pode fazer é tratar o marxismo como única corrente de pensamento que merece ser estudada, como se o marxismo abarcasse todo o pensamento crítico.
Só um cínico toma um ponto de vista ideológico específico como instrumento de “despertamento das consciências” – desculpa de professores militantes da rede particular de ensino.
Quem diz Marx, deve ser capaz de dizer Misses; que a Michel Foucault se contraponha Roger Scruton; e que os autores marxistas que habitam as salas de aula tenham como companheiros de aventura Sir Isaiah Berlin, Mário Ferreira dos Santos, Raymond Aron, Karl Popper etc…
Não existe pensamento crítico sem que os supostos pensadores críticos sejam alvos de críticas e contraposições. Os discípulos devem aprender a questionar seus mestres. Ou, como diria o velho Marx, de omnibus disputandum (tudo deve ser questionado).