sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Meta do setor público não é atingida; esforço é menor da série frente ao PIB (G1)

As contas do setor público consolidado, formado por governo, estados, municípios e empresas estatais, registraram um superávit primário – economia para pagar juros da dívida pública – de R$ 91 bilhões em todo o ano passado, segundo dados divulgados pelo Banco Central (BC) nesta sexta-feira (31).
O valor do superávit equivale a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) do país – o pior resultado desde 2002, quando começou a série histórica do BC. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, já havia admitido que o indicador não atingiria 2,3% do PIB – meta fixada em abril de 2013. O objetivo era chegar ao valor final de R$ 111 bilhões, que contemplava um abatimento de R$ 45 bilhões em desonerações e gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Os números do BC mostram que o governo federal, utilizando receitas extraordinárias (fora do padrão), entregou sua parte da meta fiscal, ao contrário de estados e municípios, que cumpriram apenas 34% da meta fiscal, com superávit primário de apenas R$ 16,55 bilhões, muito longe da meta de R$ 47,8 bilhões fixada para todo o ano passado.
Em 2012, estados e municípios haviam atingido percentual um pouco maior de sua parte da meta: 55%.
Gráfico superávit primário  (Foto: Editoria de Arte/G1)
Com o resultado divulgado nesta sexta-feira, o setor público ficou distante de sua meta "cheia", de R$ 155,9 bilhões fixada para 2013, e longe também do objetivo determinado em abril do ano passado por Mantega.
O governo chegou a anunciar, em julho de 2013, um bloqueio extra de R$ 10 bilhões nos gastos do orçamento federal, justamente para compensar eventuais frustrações de estados e municípios.
A proporção do superávit primário com o PIB é considerada mais apropriada pelos economistas para essa comparação, pois leva em conta o tamanho da economia do país. Em reais, o superávit primário do ano passado foi o menor desde 2009, quando ficou em R$ 64,76 bilhões.
Para fazer seus cálculos, o BC considera uma estimativa – não informada – do PIB brasileiro de 2013. Oficialmente, o valor só será divulgado no dia 27 de fevereiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Objetivo fiscal
Os valores correntes (em reais) ficaram abaixo até do que o ministro da Fazenda disse que esperava no fim de novembro do ano passado, quando afirmou que o esforço fiscal de todo o setor público ficaria entre R$ 96 bilhões e R$ 99 bilhões – o valor acabou fechando 2013 em R$ 91 bilhões.
Segundo os números do BC, o governo federal teve um superávit primário de R$ 75,2 bilhões no ano passado. Isso porque a entidade faz os cálculos usando um conceito diferente do utilizado pelo Tesouro Nacional. Pelas contas do Tesouro, divulgadas na quinta-feira (29), o superávit do governo federal ficou em R$ 77 bilhões em 2013.
Impacto na inflação
No fim do ano passado, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou que, em condições normais, as autoridades monetárias sempre defendem que, quanto maior for o esforço fiscal, melhor é para o controle da inflação – o principal objetivo do BC.
"Qualquer Banco Central, imagino, a não ser daqueles [países] que estão saindo da recessão, defende 'quanto mais fiscal, melhor'. Em condições normais, o BC sempre teria esse viés", declarou na ocasião o presidente da autoridade monetária.
Em 2013, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do Brasil e medida pelo IBGE, somou 5,91% – próximo de 6% pelo quarto ano seguido – e distante da meta central de 4,5%, embora ainda dentro do intervalo de tolerância (de 2,5% a 6,5%) existente no sistema de metas do país.
Juros da dívida pública e resultado nominal
Segundo o Banco Central, apenas para pagar os juros da dívida pública, foram gastos R$ 248,85 bilhões (5,18% do PIB) em todo o ano passado, contra R$ 213,86 bilhões (4,87% do PIB) em 2012.
Após as despesas com juros, as contas registraram um déficit de R$ 157,5 bilhões em 2013, o equivalente a 3,28% do PIB. Em 2012, o déficit nominal somou R$ 108,9 bilhões, ou 2,48% do PIB. O resultado nominal, segundo o BC, foi o pior, na proporção com o PIB, desde 2006 – quando somou 3,63%.
Dívida do setor público
A dívida líquida do setor público, indicador que fornece uma pista sobre o nível de solvência (capacidade de pagamento) de um país, somou R$ 1,62 trilhão (33,8% do PIB) em dezembro do ano passado. No fechamento de 2012, estava em R$ 1,55 trilhão, ou 35,3% do PIB.
A dívida bruta do país, por sua vez, somou R$ 2,74 trilhões em dezembro, o equivalente a 57,2% do PIB. No fechamento do ano passado, esse indicador estava em R$ 58,7% do PIB.
Pelo conceito usado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), porém, a dívida bruta brasileira fechou 2013 em um patamar bem maior: 66,1% do PIB. O FMI contabiliza nesse cálculo os títulos públicos que estão na carteira do Banco Central, que somaram R$ 429 bilhões em dezembro do ano passado, o equivalente a 8,9% do PIB.

O “Rio $urreal”, consumidores que se unem contra preços abusivos, se espalha por outros Estados (RS)

A intenção da comunidade no Facebook, criada por Toinho Castro, é divulgar e boicotar “preços extorsivos praticados por bares, restaurantes, lojas e ambulantes no Rio de Janeiro, cidade pré-Copa e pré-olímpica”.
Mas o exemplo do Rio frutificou e empreitadas semelhantes pipocam em outros Estados.
Vale notar que quando os organizadores do movimento falam em boicote o significado é simples: tornar públicos os preços extorsivos, com fotos e endereços dos locais.
E eles são claros quanto aos objetivos do movimento: “Não confunda boicotar com calotar. Seja honesto. Consumiu, tem que pagar. Avalie antes de consumir se o preço é abusivo. Se for, não pague [nem entre]!”.
A coluna “Gente Boa”, do jornal O Globo, publicou a nota abaixo, com a ideia de uma nova moeda:
(Foto: Edson Cerqueira)
(Foto: Edson Cerqueira)
O Rio $urreal deu filhotes em outros Estados, como o  ”Boicota São Paulo“, “BH $urreal“, o “Brasília $urreal“ e o “Espírito Santo $urreal“.
São grupos que não têm medo de mostrar as fotos e nomear os locais com preços extorsivos, mesmo diante de riscos potenciais de enfrentar problemas legais por parte de empresários descontentes.
Enquanto isso não acontece, porém, nas comunidades podem-se encontrar pérolas como um frango assado custando 19,90 reais; uma porção de salada verde em quiosque na praia a 43 reais e uma fatia de bolo de chocolate — repetindo, UMA FATIA — saindo por 23,90 reais, como mostram as imagens seguintes, compiladas pelo jornal O Estado de S.Paulo:
R$ 23,90 por uma fatia de bolo (Foto: Reprodução / BH $urreal)
R$ 23,90 por uma fatia de bolo (Foto: Reprodução / BH $urreal)
Consulta médica por R$ 400 e sem direito a retorno, segundo consumidora de Brasília (Foto: Reprodução / Brasília $urreal)
Consulta médica por R$ 400 e sem direito a retorno, segundo consumidora de Brasília
(Foto: Reprodução / Brasília $urreal)
Promoção: de R$ 259 por R$ 258 (Foto: Reprodução / Boicota SP)
E ainda chamam de “promoção”: de 259 por 258 reais! (Foto: Reprodução / Boicota SP)
Promoção dá desconto de R$ 0,01 (Foto: Reprodução  / Boicota SP)
Esta promoção também é digna de nota: dá desconto de 1 centavo (Foto: Reprodução / Boicota SP)
Frago de padaria por R$ 19,90 - farofa é grátis (Foto: Reprodução/Rio $urreal)
Frango de padaria a 19,90 reais – ah, mas a farofa é grátis…
(Foto: Reprodução/Rio $urreal)
Omelete chega a custar R$ 20 (Foto: Reprodução / Espírito Santo $urreal)
Omelete chega a custar 20 reais (Foto: Reprodução / Espírito Santo $urreal)
Preços dos pratos são considerados abusivos pelos consumidores (Foto: Reprodução / Rio $urreal)
Preços de pratos considerados abusivos por consumidores (Foto: Reprodução / Rio $urreal)
Salada verde por R$ 43 em barraca de praia no Rio de Janeiro (Foto: Reprodução / Rio $urreal)
Salada verde por 43 reais em barraca de praia no Rio de Janeiro
(Foto: Reprodução / Rio $urreal)
Suco de 1 litro por R$ 22,99 (Foto: Brasília $urreal)
Suco fruta de 1 litro por 22,99 reais (Foto: Brasília $urreal)
Espírito Santo $urreal: suco por R$ 7,50 (Foto: Reprodução / Espírito Santo $urreal)
Espírito Santo $urreal: um copo de suco por 7,50 reais (Foto: Reprodução / Espírito Santo $urreal)

A nova direita vem aí. Ou: Abre alas que eu quero passar (RC)


Fonte: Valor
Em um ensaio publicado hoje no caderno Eu & Fim de Semana, do jornal Valor Econômico, Joel Pinheiro, editor da excelente revista Dicta&Contradicta, descreve um bom resumo das novidades que têm ocorrido no âmbito cultural e político no país.
Joel divide a “nova direita” entre libertários e conservadores. O ponto-chave é que esse movimento, espontâneo, não vem das fontes tradicionais, como a academia, a grande imprensa ou o meio artístico. É algo que nasce de baixo para cima, usando bastante a internet, as redes sociais, os blogs, e que vem ganhando corpo a cada dia.
O lado mais conservador, segundo Joel, é marcado pelo ódio ao PT e pelo foco maior na guerra cultural, ou seja, a ideia de que o marxismo cultural é o verdadeiro inimigo. Olavo de Carvalho seria o grande mentor deste grupo.
Já a parte libertária não gosta de se identificar com a direita tradicional, e alguns chegam a usar o termo “esquerda libertária”. São pela legalização das drogas, do aborto, e flertam com a anarquia, ao enxergar na existência do estado toda a origem do mal.
Os liberais clássicos ficariam em algum lugar no meio do caminho. Joel inclusive me cita como exemplo:
O pouco de liberalismo que o Brasil conheceu foi sempre visto como uma agenda tecnocrática de economistas, gente que transita entre a teoria econômica pura e o mercado financeiro. Justa ou injustamente, é tachado de pensamento da elite. Além disso, sempre conviveu com o conservadorismo cultural. Essa associação ainda é comum, como no caso de Rodrigo Constantino, que iniciou sua carreira como liberal radical e vem cada vez mais adotando o discurso conservador. O liberalismo brasileiro clássico é, assim, facilmente classificável como direita.
Se é direita ou não, eu não saberia dizer ao certo. Sem dúvida tem afinidade maior com a direita tradicional, quando pensamos em Reagan e Thatcher, por exemplo. O foco na teoria econômica pura é um fato presente no liberalismo brasileiro, o que considero um equívoco. Justamente por isso ocorreu essa minha aproximação maior com os conservadores. O liberalismo não sobrevive num vácuo de valores morais, que são os pilares que sustentam a própria liberdade.
Outro fator que tem me levado mais para perto do conservadorismo da linha britânica e escocesa é justamente a rejeição às utopias revolucionárias. O próprio Joel destaca esse critério como importante na distinção entre as duas correntes:
Conservadores olham para o passado: querem conservar os valores da civilização ocidental e as instituições vistas como suas principais representantes – a igreja, a família, o Estado democrático de direito, os direitos naturais. Podem ser até liberais em economia, mas seu coração não está na liberdade enquanto tal. Já libertários olham para o futuro sem medo de criar utopias e apostar nas mudanças revolucionárias que sua proposta trará. O Estado é visto ou como uma barreira à criação do novo ou como um definidor de caminhos fixos para a mudança, proibindo e barrando caminhos alternativos.
As utopias revolucionárias raramente entregam os resultados prometidos. Diria até que jamais o fazem, e por isso são utopias. Revoluções começam repletas de boas intenções, mas costumam terminar mal. A única louvável, a americana, não chegou a ser bem uma revolução, pois muitos “pais fundadores” eram mais conservadores, como John Adams, e lutavam justamente para preservar valores importantes herdados dos britânicos.
Fosse um movimento liderado apenas por libertários mais radicais como Thomas Paine e Thomas Jefferson, não sabemos dizer se o resultado teria sido o mesmo. A Constituição americana não é, definitivamente, um documento libertário, mas sim liberal clássico com cores conservadoras.
Enfim, há várias divergências entre libertários, liberais clássicos e conservadores, sem dúvida. Mas o fato novo é que todos, à sua maneira, lutam contra o status quo intervencionista, a hegemonia de esquerda, política e cultural. E essa “nova direita”, que seja, tem incomodado muito os verdadeiros reacionários, a esquerda incrustada no poder e infiltrada na academia, na imprensa, nas igrejas.
Essa hegemonia vai chegar ao fim. Ó abre alas que eu quero passar…
PS: A união voltada para as convergências é, hoje, muito mais relevante do que as brigas calcadas nas divergências. Afinal, não faz muito sentido discutir libertarianismo contra conservadorismo sob um governo bolivariano como o venezuelano, faz? Evitar tal destino é a prioridade número um, dois e três da “nova direita”.

O que há de novo na "direita"?(Joel Pinheiro | Para o Valor)

Há algo novo no ar; nos artigos de opinião, nas discussões políticas, no comentário econômico. Os observadores mais atentos, olhando de longe a movimentação que veio de fora dos meios esperados - a academia, a grande imprensa, a política, o meio artístico -, já têm um nome na ponta da língua: "nova direita" - nome dado, evidentemente, pela velha esquerda.
De perto ela é mais complexa. A tal "nova direita" é no mínimo duas coisas bem distintas. E, dessas duas, uma nem é direita, embora seja nova. Nesse mesmo balaio estão dois grupos: conservadores e libertários. Eles têm algo em comum: a insatisfação com o estado do Brasil e a descrença nas opções políticas disponíveis ou mesmo na política como um todo. Não pertencem à direita tradicional e, obviamente, se opõem ao governo do PT. O que não quer dizer que aceitem de bom grado o rótulo de direita.
Bem, os conservadores aceitam. Sua marca distintiva é justamente o ódio a tudo o que vem da esquerda. Consideram-se desprovidos de ideologia. Não querem grandes revoluções ou mudanças bruscas e populistas. Veem no PT não apenas um partido de esquerda e, sim, a peça de um movimento político corrupto, revolucionário e destrutivo que põe o país em risco.
Nesse ódio ao esquerdismo entram articulistas como Reinaldo Azevedo no campo da política e, no da cultura, o filósofo Luiz Felipe Pondé. Para além deles, aparece aqui e ali uma série de jornalistas, comentadores sociais e mesmo artistas, cada um com seu público fiel: Rachel Sheherazade (SBT Brasil), Paulo Eduardo Martins, Lobão.
Por trás de todos está um mentor em comum: Olavo de Carvalho, jornalista e filósofo que vive nos Estados Unidos, de onde escreve artigos e dá cursos on-line. Rodrigo Constantino, Rachel Sheherazade, Lobão e Reinaldo Azevedo são leitores seus. Felipe Moura Brasil, novo blogueiro da "Veja", é o organizador de seu livro mais popular - "O Mínimo Que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota", coletânea de artigos que resume seu pensamento.
De acordo com Olavo de Carvalho, o esquerdismo vai muito além da política. Toda a cultura está tomada pelo marxismo cultural e a inversão de valores por ele efetuada. O pensamento e os slogans da esquerda são hegemônicos e constituem, assim como o PT, parte de um processo para implantar o comunismo na América Latina via o Foro de São Paulo, organização que reúne os principais partidos e movimentos de esquerda no continente.
O conservador vê sua luta antes de tudo como uma guerra cultural. Por isso, a preocupação especificamente política, quando vai além da mera oposição ao PT, se foca em questões pontuais: aborto, casamento gay, drogas, armas, defesa da família e da religião. Isso acaba dando ao movimento o aspecto de reacionarismo ideológico que ele tanto quer evitar.
A outra metade da "nova direita", a ala liberal ou libertária, também luta contra uma imagem negativa. O pouco de liberalismo que o Brasil conheceu foi sempre visto como uma agenda tecnocrática de economistas, gente que transita entre a teoria econômica pura e o mercado financeiro. Justa ou injustamente, é tachado de pensamento da elite. Além disso, sempre conviveu com o conservadorismo cultural. Essa associação ainda é comum, como no caso de Rodrigo Constantino, que iniciou sua carreira como liberal radical e vem cada vez mais adotando o discurso conservador. O liberalismo brasileiro clássico é, assim, facilmente classificável como direita.
Os libertários, ala mais radical do liberalismo, querem enterrar essa associação. Parte dos membros se coloca mesmo como "esquerda libertária", posição até então desconhecida no Brasil. Seu foco é na erradicação da pobreza, nos custos que as regulamentações estatais impõem às camadas mais baixas e aos microempreendedores e em causas progressistas como casamento gay e liberação das drogas. Uma boa leitura nesse sentido é o blog Capitalismo para os Pobres, de Diogo Costa, professor do Ibmec-MG. É um liberalismo que não se opõe ao Bolsa Família, mas combate veementemente o BNDES, grande concentrador de capital e poder nas mãos de políticos e megaempresários.
Outra iniciativa que chama a atenção é o Estudantes Pela Liberdade, com membros em universidades de todas as regiões do Brasil, que organizam grupos de estudo, palestras, promovem debates, militância, etc. Tudo isso num tom de diálogo com a esquerda universitária.
Se os conservadores têm conquistado mais espaços nas mídias tradicionais (TV, jornais e revistas), os libertários têm crescido principalmente na internet. O Instituto Mises Brasil tem o site de economia mais acessado do país, com análises pautadas pela escola austríaca de economia, conhecida pelo radicalismo de seus membros. Já o site do Instituto Ordem Livre, que adota uma abordagem mais plural, hospeda colunas sobre combate à pobreza, urbanismo, ética e política.
Falando em política, tem outra novidade na área. O Partido Novo, que está em processo de formalização, tem algo que ninguém mais tem: dinheiro. Talvez por isso encarne a esperança de todos. Inicialmente, parece defender uma agenda liberal mais tradicional, que pede privatizações, eficiência na gestão e corte de impostos. Mas pode também dar uma guinada libertária, defendendo desregulamentações e fim de transferências de renda regressivas.
Conservadores olham para o passado: querem conservar os valores da civilização ocidental e as instituições vistas como suas principais representantes - a igreja, a família, o Estado democrático de direito, os direitos naturais. Podem ser até liberais em economia, mas seu coração não está na liberdade enquanto tal. Já libertários olham para o futuro sem medo de criar utopias e apostar nas mudanças revolucionárias que sua proposta trará. O Estado é visto ou como uma barreira à criação do novo ou como um definidor de caminhos fixos para a mudança, proibindo e barrando caminhos alternativos.
De princípios humildes, a "nova direita" vem causando desconfortos e sendo bem recebida por muitos. De direita ou não, o fato é que ela traz novidades.
Joel Pinheiro, mestrando em filosofia, é editor da revista "Dicta&Contradicta"



Por que Cuba é pobre( Diogo Costa)


havana.jpgUma dica: não é por causa do bloqueio americano.
Como escreve João Pereira Coutinho:
O embargo americano existe, sem dúvida, e deve ser condenado pelo seu óbvio anacronismo [...]. Mas é preciso acrescentar a segunda parte da frase: só existe o embargo americano. Que o mesmo é dizer: todo mundo que é mundo mantém relações com Cuba e nem assim a ilha se converteu numa espécie de Suécia do Caribe.
Antes de 1959, o problema de Cuba era a presença de relações econômicas com os Estados Unidos.  Depois o problema se tornou a ausência de relações econômicas com os Estados Unidos.
O embargo americano é obsceno, mas não é a raiz da pobreza cubana.  De fato, como indica Coutinho, os cubanos podem comprar produtos americanos pelo México.  Podem comprar carros do Japão, eletrodomésticos da Alemanha, brinquedos da China ou até cosméticos do Brasil.
Por que não compram?  Porque não têm com o que comprar.  Não é um problema contábil ou monetário — o governo cubano emite moeda sem lastro nem vergonha.  O que falta é oferta.  Cuba oferece poucas coisas de valor para o resto do mundo.  Cuba é pobre porque o trabalho dos cubanos não é produtivo.
A má notícia para os comunistas é que produtividade é coisa de empresário capitalista.  Literalmente.  É o capital que deixa o trabalho mais produtivo.  E é pelo empreendedorismo que uma sociedade descobre e realiza o melhor emprego para o capital e o trabalho.
Mesmo quando o governo cubano permite um pouco de empreendedorismo, ele restringe a entrada de capital. Desde que assumiu o poder em 2007, Raúl Castro já fez a concessão de quase 170.000 lotes de terra não cultivada para agricultores privados.  Só que faltam ferramentas e máquinas para trabalhar a terra.  A importação de bens de capital é restrita pelo governo.  Faltam caminhões para transportar alimentos.  Os poucos que existem estão velhos e passam grande parte do tempo sendo consertados.  Em 2009, centenas de toneladas de tomate apodreceram por falta de transporte.
Campanhas internacionais contra a pobreza global se esquecem dos cubanos. Parece que o uniforme dos irmãos Castro tem o poder de camuflar a pobreza em meio a discursos de conquista social.  Dizem que Cuba temmedicina e educação de ponta.  Ainda que fosse verdade, isso seria bom apenas para o pesquisador de ponta.  E triste para o resto da população que vive longe da ponta, sem acesso a informação aberta ou aos medicamentos mais básicos, como analgésicos e antitérmicos.  É como na saudosa União Soviética.  A engenharia era de ponta. Colocava gente no espaço e tanques na avenida.  Só não era capaz de colocar carro nas garagens nem máquina de lavar nas casas.
Cuba vai enriquecer quando a sua população se tornar mais produtiva para trabalhar e mais livre para empreender.  Ou seja, quando houver capitalismo para os cubanos.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

REYNALDO-BH e a tropa de descerebrados que, na web, invade blogs independentes para ofender, provocar e trolar comentaristas não alinhados com o pensamento único lulopetista


"'Soldados da web' do PT, em defesa de Dilma e do lulopetismo, invade blogs independentes para ofender e provocar"
“‘Soldados da web’ do PT, em defesa de Dilma e do lulopetismo, invadem blogs independentes para ofender e provocar”


Post do LeitorHá um movimento nas redes sociais comandado pela tropa de “soldados da web” do PT em defesa de Dilma e do lulopetismo neste ano de eleições. E que invade blogs independentes para ofender, provocar e trolar comentaristas não alinhados com o pensamento único.
Nada disto é novo. Há anos sei o que é isso e como funciona. Assim como o titular deste blog. Reinaldo Azevedo publicou ontem, um post em que explicita este comportamento e cita-o como motivação para não permitir a interação entre quem tem ideias (nós) e quem segue cartilhas e ordens (eles). É verdade. O aviso certamente terá valia para muitos.
Não pensem que estamos, comentaristas, imunes a estas agressões e até ameaças. Não estamos, nem estivemos nestes anos negros.
É uma prática comum aos milicianos de plantão, que usam a rede para tentar pasteurizar a corrupção e a tentativa de implantação de um regime proto-ditatorial. Só discordo da opção de Reinaldo Azevedo. A quem respeito sempre! Não preciso que me “protejam” de ataques e ameaças. Deixem-me escolher o que farei ou como agirei, dentro das regras de cada espaço.
Mas é importante que todos saibamos de mais este desvio de caráter da canalha petista, que paga por opiniões e defesas do indefensável. Não é lenda urbana nem desconfiança. Tem nome, identidade e regras, como se vê nos sites do tal movimento do PT de assalto à internet.
Nada contra usar a web. Tudo contra falsificar a opinião e o número de aderentes (modess) a partir de uma trupe paga e dependente de neurônios. É a censura às avessas. Se não se pode (ainda, nos sonhos deles) censurar que ao menos se emporcalhe o espaço de debates.
Alguns colunistas – à exemplo de Reinaldo – não permitem a entrada dos ratos nos ambientes. Outros oferecem o espaço em troca de surras de rabo de tatus e abraços de jegue, o que só excita os pretensos invasores em busca do masoquismo que demonstram ter. E outros tentam uma convivência com alguém que tenha um mínimo de respeito pelo espaço democrático que disponibilizam.
2014 é guerra. E não será por uma tropa de descerebrados que vamos abandonar nossa frente de luta. Nem deixar de ridicularizar os filhotes de Dilma.
Sei que o que se aproveita após a eliminação dos palavrões é quase nada. Quando assim acontecer – houver algo a responder – estaremos por aqui. Sempre. Eles são pagos. Nós somos LIVRES.

Argentina congela preços e culpa especuladores: a história se repete há 40 séculos! (RC)


Fonte: Exame
O governo Kirchner anunciacongelamento “voluntário” de preços e culpa especuladores pela crise:
Na tentativa de conter a disparada de preços ocorrida após a maxidesvalorização na semana passada – a cotação do dólar oficial subiu de 6,72 pesos para 8,015, uma perda de 16,15% no peso -, a Casa Rosada anunciou nesta quarta-feira um acordo “voluntário” com empresas do setor de alimentos, insumos industriais, eletrodomésticos e outros produtos incluídos no chamado plano de “Preços Cuidados”, lançado recentemente, que estabelece um mecanismo retroativo para congelar os preços no patamar de 21 de janeiro. O congelamento tem prazo indeterminado e abrange todo o país, não só a área da Grande Buenos Aires.
No caso dos eletrodomésticos, o governo da presidente Cristina Kirchner permitiu reajuste máximo de 7,5%, abaixo dos aumentos de até 30% verificados nos últimos dias. O ministro da Economia, Axel Kicillof, voltou a questionar os comerciantes, e o secretário de Comércio Interior, Augusto Costa, chegou a dizer, em tom irônico, que “cortaria a cabeça de alguns que sobem os preços”.
Aprendemos com a história que muitos não aprendem com a história. A repetição de certos erros chega a assustar. Não há nada de novo sob o sol aqui.
Quando um país se abre para o fluxo internacional de recursos, é impossível controlar tanto a inflação quanto o câmbio. Várias crises recentes aconteceram em países que tentaram isso. Queriam ter e comer o bolo ao mesmo tempo.
No sistema de câmbio flutuante, os ajustes no fluxo de capital ocorrem por meio da taxa de câmbio. Com o câmbio fixo, entretanto, o governo não tem como controlar os juros e a inflação. Tentar fazer isto é como servir a dois mestres simultaneamente, e o resultado é a traição a ambos.
Nada disso é novo. Trocam-se os personagens, mas a trama continua a mesma. Robert Schuettinger e Eamonn Butler escreveram um livro em 1979, chamado Quarenta séculos de controles de preços e salários. Pelo título, já fica claro como esta política é antiga.
Tão velha quanto a Babilônia, para ser mais preciso. O Código de Hamurabi já impunha um rígido sistema de controles de salários e preços. Naturalmente, não funcionou. Os autores resumem:
O registro histórico mostra uma sequência sombriamente uniforme de repetidos fracassos. De fato, não existe um único episódio em que os controles dos preços tenham conseguido deter a inflação ou acabar com a escassez. Em vez de conter a inflação, os controles de preços acrescentam outras complicações à doença da inflação, como o mercado negro e a escassez, que refletem o desperdício e a má alocação de recursos provocada pelos mesmos controles.
A razão para o fracasso é clara: os controles de preços não atacam a verdadeira causa da inflação, que é “o aumento dos meios de pagamento superior ao aumento da produtividade”. O governo argentino insiste no erro. Pretende evitar o aumento da inflação decretando controle de preços e punindo “especuladores”. Não se brinca impunemente com os preços de mercado.
Outro grave problema do controle de preços é que sabemos onde ele começa, mas nunca onde termina. O economista austríaco Ludwig von Mises descreveu a desagradável experiência alemã:
Nos seus esforços para fazer funcionar o sistema de controle de preços, as autoridades ampliaram passo a passo a gama de mercadorias sujeitas ao controle de preços. Um após o outro, os setores de economia passaram a ser centralizados, sendo colocados sob a administração de um comissário do governo.
O controle de determinado preço gera consequências indesejadas, e novos controles são demandados para atacar os novos problemas. Algo como aqueles desenhos animados antigos, em que o personagem tentava conter o vazamento de água tampando um buraco, mas logo apareciam inúmeros outros buracos, levando-o ao desespero.
Seria bem mais inteligente atacar a raiz do problema, a saber, as finanças públicas fora de controle, a taxa de juros abaixo da inflação, o excesso de intervencionismo no mercado, etc. Infelizmente, a Argentina escolhe o caminho da desgraça anunciada. Quem não aprendeu uma lição de 4 mil anos, não aprendeu nada mesmo!

Populismo, keynesianismo e a Argentina no buraco (Adrián Ravie)


BlogAxelKicillofCristinaKirchner.jpgPerante o agora evidente fracasso da política econômica kirchnerista, um modelo populista que vigora na Argentina desde 2003, começam a surgir nos jornais argentinos várias colunas escritas por "especialistas" e por ex-integrantes do atual governo que tentam limpar sua imagem e apontar os responsáveis diretos pelos acontecimentos atuais, que envolvem saques a comércios e residênciasdisparada do dólarqueda acentuada das reservas internacionais,restrições à compra de dólaresinflação de preços em disparada e apagões.
O ex-presidente Eduardo Duhalde, por exemplo, que ficou no cargo de janeiro de 2002 a maio de 2003, vem fazendo elogios ao seu então ministro da economia, Roberto Lavagna, tentando resgatar sua imagem e chegando ao ponto de candidatá-lo como a pessoa com a experiência necessária para resolver a situação atual.  Já o ex-presidente do Banco Central Martin Redrado (setembro de 2004 a janeiro de 2010), e o ex-ministro da economiaMartín Lousteau (dezembro de 2007 a abril de 2008), vêm escrevendo dezenas de artigos nos jornais tentando se desvencilhar de suas ligações com o atual governo, sendo que participaram dele até há poucos anos.
É correto dizer que, desde 2007, Cristina Fernandez de Kirchner pessoalmente se ocupou de aprofundar o atual populismo que nasceu após o fim do regime de conversibilidade em 2002.  No entanto, cada um destes três economistas citados acima tem sua parcela de culpa pela atual situação que nós argentinos estamos vivenciando.
Em primeiro lugar, a saída do regime de conversibilidade foi feita da pior maneira que se poderia conceber.  Eduardo Duhalde acusa o atual governo de improvisação, mas foi ele próprio quem, logo após ter prometido devolver os dólares que os argentinos haviam depositado nos bancos durante a década de 1990, tratou depesificar todas as contas bancárias, convertendo dólares em peso a uma taxa de câmbio extremamente desvalorizada, sendo assim o responsável pelo maior confisco da renda do povo argentino nas últimas décadas.  (Leia os detalhes completos neste artigo).
Em segundo lugar, é preciso deixar claro que o abandono do regime de conversibilidade e a subsequente desvalorização cambial feita por Duhalde em 2002, algo que hoje ele diz ter sido a medida que gerou a "década do crescimento" da economia argentina, foi na realidade o começo de outra "década perdida".  É verdade que, entre 1998 e 2001, ainda sob o regime de conversibilidade, a economia argentina estava em recessão e com alto desemprego; mas a súbita e acentuada desvalorização cambial ocorrida em 2002 transformou essa pequena recessão em uma profunda depressão, a qual fez o PIB despencar mais de 10% em 2002, além de destruir completamente o estado de direito do país. (Ver relato completo e em detalhes neste artigo.)
A partir de 2003 a economia começou a se recuperar, mas foi só em 2008 que o PIB real da Argentina voltou ao mesmo nível que já havia alcançado em 1998.  Enquanto Chile e Brasil aproveitaram a década de 2000 — que foi a década mais afortunada para a América Latina em mais de um século, no que se refere ao contexto internacional — para vivenciar um processo de acelerado crescimento, a Argentina teve primeiro de retroceder para só então se aproveitar desta bonança e recuperar o que havia perdido.  Em outras palavras, entre 1998 e 2008, a Argentina não cresceu; apenas recuperou o que havia perdido após a desastrosa desvalorização de sua moeda.
Vale ressaltar que, em 1999, havia outra opção, que era dolarização, a qual foi completamente ignorada.  Caso houvesse implantando essa medida, a Argentina poderia ser hoje a primeira economia latino-americana a apresentar um PIB per capita de nível europeu.
Voltando aos três personagens atuais, Roberto Lavagna assumiu o cargo de ministro da economia durante a presidência interina de Eduardo Duhalde em abril de 2002, foi ratificado no posto pelo presidente eleito Néstor Kirchner em 2003, e acabou sendo destituído do cargo em 2005 por causa de divergências internas.  Ele se destaca por ter liderado o processo de recuperação da economia argentina, mas vale ressaltar que foi durante sua gestão que também se iniciou o modelo econômico atual, caracterizado por um aumento acelerado dosgastos públicos e dos impostos.  Com Lavagna no ministério da economia, a carga tributária subiu de 24% do PIB para 30%.
Ter sido substituído por Felisa Miceli, uma intervencionista radical, em novembro de 2005 claramente não melhorou em nada a situação.  É válido dizer que, desde essa data até sua morte em outubro de 2010, Néstor Kirchner foi o verdadeiro ministro da economia, inclusive após a chegada de Cristina Kirchner ao poder, em dezembro de 2007. 
A nomeação do jovem Martín Lousteau para o ministério da economia, também em dezembro de 2007, estava em linha com o desejo de Néstor.  A margem de decisão de Lousteau era muito restrita, e ainda assim ele cometeu o incompreensível erro de tentar aumentar ainda mais a carga tributária, que nesta época já era de 36% do PIB.  Os argentinos bem se lembram de sua proposta de aumentar as retenções das exportações de soja para um valor acima dos já excessivos 35%, algo que só não ocorreu por causa de um veto do vice-presidente.  Após várias desavenças internas, Lousteau saiu do governo em abril de 2008 e, desde então, se tornou um crítico do modelo.
Já o caso de Martín Redrado é um pouco mais complexo já que ele foi presidente do Banco Central entre setembro de 2004 e janeiro de 2010.  Durante sua gestão, ele jamais reconheceu a inflação de preços real, uma vez que esta era frequentemente o dobro — e, às vezes, o triplo — da inflação de preços oficial declarada pela instituição que ele presidia.  De 2007 até sua renúncia, a inflação real só ficou abaixo de 20% ao ano em 2009, ano da recessão global, da qual a Argentina também não escapou.  Redrado jamais exigiu a independência do Banco Central e jamais se negou a imprimir dinheiro para financiar os descontrolados gastos do Executivo.  Até que o oficialismo decidiu afastá-lo do governo.
Nesta seleção arbitrária de personagens responsáveis pela débâcle que nós argentinos estamos vivenciando, chegou a hora de analisarmos o atual e pitoresco ministro da economia, Axel Kicillof.
kicillof_6.jpgO estilo Kicillof
Doutor em economia pela Universidad Nacional de Buenos Aires, Kicillof (que foi meu professor) e sua equipe econômica tomaram posse em novembro de 2013 em umespetáculo constrangedor.  Profundo estudioso de Karl Marx, Kicillof se doutorou em economia tendo como tese um estudo dos fundamentos da Teoria Geral de John Maynard Keynes.
O pensamento de Kicillof, portanto, se encontra entre Marx e Keynes, um conflito interno que não deve ser fácil de ser resolvido.  Seu pensamento é apresentado utilizando termos marxistas — algo que se nota claramente quando ele fala —, mas ele também sabe moderar seu discurso recorrendo a Keynes, cuja obra parece conhecer de cor.  Para Kicillof, o socialismo seria o arranjo desejável, embora entenda que uma transição para esse sistema é inviável no mundo moderno.  O advento do socialismo será, quem sabe, uma etapa mais avançada do capitalismo, mas não é algo que caberá a ele acelerar em seu novo cargo.  Suas propostas políticas são mais keynesianas do que marxistas.
Kicillof rejeita a ideia generalizada de que a Argentina se beneficiou, ao longo dos últimos dez anos, de um contexto internacional favorável.  Para Kicillof, não houve e nem haverá ventos favoráveis, e sim apenas ventos contrários, os quais teriam destruído a economia argentina não fossem as "exitosas" políticas protecionistas que o país implementou ao longo destes últimos dez anos.  Ele parece ignorar que foram justamente as políticas de expansão do crédito orquestradas pelo Federal Reserve e pelo Banco Central Europeu que injetaram liquidez no mercado e, consequentemente, elevaram substancialmente os preços das commodities — como trigo, soja e petróleo —, algo que claramente beneficiou tanto a América do Sul quanto a Argentina.
Kicillof compartilha da ideia de Robert Skidelsky — o principal biógrafo de John Maynard Keynes — de que este é o momento ideal para o "retorno do maestro".  Kicillof recorre a Keynes para justificar uma série de medidas que devem ser implementadas para corrigir o capitalismo e regulá-lo, uma vez que, sem estas medidas, o mercado irá inevitavelmente nos levar a sucessivas crises.
Em sua tese de doutoramento, ele explica em detalhes como uma política anticíclica keynesiana deve ser usada para enfrentar uma situação de recessão: a demanda agregada deve ser impulsionada com políticas monetárias e fiscais expansionistas.  Ou seja, deve haver mais gasto público — sem se importar que ele seja deficitário — e mais expansão do crédito por meio de taxas de juros baixas e até mesmo negativas (em termos reais), o que impulsionaria ao mesmo tempo o consumo e o investimento.  Até o momento, no entanto, esta receita de Kicillof logrou apenas desvalorizar ainda mais a moeda e piorar o já acentuado desequilíbrio fiscal, justamente a fonte de todos os problemas da Argentina nas últimas décadas, e fonte do atual e real problema da inflação de preços que atormenta o país.
É de se imaginar que, além das já implantadas medidas que aumentaram o controle estatal sobre a economia (como as restrições à compra de dólares e o confisco da Repsol), novas expropriações e estatizações também estejam em seus planos, principalmente quando levamos em conta seu expresso desejo de "reverter os anos 1990".
Algo que Marx e Keynes tinham em comum, além da desconfiança em relação ao mercado, era seu desapreço pela função empresarial.  Tanto em suas aulas quanto em seus discursos atuais, Kicillof deixa transparecer de forma cristalina seu ódio aos donos do capital.  Ele enxerga os lucros das empresas como sendo uma indevida apropriação da mais-valia por parte do capitalista, sendo a "mais-valia" o valor monetário que o trabalhador assalariado cria acima do salário que recebe.  Essa injustiça social justifica — em sua visão — qualquer ação do governo que vise a expropriar ou tomar medidas para limitar aquilo que para ele é basicamente um roubo.
Kicillof entende o comércio como sendo um jogo de soma zero, no qual uns ganham (os empresários) e outros perdem (assalariados e consumidores).  Tal raciocínio faz com que ele tenha uma enorme satisfação em tomar medidas que reduzam os lucros empresariais, que imponham estratégias de investimento ou que proíbam a remessa de lucros para o exterior.  Seu discurso na ocasião da expropriação da Repsol-YPF foi justamente neste sentido.  Ele parecia ignorar o fato de que o maior problema vivenciado pela Repsol-YPF foram as pesadas regulamentações sobre a empresa, as quais reduziram sua margem de lucro e, consequentemente, impediram novos investimentos na Argentina e estimularam mais investimentos no exterior.
Kicillof, assim como a maioria dos burocratas governamentais, sofre da arrogância fatal de acreditar que sabe melhor do que todos os empresários argentinos como e onde devem ser feitos os investimentos, e quais são os reais interesses coletivos do país.  Em suma, para Kicillof, os interesses de um coletivo imaginário estão acima dos interesses individuais, de modo que, se for necessário sacrificar várias empresas para dar sustentação ao seu modelo econômico, ele não hesitará em fazê-lo.
O mesmo, aliás, pode ser dito sobre seu programa de controle cambial.  Se for necessário encarecer ainda mais o turismo de argentinos no exterior, ele não terá nenhum problema em fazer isso.  No que mais, confiscar dólares e proibir seu uso no exterior é uma função social que está muito acima das liberdades individuais.
Ironicamente, este atual modelo populista e inflacionário é chamado por Kicillof de "inclusão social".
As quatro etapas do populismo
O roteiro deste tango argentino é convencional: na primeira etapa de um programa populista, sempre se observa um suposto êxito do modelo, principalmente quando a economia parte de uma situação deteriorada em termos de PIB e emprego.  Por isso, entre 2003 e 2007, o modelo populista mostrou uma recuperação da atividade econômica, do emprego e dos salários reais.  Consequentemente, a continuidade do kirchnerismo era óbvia. 
No entanto, já naquela época, não eram poucos os economistas liberais alertando que tal etapa aparentemente exitosa era insustentável, que o gasto público estava saindo de controle, e que as tendências mostravam que nem os preços crescentes da soja e nem suas crescentes retenções poderiam sustentar a bonança.
Com o tempo, os dados começaram a mostrar que não apenas a carga tributária não parava de crescer, como também já estava se tornando corriqueira a monetização dos déficits orçamentários do governo.  O surgimento de desequilíbrios fiscais, monetários e cambiais, bem como de uma resiliente inflação de preços, caracteriza exatamente a segunda etapa do populismo.  Preocupados com este arranjo, estes economistas intensificaram seus alertas, mas foram sumariamente ignorados. 
A terceira etapa do populismo é justamente a atual, em que estes desequilíbrios básicos se ampliam e se tornam evidentes para toda a população na forma de uma acentuada inflação de preços, o que leva o governo a maquiar estatísticas e a impor o congelamento de vários preços, o que por sua vez gera desabastecimento e escassez de vários produtos.  Quanto mais a economia se desarruma, mais intensas e desesperadas se tornam as medidas do governo para tentar ocultar esta realidade.
A quarta e última etapa, que ainda está por vir, é a etapa do "ajuste", uma etapa da qual ninguém quer falar, mas que dificilmente poderá ser evitada.  O ajuste normalmente é composto por liberação de preços e sua subsequente disparada, ajuste monetário e fiscal, recessão, desemprego, queda do salário real e aumento da pobreza.  Aqueles que negam a necessidade deste ajuste devem explicar como é possível sustentar este atual arranjo por um longo período de tempo.
Conclusão
Uma medida relativamente simples e que ajudaria a corrigir estes três desequilíbrios (fiscal, monetário e cambial), além de minimizar os efeitos do ajuste, seria a dolarização da economia, cujo plano está explicado em detalhes aqui.  Porém, lamentavelmente, nem a oposição e nem mesmo aqueles economistas que identificaram corretamente os problemas parecem saber o que defender. 

Agentes estatais gayzistas: a nova aberração imposta pelo PT( JULIO SEVERO)


Pelo visto, o governo que condecorou Luiz Mott quer formar mais motts no Brasil. Mais defensores da pedofilia. Mais ativistas gays alisando estátuas de bebês pelados, babando para tocar em carne fresca.

Se você quer saber como está sendo usado o dinheiro que lhe é extraído através de impostos, não caia da cadeira: o governo federal, juntamente com o governo do estado do Rio de Janeiro, está oferecendo 100 vagas para formar líderes em ativismo homossexual.
A Fundação CEPERJ, que é ligada ao governo do estado do Rio de Janeiro, em parceria firmada com o Ministério da Saúde, está selecionando, até 20 de fevereiro de 2014, candidatados homossexuais de todo o Brasil para receberem treinamento, com todas as despesas pagas pelo governo, para fazerem exatamente o que Jean Wyllys e Luiz Mott fazem.
Jean Wyllys é o ativista gay “exemplar” que recentemente mentiu sobre a morte do jovem homossexual Kaique Augusto Batista dos Santos, que se matou depois de ser rejeitado pelo amante. Mas Wyllys, que não perde a oportunidade de mostrar suas loucuras, inventou que o homossexual foi assassinado em crime de “homofobia,” culpando Silas Malafaia, Marco Feliciano, a bancada evangélica e todas as igrejas cristãs do Brasil.
Ao que parece, o governo está interessado em multiplicar os modelos "Wyllys" em escala industrial, de modo que veremos nos próximos anos mais ativistas gays enlouquecidos culpando os cristãos por todas as desventuras que homossexuais sofrem por sua falta de juízo e decisões pessoais irresponsáveis.
É o Estado laico trabalhando religiosamente para levantar uma nova geração de "Wyllys" no Brasil.
Luiz Mott é outro modelo “exemplar” para a formação de líderes homossexuais. Afinal, ele é considerado o pai do moderno movimento gay do Brasil, tendo até sido condecorado pelo governo federal. Mas condecorado pelo quê? Por ter promovido um museu erótico enquanto alisava a estátua de um bebê nu? Por ter sido acusado de defender a pedofilia?
Luiz Mott com estátua de bebê nu

Pelo visto, o governo que o condecorou quer formar mais motts no Brasil. Mais defensores da pedofilia. Mais ativistas gays alisando estátuas de bebês pelados, babando para tocar em carne fresca.
É o Estado laico trabalhando religiosamente para levantar uma nova geração de motts no Brasil.
Mas o governo brasileiro não está sendo um pingo inovador e pioneiro em seu aventura de treinar novos wyllys e motts. O governo americano passou na frente. No ano passado, o governo de Obama incumbiu a USAID de treinar um exército de militantes gays internacionais de pressão política, social e legal para fazerem campanhas em favor do “casamento” de mesmo sexo, leis anti-discriminação e “direitos” homossexuais no mundo inteiro.
A meta, uma porta-voz da USAID disse, é ensinar os homossexuais como se infiltrar no sistema político e defender leis que a maioria dos americanos, que estão pagando as despesas desse programa, não aceitam. “Esse programa poderá ser um poderoso instrumento de transformações para avançar os direitos humanos LGBT,” insistiu ela.
O governo brasileiro, supostamente governado por socialistas anti-imperialismo americano, conseguiu mais uma vez imitar… o imperialismo cultural dos EUA!
Aguarde. Nos próximos anos, haverá mais 50 wyllys falando bobagens e mentiras e mais 50 motts defendendo museus eróticos alisando estátuas de bebês nus — por causa do treinamento estatal pago pelo dinheiro que você está dando agora ao governo.

A Gestapo do PT e o pau de arara virtual (FÉLIX MAIER)


livrotumajrO livro aborda em detalhe a estratégia petista de alcançar o poder totalitário, desde que Lula, “o ganso que virou pavão”, se tornou presidente da República.

O livro recém-lançado de Romeu Tuma Jr., 'Assassinato de Reputações – Um crime de Estado', em depoimento ao jornalista Cláudio Tognolli (Topbooks, Rio de Janeiro, 2013), tornou-se um dos mais vendidos do Brasil. É um livro-bomba. E a bomba só não explodiu ainda porque o Brasil é uma republiqueta bananeira, com sede política em Havana e filiais em Brasília, Caracas e Buenos Aires.
Os fatos escabrosos narrados no livro, que ainda não acabei de ler, não me causaram nenhum tipo de surpresa, porque há muito tempo eu tenho a exata noção do que seja o PT e seu projeto totalitário fascista em implantação no Brasil. O que causa surpresa é o estrondoso silêncio ouvido na mídia e entre os políticos – com a honrosa exceção da revista Veja. Como não saiu nada no Jornal Nacional, nem no Fantástico, é como se o livro não existisse e ponto final. Já que o livro não existe – embora esteja em segundo lugar entre os mais vendidos da lista de Veja -, nada se fala do seu conteúdo. Lula, envolvido direto nas denúncias de Tuma Jr., sempre tão loquaz, ficou mudo quando surgiu o escândalo“Rosegate” e agora anda ainda mais mudo, surdo e cego, dentro do princípio maroto “não sei de nada”.
Muitas pessoas não conseguem encontrar o livro nas livrarias. A desculpa é sempre a mesma: “está esgotado”. Muitos suspeitam que petistas estão comprando o livro em grande número para destruí-lo.
Foi uma bênção Tuma Jr. ter sido alçado a Secretário Nacional da Justiça. Só assim tomamos conhecimento dos crimes cometidos pelo PT e aliados, onde o Mensalão foi o menor deles. Já Tuma pai cometeu um erro grosseiro, ao mudar de partido, passando para a “base alugada” do PT. Delegado íntegro e de longa vivência no meio político e na Segurança Pública, Tuma deveria conhecer melhor o verdadeiro PT, não aquele candidamente apresentado a ele pelo “Barba”.
Pelo livro, sabemos que Lula nunca foi de fato um preso do DOPS, mas um hóspede com muitas regalias. Mais: Lula foi um importante colaborador (“ganso”) do DOPS, em São Paulo, e tinha o codinome de “Barba”. O “alcaguete e aprendiz do DOPS” tinha estreita ligação com o delegado Romeu Tuma e repassava importantes dados sobre passeatas, greves etc., de modo que o governo militar se antecipasse aos fatos e tomasse providências no sentido de garantir a segurança pública e evitar depredações. Nesse sentido, Lula foi útil ao governo militar. Todavia, o “Barba” também se valia de sua liderança no meio sindical para, em conluio com os patrões da indústria automobilística, aumentar o preço dos veículos. A desculpa marota era sempre a mesma: aumento do salário dos metalúrgicos. (O que não foi a redução do IPI dos carros, quando o “Barba” se tornou presidente, senão uma autêntica malandragem, que atendia tanto aos metalúrgicos, que mantiveram os empregos e aumentaram seus salários, quanto aos donos das montadoras, que nunca lucraram tanto na vida?)
O livro aborda em detalhe a estratégia petista de alcançar o poder totalitário, desde que Lula, “o ganso que virou pavão”, se tornou presidente da República. Jornalistas amestrados (a “língua alugada” de que fala Tuma Jr.) também se prestam a esse objetivo: Lula e o PT são mestres em usar a imprensa e o dito jornalismo investigativo como peças de contrainteligência e de condenação avant la lettre: a imprensa acaba sendo levada a fazer o papel de um tribunal de condenação que precede toda a segurança jurídica” (pág. 23). “O jornalista publica o que recebe, e tal notícia acaba sendo anexada a um inquérito como verdadeira. Ou vira a peça inicial do inquérito. Tem mais: quando a reportagem de um jornalista é agregada ao inquérito com informações que você mesmo plantou, emprega-se outro truque: ao anexar o texto da reportagem nesse inquérito, você o ‘vitamina’ com altas doses de mentiras. Ninguém vai checar se a reportagem que gerou o inquérito continha ou não essas informações. O truque é muito simples. Coloque pitadas de mentiras ainda mais mentirosas na reprodução, no corpo do inquérito, do que aquilo que foi publicado pelo jornal” (pág. 24-25).
Com as redes sociais, a “falconaria” petista se esmera em assassinar reputações, tanto de revistas, quanto de pessoas: “As redes sociais transformaram-se num instrumento poderoso para a guerrilha virtual na qual o PT tem sido imbatível, pois há muito tempo seus seguidores aprenderam a lidar com essa poderosa arma” (pág. 139).
O livro aborda também temas bombásticos, como o caso ainda insepulto de Celso Daniel (torturado no corpo com cano de arma quente, antes de levar 15 tiros), a Operação Satiagraha, o dossiê Alstom (desde 2008 o PT queria vazar os dados e usou o CADE para isso em 2013, para atingir governos tucanos), o dossiê Ruth Cardoso, o Rosegate, o grampo ilegal contra ministros do STF. O último capítulo aborda em detalhes a Operação Trovão, que tinha como alvo fritar Tuma Jr, Secretário Nacional de Justiça, envolvendo-o com um chinês acusado de ser um mafioso, Paulo Lee, quando na verdade Tuma Jr. tinha em mente promover uma anistia, de modo que estrangeiros conseguissem a naturalidade brasileira, dentro da lei. Segundo Tuma Jr., Lula o usou como fraldão geriátrico, totalmente descartável, e foi essa covardia que resultou no agravamento da saúde de Tuma pai e sua consequente morte:
Nunca me calei, sempre mandei apurar. Até que chegou a minha vez. Gilberto Carvalho, braço direito de Lula, e ainda de Dilma, tentou negociar o meu silêncio sobre os trambiques e sinecuras que testemunhei, sobre tudo o que sei, como ninguém, a respeito da morte de Celso Daniel, em troca de uma cerveja, você verá. Não aceitei. Veio o refluxo. Fui levianamente acusado e covardemente frito. A história que se segue é a história da tentativa de assassinato da minha reputação. Que, a bem da verdade, como uma estratégia das organizações criminosas, se consumou em boa parte e medida. Além de tirar a vida do meu querido e amado pai, tais estrategos do lulismo atingiram em cheio as outras duas coisas que mais prezo, e que valem muito mais que minha vida: a minha família e a minha honra” (pág. 25). “Eu havia sido frito e defenestrado pela mídia depois que o governo Lula resolvera divulgar uma velha e falsa notícia – a de que eu teria favorecido um suposto contrabandista oriental, que sequer foi denunciado por isso. E mais: que eu era amigo do chefe de uma ‘máfia’ que jamais disseram qual era, quem integrava, quais suas atividades. Tudo para atingir a reeleição de meu pai e inviabilizar minha permanência no seu governo, combatendo a corrupção e o crime organizado, que, como o tempo mostrou, nele se instalaram confortavelmente. De resto, eis aí os motivos que levaram meu pai à UTI”(pág. 30).
O PT, desde sempre, se valeu de métodos clandestinos para bisbilhotar e fabricar dossiês falsos contra adversários políticos, principalmente em época de eleição. Foi assim no caso dos “aloprados” - um maroto eufemismo lulano. Foi assim para derrubar Collor de Mello na tal “campanha pela ética”. Foi assim na “CPI dos Anões do Congresso”, quando o senador Esperidião Amin chamou os arapongas petistas de PTPol, a Polícia do PT. Amin estranhava a desenvoltura com que José Dirceu apresentava documentos que só um espião poderia fazer - aliás, José “Daniel” Dirceu, então presidente do PT, é especialista em Informações, Contrainformação, Estratégia e Segurança Militar, com treinamento em Cuba, e fez parte do MOLIPO, grupo terrorista criado pelo Serviço Secreto cubano.
O que me chamou a atenção foi o modus operandi da Polícia Federal, no tocante à indústria de dossiês, à disseminação desbragada de grampos e o uso também ilegal dos Procedimentos Criminais Diversos (PCD) e dos Relatórios de Inteligência (Relints), utilizando-os como peças do processo judiciário. É sobre esse grave assunto que pretendo focar. Assim, faço a seguir algumas transcrições do livro, para que os leitores tirem suas conclusões.
Escreve Tuma Jr.:

“80%, para ser bem favorável a eles, são casos que nascem de “grampos” ou de compartilhamento de relatórios produzidos em inquéritos ou nos anômalos PCDs – Procedimentos Criminais Diversos – iniciados com as tais escutas que a lei diz que só devem ser realizadas em último caso, ou quando não houver outro meio de prova. Mas eu pergunto: quando se escolhe um alvo para se investigar, e não um crime, como usar outro tipo de diligência que não o ‘grampo’ ”? (pág. 72)
“As operações da PF aumentaram quinze vezes durante o governo Lula. Pularam, por exemplo, de 16 em 2003 para 143 até agosto de 2009. De 2003 para 2010, o número de funcionários da PF saltou de 9.231 para 14.575, um crescimento de 58%” (pág. 73).
“Sob Lula, a PF teve tantas e tamanhas operações porque a lógica foi invertida: ela estipulava primeiro o ‘alvo’ e depois passava a gerar supostas informações sobre ele. Sempre com dossiês ou grampos. Só o vocábulo ‘alvo’, em si, já induz que ninguém mira em algo para errar. Sob Lula, tivemos, industriosamente, a juntada de relatórios do bunker da PF em inquéritos, e pior: sem qualquer compromisso cronológico com a realidade dos fatos. Aí, antes de qualquer coisa, você vaza na imprensa esses relatórios, e condena o acusado no tribunal em que os sites de pesquisa se transformaram. Sob Lula, passa-se a investigar alvos, não crimes, e cria-se uma polícia de estado totalitário” (pág. 74).
“Não é para menos que Márcio Thomaz Bastos me sugeria, antes mesmo que eu assumisse, a ideia de se criar a Super Secretaria Nacional de Justiça, absorvendo a Senad, o Coaf, o Arquivo Nacional e, a depender das condições políticas, até a Abin, além de criar o documento único de identidade sob o nome de Registro de Identidade Civil – RIC. Eu não viabilizei as mudanças porque temia a aglomeração e concentração demasiada e absoluta de poder num mesmo órgão. Parece até que eu já pressentia os riscos e acontecimentos futuros” (pág 74).
“Ademais, no meu ponto de vista, alguns deles funcionavam adequadamente e na estrutura correta, e a ideia do RIC, que eu recusei, acabou indo para a PF: CPF, RG, CNPJ, carteira nacional de habilitação, título de eleitor, tudo num número só, num só documento, num único arquivo ou banco de dados” (pág 75).
O Exército Brasileiro está fazendo uma nova identidade para seus militares da ativa, em formato de cartão, onde irá constar o RG, CPF, CNH, título de eleitor, PASEP, tipagem sanguínea, dados do registro de casamento. O banco de dados terá também as digitais eletrônicas dos dedos das mãos dos militares. Esses dados, inclusive a digital do polegar direito, na verdade já constam na identidade tradicional - com espaço do RIC em branco. Bom para os usuários, ótimo para a bisbilhotagem do PT. Se dados pessoais de militares da ativa do Exército, como identidade, CPF, Banco e conta-corrente onde recebem seus vencimentos vazaram recentemente na Internet, por que esses dados do RIC verde-oliva não iriam parar no Data Center da PF para utilização da Gestapo petista?
“Serviços secretos, de inteligência, ou mesmo polícias mundialmente famosas não usam nem nunca usaram os métodos da PF de fazer IP (Inquérito Policial) ou procedimentos similares no setor de inteligência. Cito como exemplos: o FSB (Serviço de Inteligência Russo), a antiga KGB da ex-União Soviética, a CIA americana, o Mossad israelense, e o Serviço de Inteligência Britânico MI5; ou ainda a Direção de Inteligência Militar (DIM) e os Serviços de Inteligência Bolivariana (Sebin), antiga Direção de Serviços de Inteligência e Prevenção (DISIP), da Venezuela. É possível que somente a temida Gestapo tenha se aproximado dessa atuação, mas sem as mesmas tecnologias de hoje. Enfim, uma vergonhosa invenção brasileira, um produto que sequer a ditadura concebeu” (pág. 82).
“Essa DIP, Divisão de Inteligência Policial, é um bunker, onde se coleciona uma série de informes, informações, relatórios e dossiês contra o ‘mundo’ sem que seja dada a necessária e correta difusão. A Polícia Federal usa isso como um bunker, acessado no momento em que interessa atacar ou promover uma investigação contra um novo ‘alvo’, da polícia ou do governo. Fala-se tanto nos tempos da ditadura, em seus arquivos, mas isso ocorre nas barbas desse governo; pior: com sua condescendência, e ninguém toma qualquer providência” (pág 82-83).
“Vejamos o caso do ex-senador Demóstenes Torres. Eles arquivaram um relatório de inteligência feito contra ele e que datava de 2006. Por que não fizeram nada na época? Porque não interessava. O tal relatório ficou cozinhando nas gavetas do bunker. No momento político oportuno, tais papéis saíram do forno para atingir Demóstenes, figadal adversário do governo petista. Tudo isso porque o governo estava operando para Demóstenes migrar para a base petista aliada. E quando definitivamente ele não foi, chegou a hora de o galo cantar; e o relatório de inteligência veio, altissonante, à luz do dia e para toda a mídia” (pág. 85).
“O uso absurdo e excessivo do Auto de Investigação Preliminar – AIP, que, como o Procedimento Criminal Diverso – PCD, não sofre qualquer correição, controle interno e externo, é outra aberração. Esse tipo de procedimento não tem respaldo na legislação penal. Quando a polícia quer ou tem que investigar algum fato típico, o faz no bojo de um inquérito policial, nos termos do Código de Processo Penal. Esse procedimento, uma vez instaurado, não pode ser arquivado sem ordem judicial. Esses PCDs ou AIPs, ao contrário, são procedimentos anômalos que podem se prestar a uma série de arbitrariedades e desmandos de toda ordem. Podem, inclusive, servir como um instrumento muito eficiente para corrupção, na medida em que não sofrem qualquer controle e não possuem qualquer registro. Quem manda começar pode mandar encerrar” (pág. 87).
Uma prática comum nos vazamentos da PF é apresentar apenas a decupagem (resumo) das gravações, escolhida a dedo, e não a degravação (íntegra). Publicado o grampo ilegal na imprensa, é a senha para o início de processo criminal. O “indiciado” passa a ser automaticamente condenado pelo “STG – Supremo Tribunal do Google”, com a exposição de seu nome no site da PF. Segundo Tuma Jr., são operações sistemáticas de desinformação e contrainteligência realizadas pela Gestapo tupiniquim, de modo a destruir o “inimigo”. Como se sabe, o PT trata os adversários políticos como inimigos do Estado, que devem ser eliminados.
“Essa técnica de gravar, editar e vazar, sobejamente usada, é uma nova modalidade de violação dos direitos e garantias fundamentais em forma de tortura psíquico-física. Trata-se do moderno ‘pau de arara’ virtual, um legado desse governo” (pág. 93).
“A DIP, Divisão de Inteligência Policial, e o SIP, Serviço de Inteligência Policial, são áreas reservadas e secretas. Ali nem o Ministério Público entra, nem o próprio pessoal da PF que não for dali entra! Eles não têm cartório; você não pode consultar os registros dos inquéritos porque são inquéritos ‘fantasmas’. O golpe tem vagos fundamentos no direito e nenhum deles na democracia, porque, quando registram o inquérito, fazemno de forma errada, para nos confundir. Vai descrito como um crime para ser apurado na ‘delegacia de Crimes contra a Previdência Social’, mas é possível mandá-lo pra outro lugar, sem declarar. Na DIP ninguém pode entrar, o cara vem te receber na porta. É um órgão que não sofre correição, ninguém vai lá, nem o Ministério Público faz correição lá. Não tem controle externo nem interno. É o diabo à solta. Os advogados estão ferrados, meu caro. Se chegam lá, não têm acesso, não entram na sala, ficam de fora. Eles mandam algum meirinho, ou esbirro, que fala para o advogado: ‘Olha, doutor, aqui não tem inquérito’. O advogado só conseguirá achar o inquérito depois de um mês, na delegacia errada” (pág. 98-99).
“Os relatórios de inteligência de hoje são 99,99% feitos de decupagem, que não é transcrição mas dedução de conversa gravada em telefone. Pior: eles são feitos por agentes, escrivães ou papiloscopistas policiais, contrariando frontalmente a lei, porque não é atribuição desse pessoal da Polícia Federal. O único que tem atribuição para produzir documento de inteligência é o delegado de polícia, conforme o decreto do Ministério do Planejamento que nós temos aqui. Se for produzido por agente, escrivão ou papiloscopista, é ilegal” (pág. 105).
Sobre os veículos aéreos não tripulados (VANT), hoje mais conhecidos como drones, adquiridos para vigiar nossas fronteiras, escreve Tuma Jr. “Descobri que o projeto verdadeiro era outro... Esse avião consegue voar sem ser notado, por exemplo, em cima de Brasília e filmar o que um senador ou ministro do STF está fazendo dentro de casa” (pág. 107).
“Essa é a grande contradição que ninguém explora, esse negócio de transparência que eles continuam pregando, Lei de Acesso à Informação etc. Eles querem dar acesso à informação aos arquivos da ditadura, que são arquivos porque nunca foram usados em processos. Existem relatórios de inteligência para subsidiar a decisão dessas autoridades superiores. Na ditadura servia para isso. Na democracia, esses relatórios de inteligência servem para prejudicar os outros, para usar como peça de polícia judiciária. Em vez da questão de depoimento judicial, se usa isso como peça de inteligência e arquiva-se o relatório. A própria Polícia Federal agora está usando documento de 2004 contra a amiga do Lula, a Rosemary Póvoa Noronha. Por que ela não foi investigada em 2004? Por que não botou para frente isso? Houve chantagem? Eles prevaricaram na época? Não, era um documento de inteligência e está sendo usado agora como documento de polícia judiciária, um supercrime!” (pág. 107).
“A pergunta que eu faço é: o que era mais importante para o Estadão noticiar? A foto do ‘chefe da máfia’, um chinês, com o secretário nacional de Justiça na China, ou entregando um presente para o presidente Lula numa sala reservada do Ministério da Justiça? Eu respondo: é óbvio que, se não fosse armação do governo com o jornal, se o indivíduo fosse mesmo um mafioso, o Lula estaria na capa do Estadão e não eu. Era só uma questão de raciocínio, mas os demais veículos da mídia preferiram entrar no barulho da ‘Trovão’; não se ligaram que ali também foram uma espécie de ‘fralda’ para o Planalto e para a PF, que, seletivamente, também escolheram as fotos que seriam vazadas” (pág. 115).
“Na PF, o silogismo, para dedução em inteligência, funciona assim: ‘Todo ladrão tem arma em casa; você tem arma em casa; logo, você é ladrão’. Ou ainda, para usar o primeiro exemplo: ‘Todos os homens são mortais; ora, você é mulher; logo, é imortal’ ” (pág. 130).
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Na pág. 151, Tuma Jr. escreve: “Relato tais atrocidades com a profissão de fé de quem bota uma mensagem numa garrafa: alguma autoridade vai sacar a rolha, abrirá tudo e lerá”. Será que ainda existe alguma autoridade com aquilo roxo e abra a rolha da garrafa? Ou já está tudo dominado?